O metal progressivo mexicano tem muito a nos dar. Demon Of The Fall (DOTF) é a banda que passou por diferentes fases e está em constante evolução. Hoje, 15 anos após a sua primeira aparição, denotam uma vontade de continuar a inovar e a melhorar a sua própria essência. Com a consolidação de seu novo plantel, o DOTF lança seu novo álbum chamado I Am Not Dead but Dreaming, que levará o black metal sinfônico a outro patamar.
O conceito do álbum está enraizado na literatura dos séculos XIX e XX com referências como Howard Phillip Lovecraft, Edgard Allan Poe, Allan Moore, entre outros. Aquele terror antigo, cósmico e psicológico que com suas penas nos arrepia os cabelos só de pensar em vivenciar algo parecido com o que é descrito em suas histórias. Algo que nos lembra outros conceitos que têm o terror como eixo principal como o grande The Raven That Refuse To Sing de Steven Wilson ou Ghost Reveries do Opeth.
A banda composta por Vlad Meza na voz e teclado, Chucho Juárez na guitarra e backing vocal, Fernanda Martínez na voz e baixo, Peter Otero na guitarra e voz, e Omar García na bateria e programação, se esforçam para compor este álbum. O trabalho de fazer composições mais complexas, que têm como base o heavy metal progressivo, o tom épico que se afirma nos instrumentos sinfônicos com conotações profundas que aludem a estilos como melodeath e melodic black dos primeiros anos como banda. .
Terror em argila (2:10). Os sons sombrios da outra dimensão começam a se expandir. Como se estivéssemos ambientados no século XIX, com casas vitorianas e muitos quartos, no crawl space (sótão) a história desta obra começa com a descoberta de objetos estranhos.
Sonhos de uma época sem nome (4:07). A bateria de Omar García começa a tocar. As guitarras aparecem com uma distorção poderosa para que a voz de Vlad Meza entre com força e aumentando a entonação para finalizar as palavras, uma segunda voz gutural a acompanha impecavelmente. A guitarra soa perfeitamente e a guitarra solo começa a solo, guiando-nos com sua melodia. Ouvimos também a voz de Fernanda Martínez, a baixista, enquanto o gutural vem do grande Omar García. O que está descrito acima é a interpretação da banda dos pesadelos e da loucura contados por Henry Wilcox em seus escritos descobertos pelo tio-avô do professor Angell.
Ai mundial (a convocação) (3:48). A bateria cria o transe para esta segunda parte. O tom não para de tocar, o baixo de Fernanda começa a acompanhá-lo. Ao fundo, o teclado define a atmosfera sombria. Os sussurros de Vlad começam a nos levar ao delírio pelo qual Wilcox passou. A atmosfera fica densa, o rufar dos tambores continua. Soam cordas de metal, enquanto Vlad e Fernanda cantam com paixão para finalizar com voz aos céus, o violão leva a melodia para finalizar em grande estilo.
O Ritual do Gelo e do Lama (3:22). A guitarra com riff poderoso introduz a quarta parte. Pausa. Um vaivém entre a bateria e o riff de guitarra inicial. A voz gutural está ali, narrando e combinando com a voz melódica. Neste ponto é inevitável pensar em Ghost Reveries do Opeth, um jogo tão delicioso de ouvir. A guitarra melódica flui junto com os vocais. O solo aparece enquanto o riff poderoso continua a se repetir. Um ótimo gutural para encerrar a quarta parte.
A loucura do mar (3:53). A voz rouca de Vlad nos conta sobre a descoberta de nosso personagem. Um ritmo mais lento, melódico e nostálgico. O jogo de ambas as vozes lhe confere corpo e essência, entregando emoção, enquanto a guitarra solo repete as tonalidades com suas cordas mais agudas e a guitarra secundária complementa com os riffs poderosos. É este o ponto da loucura da narrativa? É a pausa entre o mar, o silêncio e o universo? Está tudo frio, canta Fernanda, com voz calma e terna.
A geração das estrelas (2:36). Um sussurro, cordas sinfônicas e bateria poderosa inauguram um gutural sobrenatural. É o despertar de algo que está nas profundezas da escuridão, a morte espreita. O toque sinfônico o diferencia, acompanhado de tambores rápidos e potentes. É o despertar do horror do universo. A atmosfera da música é como se estivéssemos perdidos no mar, com uma forte neblina que não nos permite enxergar mais longe. É uma obra sonora que parece um filme. A intensidade que vem é incrível.
Sobre o horror do universo (4:07). A imagem sombria é inquebrável. Estamos à deriva, enquanto o teclado cria a atmosfera do verso poético da voz de Vlad enquanto os sons de fundo aumentam. As vozes secundárias acompanham como se fosse uma canção de guerra enquanto os tambores marcavam o ritmo. A calma volta, o mar e os violões sem distorções.
Sanctus Volturus (6:14) As cordas do violão soam, enquanto os pratos marcam o ritmo da caixa. As vozes de Vlad e Fernanda se unem para cantar em bela harmonia. Mas da clareza ela se transforma em escuridão. O galope poderoso das guitarras, misturado com uma voz rouca, junto com o teclado que completa a atmosfera. O refrão entre as vozes é uma delícia de ouvir. O baixo toca sozinho, enquanto a bateria marca o tempo. A voz rouca vai devagar mais rápido, o tempo aumenta, todos os instrumentos coesos já tocam, até que chega o clímax com o solo que nos leva a um passeio com redemoinhos. Um ótimo som para uma ótima música.
Nothing More but Flames (4:35) o baixo e a guitarra começam a nos receber para que a bateria entre com uma velocidade bestial, enquanto as notas melódicas se espalham. É incrível ouvir Fernanda fazer os guturais e depois ouvir sua voz mais melódica. Isso nos lembra o black metal mais puro da península escandinava. Velocidade, melodia e guturais, com amor do México.
Death is a Lie (4:36) As notas da guitarra vão sem limite de velocidade e a bateria acompanha. As mudanças vão diminuindo e entra a voz de Fernanda, as segundas vozes são ouvidas ao fundo enquanto Vlad canta ao lado dela. Um jogo de tons que vão dos agudos aos graves em perfeita sincronia.
Sem comentários:
Enviar um comentário