A sonoridade de Daniel Norgren é um mergulho num cenário bucólico, quente, que nos segura e nos eleva até uma superfície apaziguadora.
Daniel Norgren é songwriter sueco que parece assobiar-nos lá do fundo da sua cabana de madeira no meio de uma floresta nórdica. Apesar de já ter editado cinco álbuns, foi com Wooh Dang que o músico, acompanhado pela banda, saiu finalmente do seu casulo solitário e deu os primeiros passos internacionais, apresentando uma tour pelos Estados Unidos e agraciando tudo e todos com a sua presença no Tiny Desk Concert da NPR Music e numa sessão da KEXP, as amplamente reconhecidas plataformas de novos sons. Ninguém ficou indiferente, antes pelo contrário, o novo álbum tem provocado alvoroço entre o público mais atento.
As palavras e música de Norgren estão profundamente comprometidas com a natureza e são o reflexo da bolha que circunscreve o universo do músico, isolado na sua casa em Rude, uma localidade sueca camuflada nos confins da Escandinávia.
Wooh Dang é um ninho que nos envolve num estranho conforto, desconfortável mas terno abraço. Nos primeiros acordes de “Blue Sky Moon” não é de todo claro o que poderemos encontrar se abrirmos a porta. É um misterioso convite que só no final revela o seu encantamento. “The Flow” surge como uma continuação dessa linha delicada e melancólica. Mesmo quando os blues de “Dandelion Time” nos despertam e nos jogam para o meio de uma dança com o espírito da floresta, somos facilmente de novo embalados ao som de “The Power”, de palavras doces e optimistas. A meio da viagem, já estamos rendidos à voz de Norgren, ao piano, à guitarra, ao banjo e à harmónica. Há algo de mágico e bonito na forma como Norgren toca “The Day That’s Just Begun” e na sua simplicidade (” You’re the reason why I am/You’re the reason why I can/ And you’re the day that’s just begun”) que nos mostra que, por vezes, o afecto é tão fácil quanto isto. E nós somos uns privilegiados por finalmente o descobrirmos.
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