O melhor adjectivo que encontramos para Circles é: acolhedor. As 12 músicas que o incorporam têm um fio condutor e quase se sentem como um abraço daqueles bem apertados.
Vou ser honesta. A única coisa que tinha ouvido falar sobre o Mac Miller é que era um rapper que tinha falecido de uma overdose acidental (não são todas?), em 2019. Mais, quando ouvi a notícia que a sua família queria terminar a produção e lançar postumamente um álbum que Malcom estaria a trabalhar, o primeiro pensamento foi “bora capitalismo, fazer dinheiro fácil”. Ainda assim, fiquei curiosa, mais desperta para o fenómeno Mac Miller. Li que Mac era tido pelos seus pares como um tipo correto, trabalhador, honesto, colaborativo, um “all around nice guy”.
O melhor adjectivo que encontro para Circles é: acolhedor. As 12 músicas que o incorporam têm um fio condutor e quase se sentem como um abraço daqueles bem apertados. É hip hop, mellow, chill, lo fi e até pop. Sente-se uma certa paz interior na voz de Mac e nas suas rimas, que, apesar de serem afiadas, não são ansiosas (Everybody: “Because everybody’s gotta live / And everybody’s gonna die / Everybody’s gonna try to have a good, good time”).
“Complicated”, “Blue World” são músicas descomprometidas, diria até que leves (parece um contrassenso), ambas têm letras incisivas, assertivas, um pó de desalento, mas com um batida e uma melodia animada, que lhes dão o tom de esperança e leveza.
“Once a Day”, a última canção, transmite bem a efemeridade das pequenas coisas (“Once a day, I rise / Once a day, I fall asleep with you / Once a day, I try, but I can’t find a single word”), ao mesmo tempo que questiona se não estaremos todos a viver as coisas de forma demasiado intensa (“Everybody keep rushin’ / Why aren’t we taking our time?”).
É, na sua essência, um álbum doce, que nos deixa com sentimentos melancólicos, mas não necessariamente tristes.
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