Dinho, dos Boogarins, entrou no estúdio/covil de Bonifrate, e juntos criaram um trabalho de um psicadelismo denso e hipnotizante
Os Guaxe são dois velhos conhecidos nossos: Pedro Bonifrate, o druida de Paraty; e Dinho, vocalista e guitarrista dos Boogarins. Na verdade, esta fusão estava apenas à espera de acontecer, uma vez que os Boogarins, nomeadamente Benke Ferraz, nunca escondeu a admiração por trabalhos mais antigos de Bonifrate, nomeadamente o psicadelismo pastoral de Os Anões da Villa do Magma.
Não chegou Benke, chegou Dinho, para este primeiro episódio de Guaxe, que é a designação de um pássaro da Mata Atlântica, conhecido pelos seus ninhos fora do comum, por ser difícil de avistar e pelo seu canto muito particular. Neste curto disco, homónimo, o domínio é mais do som de Bonifrate do que o dos Boogarins, que nos últimos discos têm entrado por um caminho mais denso e escuro.
Em Guaxe, o som é construído por camadas e mais camadas, guitarra acústica, cordas sintetizadas, vozes filtradas, programações quebradas, num caleidoscópio psicadélico e labiríntico. Este carácter circular reforça a coerência estética do disco, embora possa cair nalguma repetição, hipnótica por vezes, desorientadora noutras.
Mais um objecto curioso e de personalidade bem vincada, do qual destacamos a melancolia doce e cansada de “Avesso”, o rock eléctrico de “Pupilxs” e o excelente trabalho de corta&cola de estúdio do single “Desafio do Guaxe”.
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