Ao final de 13 discos já é difícil encontrar surpresas nos The Cure, onde procuramos o gótico mas encontramos o pop.
Há os The Cure de rock gótico até Pornography, os The Cure pop a partir de The Head on The Door e depois os The Cure dos anos 2000, um híbrido entre o grande que foram e a ligeira indiferença com que os novos discos são recebidos.
4:13 Dream, de 2008, é um disco que sofre deste efeito. É provavelmente melhor do que metade das novas bandas que surgiram nesse ano (ainda se lembram da Lykke Li, Lindstrom ou Atlas Sound? Todos na lista da Pitchfork dos melhores 50 discos) mas, comparando com aquilo a que os The Cure nos habituaram, não é um disco que marque.
Ao final de 13 álbuns já não há grande surpresa. Robert Smith continua a soar a Robert Smith, as guitarras continuam a soar a The Cure, os primeiros seis minutos e tal de “Underneath The Stars” – ou, mais à frente, “Sirensong” – fazem lembrar os discos dos anos 80 que eternizaram a banda. Temas puramente pop como “The Only One”, “Freakshow” ou “The Perfect Boy” envergonham ligeiramente porque não chegam a ser tão bons como os assumidamente pop “Friday I’m In Love” ou “Boys Don’t Cry”.
“The Hungry Ghost” apresenta-nos uma guitarra interessante, “This. Here and Now. With You” traz-nos as habituais flutuações de voz de Smith e, a fechar, “It’s Over” faz esquecer um pouco as faixas imemoráveis do resto do disco.
Há algumas canções razoáveis neste trabalho. Mas o que se perde aqui é a capacidade que os The Cure sempre tiveram em fazer sobressair grandes canções no meio de álbuns fortes.
Neste 4:13 Dream não há tema que se destaque por aí além e o próprio disco, apesar de interessante, soa a mais do mesmo e para quem ouviu os The Cure góticos soa a ligeira traição: não traz nada de diferente e perde o lado lúgubre, imerso em tristeza, que faz os The Cure uma das bandas preferidas dos adolescentes dos anos 80. Quem melhor que Smith para transpor em palavras e acordes as dores abafadas entre as quatro paredes dos quartos adolescentes de todo o mundo?
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