O mais recente trabalho dos Blood Red Shoes é uma viagem de como um duo à beira do colapso criativo se conseguiu reinventar e inovar no seu quinto álbum, depois de um período de afastamento.
A história por trás do disco é o ponto de partida para Get Tragic. Algures em 2014, depois de uma extenuante tournée, Laura-Mary Carter e Steven Ansell chegaram à conclusão que estavam fartinhos um do outro. Um deles foi para Los Angeles e ambos se dedicaram às drogas recreativas, como manda o livro de regras do rock. Um enorme cliché, é certo, mas a música tem muitos exemplos, mais que conhecidos, de bandas em conflito que o ultrapassaram, ou pelo menos levaram ao brilhantismo musical, como os casos de Fleetwood Mac ou Creedence Clearwater Revival, entre outros.
Parece ser este o caso de Get Tragic, muito mais electrónico que os anteriores, onde os sintetizadores se misturam no som rock já habitual dos Blood Red Shoes de forma bastante homogénea e a lembrar o electro-pop do início do século, que mais tarde ou mais cedo vai ser alvo de revivalismo, quase uma década depois. (Talvez estejamos a assistir a esse início.)
Na primeira faixa, Eye To Eye, o duo confessa: “we don’t see eye to eye” e podemos questionar se este afastamento em 2014 foi mesmo fruto da convivência constante e da pressão de escrever à pressa entre tournées, ou se apenas uma paragem planeada para repensar a banda e as canções. De qualquer das maneiras, ao trabalhar neste Get Tragic com Nick Launay (Arcade Fire, Nick Cave), tanto Carter como Ansell foram incentivados a ir mais longe na estética e na escrita, segundo contam. A isso ajudou também uma queda de Laura-Mary Carter que, ao ter partido um braço foi “obrigada” a experimentar sons com teclados durante a composição deste trabalho. Os riffs de guitarras e a força na bateria continuam bem presentes e ainda assim este disco parece um retomar, quase uma refundação da banda, que pega no melhor do que já ouvimos nos álbuns anteriores, mistura tudo isso e ainda acrescenta condimento.
Soa fresco, moderno e ao mesmo tempo familiar. É um disco fácil de ficar no ouvido e merece ser escutado em repetição, pelo menos dia sim dia não, até fartar. É o nosso conselho.
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