“Ladytron” não é um disco para ouvir todos os dias mas está cheio de uma energia furiosa, difícil de canalizar.
Há uma energia furiosa neste novo disco de Ladytron. É uma banda birraza, com canções difíceis de catalogar, muitos sintetizadores, guitarra, bateria, rock eletrónico e distorção.
Neste disco com o mesmo nome da banda encontramos uma sonoridade que até se pode considerar maligna, como se o fim do mundo estivesse para chegar e esta fosse a sua banda sonora. Esta sensação entranha-se logo na primeira faixa, “Until The Fire”, uma mescla de instrumentos em tom épico.
É o regresso aos álbuns de Ladytron, o sexto disco passados cerca de oito anos, e desde o último disco, “Gravity the Seducer”, o mundo mudou: tornou-se mais agressivo, mais violento, mais ameaçador. E a própria banda mudou. Os vários elementos andaram a vaguear por esse mundo tão diferente e o que resulta disso é esta amálgama de urgência em tom trágico.
“The Island”, por exemplo, vai crescendo na repetição, causando ligeira ansiedade até culminar no anti-clímax – em vez de uma explosão a música extingue-se, em sussurros de “We Are Savages”…
Ao contrário dos discos anteriores, Ladytron brinda-nos aqui com um trabalho mais consistente – quase sempre negro e ansioso (veja-se “The Animals”, que começa cantando “There is no Law, There is no God, There is no harm, There is no love”, ou em “Horroscope”) mas que, talvez devido a tanto tempo de ausência, não traz nada de novo.
As características do quarteto são sempre reconhecíveis, em todas as faixas, com a voz a vir das profundezas, nesse tom tão particular, os ritmos marcados pelo sintetizador e sempre frenéticos. Em “Figurine” reconhecemos bem essa evolução e esse trabalho de recolher os pedaços do mundo que a banda empreendeu ao longo dos últimos oito anos.
Já em “Tomorrow is Another Day” regressa uma ligeira calmia, como uma tempestade se dissipasse – e ficamos a aguardar o que de diferente Ladytron nos pode trazer.
“Ladytron” não é um disco para ouvir todos os dias – nem vai marcar este ano – e ouvi-lo todo de seguida obriga a um exercício de concentração mas podemos retirar algumas faixas interessantes.
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