O Material Tem Sempre Razão, segundo álbum de Joana Espadinha, mostra uma artista apurada nas composições, sem medo de arriscar e abraçar o lado mais dream pop do seu som. É um disco sólido que revela a cantora, sem vergonhas, ao mundo.
Foi com um sorriso nos lábios que escutei pela primeira vez “Leva-me a Dançar”, primeiro single deste novo álbum. Avesso, primeiro trabalho da cantora, não é um estonteante e inovador lançamento mas havia ali alguma coisa na voz de Espadinha que chamava a atenção. Uns anos depois aparece assim o primeiro single de um novo trabalho e ainda por cima em português. Mas desta vez com tudo no sítio certo.
Joana Espadinha tem créditos de sobra no mundo da música, entre composição para outros autores à participação em bandas como os Happy Mess, passando pelo seu percurso inicial no jazz. Nada disso é grande novidade, mas a escrita de canções nota-se mais aprumada, sofisticada e delicada e o toque de Luís Nunes (mais conhecido como Benjamim) na produção é definitivamente um ponto a favor em O Material Tem Sempre Razão.
O toque do produtor está presente ao longo de todo o trabalho, o que pode jogar tanto a seu favor como contra, e neste caso dá saldo positivo. Benjamim é um excelente músico e produtor, e a noção de que o álbum podia estar preso ao som de Luís Nunes perdeu-se com cada nova audição. E este é um daqueles discos que ganha todas as vezes que o voltamos a ouvir. Um som que não tínhamos notado, um verso que tinha escapado num disco em que, além da voz de Joana Espadinha, o que brilha são as letras.
Acima disso tudo, Espadinha parece ter perdido toda a vergonha de fazer canções que ficam no ouvido. Como canta em “Sem Emenda”: “dizem que eu não tenho emenda mas eu vou dar que falar”.
Segundo os envolvidos, O Material Tem Sempre Razão demorou dois anos a ver a luz. Ainda bem que assim foi e este é o resultado. Dream pop ou pop melancólico com uma boa dose de piada, que fica no ouvido e dá vontade de cantar.
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