quarta-feira, 17 de julho de 2024

Review: Glenn Hughes - First Underground Nuclear Kitchen (2008)

 


Quando foi lançado em maio de 2008, First Underground Nuclear Kitchen, décimo-terceiro álbum solo do veterano Glenn Hughes, recebeu resenhas entusiasmadas de uma parcela considerável da crítica especializada, que apontou o disco como o melhor de Hughes em muitos anos. A pergunta é: seria para tanto?

Acompanhado por Chad Smith na bateria e Luis Carlos Maldonado na guitarra, além das participações em algumas faixas de JJ Marsh e George Nastos nas seis cordas, bem como dos tecladistas Anders Olinder e Ed Roth, Glenn passeia com propriedade e experiência pelo hard rock, pelo funk e pelo soul, gêneros fundamentais em sua formação. Aliás, o próprio título já deixa isso claro, pois as letras iniciais das palavras que batizam o álbum formam a palavra FUNK.

A abertura com "Crave" desce redonda. A faixa título é um hit bruto, com um refrão repleto de balanço, pronto para ser cantado a plenos pulmões por plateias ensandecidas ao redor do globo. Hughes acerta a mão no funk de "Love Communion", na sensibilidade soul de "Imperfection" e no peso de "Never Say Never", que coloca no mesmo caldeirão os dois principais universos musicais trilhados pelo artista em sua carreira: o hard rock e o funk.

Outro bom momento é a contemplativa "Too Late to Save the World", baladaça que demonstra, em todos os sentidos, o vocal privilegiado de Hughes. A doce "Where There’s a Will" fecha o álbum de maneira reconfortante, como um bálsamo depois da tempestade.

Um aspecto que me incomodou um pouco em First Underground Nuclear Kitchen foi a semelhança entre os andamentos funks do disco, com Glenn Hughes e Chad Smith não se aventurando pela fértil tradição criativa que o gênero possui. Quem conhece o estilo sabe que o que não falta é inovação e ousadia nas bases rítmicas dos grupos negros dos anos 1960 e 1970, por isso a insistência de Hughes em ficar dando voltas em torno de um mesmo lugar frustra um pouco. Exemplos disso são os grooves de "Love Communion" e "We Go to War", quase iguais. Uma ousadia um pouco maior seria muito bem-vinda.

Concluindo, First Underground Nuclear Kitchen é um bom álbum, mas está longe de ser um novo clássico como alguns apressados chegaram a pregar. Ainda prefiro Building the Machine, petardo lançado pelo baixista em 2001, esse sim um senhor trabalho, explorando todas as possibilidades do talento de Hughes. O interessante é que, com o seu envolvimento com o Black Country Communion e outros projetos, Hughes acabou gravando apenas mais um disco solo após esse, o bom Resonate, que saiu em 2016.

First Underground Nuclear Kitchen reserva bons momentos e irá agradar aos fãs. Vale a pena conhecer, ainda mais porque o trabalho ganhou uma edição nacional em CD pela Hellion Records na época do seu lançamento, que com alguma sorte você ainda pode encontrar pelo caminho.



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