Em janeiro de 1983 era lançado um primeiro single de uma nova banda. Tinha por título Too Shy, lançava os Kajagoogoo e semanas depois ocupava o primeiro lugar da tabela de singles do Reino Unido e atingia o número 5 nos Estados Unidos. O que havia de particularmente curioso neste episódio de sucesso partia de uma leitura da ficha técnica, mais concretamente entre os produtores. E eles eram nada mais nada menos do que Colin Thurston, que trabalhara nos dois primeiros álbuns dos Duran Duran, e Nick Rhodes, o teclista do grupo. E o que havia de especial era o facto de, apesar de dois anos de sucesso planetário, os Duran Duran não terem ainda somado ao seu currículo um número um no seu país… Através dos Kajagoogoo, e como produtor, Nick Rhodes era assim o primeiro elemento do grupo a fazê-lo.
Por essa altura os Duran Duran olhavam já adiante rumo a um terceiro álbum que imaginavam mais elaborado, complexo e exigente, não deixando, contudo, de nele depositar esperanças de que continuasse a ajudá-los a manter o estatuto entretanto conquistado, senão mesmo a alargá-lo. O disco, que surgiria na reta final do ano com o título Seven and The Ragged Tiger, teria uma génese longa e tão complexa quanto as camadas de acontecimentos sonoros envolvidas em torno de cada canção do seu alinhamento. Mas antes mesmo de o gravarem, entraram em estúdio para criar um momento que servisse como episódio pontual entre o anterior Rio e o novo álbum que assim tinham pela frente.
Chamaram inicialmente a estúdio o produtor Ian Little, e logo nessas sessões ficou clara uma vontade de apostar num novo patamar de perfecionismo. Conta-se, por exemplo, do moroso processo de mistura dos elementos da secção rítmica e de como, mesmo depois do esforço, o teclista Nick Rhodes (talvez então o mais focado nos detalhes do trabalho em estúdio) ter considerado a necessidade de melhorar o trabalho, chamando então Alex Sadkin para sessões adicionais. Do intenso labor emergiu uma canção pop apelativa e luminosa, conquistando assim Is There Something I Should Know? o desejado primeiro número um no Reino Unido. No lado B surgia o instrumental Faith in This Colour.
O single chegou num tempo de consagração de dois anos de trabalho de intensa criação de canções, de viagens e datas ao vivo pelo mundo (Portugal inclusive) e de uma aposta firme no vídeo como expressão complementar do discurso de comunicação do grupo. Estava na hora de celebrar, sobretudo, estes feitos de música e imagem. E uma vez mais em colaboração com o realizador Russel Mulcahy, criaram um teledisco que tanto apostou na criação de uma nova iconografia como mostrou vontade em revisitar imagens de criações anteriores.
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