sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Sebnem Paker & Group Ethnic “Dinle” (1997)

 

Foi ao 42º ano de vida que o Festival da Eurovisão abriu, pela primeira vez, o voto ao espectador. Nessa edição, em 1997, foram ainda relativamente poucos os países que usaram a possibilidade do televoto para determinar a respetiva votação. Apenas cinco aderiram à ideia: Alemanha, Áustria, Reino Unido, Suécia e Suíça, cenário que rapidamente se alargou até que, a partir de 2009, nova regra determinou uma distribuição 50/50 entre o voto popular e as decisões de um júri profissional. A adoção generalizada do televoto como modelo de escolha dos pontos a atribuir (assim como mudanças de regras na livre escolha de idioma e até mesmo novas opções de abertura da plateia a fãs decididamente mais entusiasmados que as gentes em fatos de gala de outros tempos) mudaria significativamente a evolução dos acontecimentos do festival. Entre as mudanças mais evidentes está o perfil das votações, representando por isso 1997 o ano em que pela última vez conhecem resultados de destaque canções que, como se vira ao longo da década, valorizavam encontros entre tradições locais e novas formas musicais.

         Se a vitória sorriu sem dificuldade a Love Shine a Light, um hino pop apresentado pelos Katrina & The Waves, uma banda que conhecera um momento de êxito global em 1985 com Walking on Sunshine (representando igualmente o primeiro triunfo do Reuno Unido desde os Bucks Fizz, em 1981), o melhor da edição de 1997 do Festival da Eurovisão chegou precisamente de canções que valorizavam identidades locais. Era então comum ouvir-se, entre os seguidores do festival a designação “pop étnica”. Expressão que não me lembro de ver usada em mais nenhum contexto…

         Destacaram-se assim, neste ano, canções como Dinle de Sebnem Paker (Turquia), Mana Mou de Hara & Andreas Konstantinou (Chipre) ou de Ale Jestem de Anna Maria Jopeck (Polónia). A primeira destas três canções representava a segunda presença eurovisiva de Sebnem Paker, guitarrista e cantora que que no ano anterior se havia apresentado em Oslo com Besinci Mevsim (que terminara em 12º lugar) ao mesmo tempo que terminava a sua formação universitária. Dinle levou mais longe a ideia de cruzar ecos da música tradicional turca com linguagens pop contemporânea e deu a Sebnem Paker (acompanhada pelo Group Ethnic) o 3º lugar no Festival da Eurovisão de 1997, resultado que representou o melhor obtido pela Turquia até à vitória que conquistaria em 2003. Dinle, que surgiu num CD single apenas em edição promocional da própria TRT, deu depois título ao único álbum que Sebnem Paker editou. Desde então a sua atividade profissional está focada no ensino.




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