Com apenas 18 anos, Lindsey Jordan editou o seu primeiro ábum, Lush. Será este o futuro da música indie?
Vamos admitir com algum pesar e em jeito de confidência, que este ano o rock e as guitarras estão a perder a guerra contra o hip-hop. Pior ainda, contra o reggaeton e afins. Mas alegrem-se os mais incautos e desatentos ao panorama musical, que há algumas centelhas de esperança nas novas gerações. Snail Mail, projecto de Lindsey Jordan, é prova disso, assumindo o papel de ponta de lança do indie rock, ou pelo menos de promessa para o futuro. Não se espera que isto chegue para destronar os tais ‘regg-blergh-aetons’ mas pelo menos sabemos que há gerações mais jovens a ouvir e fazer boa música.
Mas vamos com calma. O primeiro álbum de Snail Mail, depois de um EP, Habit, lançado em 2016, é um processo de crescimento em disco. Os temas abordam a desilusão, o amor, as dores e vitórias de ter 18 anos; nada de especialmente novo mas que ainda assim soa fresco na voz de Jordan. A entoação é confiante e as variações de tom na voz não são exageradas, fazendo tudo parecer bastante genuíno e descomplicado nas composições. Bem longe do lo-fi que transbordava no anterior EP da banda, Lush é cristalino e com as raízes assentes nas guitarras e sons dos anos 90, pelo que se torna fácil tirar do bolso comparações a Fiona Apple, Courtney Barnett, Waxahatchee, Alvvays e mais umas quantas e quantos cantores-compositores a quem qualquer um gostaria de ser comparado.
Ainda assim, será que é demasiado cedo para elevar Snail Mail a heroína do indie de 2018? Descrita pela Billboard como “prodígio”, Jordan cresceu, como muitos outros da sua geração, com Paramore como banda de referência, a adorar riffs e a achar que podia um dia ter uma banda de rock. (Talvez esse seja o maior legado de Hayley Williams, mas isso seria outro artigo.) Obviamente não está alheia a este zumbido que a eleva a estrela do rock mas afirmou à Rolling Stone que não pensa que o rock vai ser salvo ou tem de o ser. “Não estamos a reinventar a roda em palco” assume.
Lush é um disco que dá vontade de ouvir mais que uma vez e é de estranhar ainda não haver datas anunciadas para qualquer festival em Portugal.
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