quinta-feira, 19 de setembro de 2024

ALBUM DE FUNK/SOUL/ LATIN JAZZ - Azymuth - Aurora (2011)

 

Continuamos com alguns dos melhores do Brasil, e o último álbum do Azymuth que vamos publicar, pelo menos por enquanto. Para os teimosos amantes do jazz brasileiro, apresentamos a penúltima gravação do super trio carioca, que elevou o nome do Brasil no campo do jazz contemporâneo. O seu trabalho mais recente é "Fénix" de 2016, aqui temos uma banda que tem 40 anos e que continua a manter parte da frescura que tinha no primeiro dia.  E este álbum é histórico em sua biografia, pois foi o último onde participou o mestre de teclas José Roberto Bertrami, já que no ano seguinte ele faleceria em 2012, então esta é uma pequena homenagem em seu nome. E assim terminamos o dia, com puro funk brazuca, com “Aurora” do grande Azymuth.

Artista: Azymuth
Álbum: Aurora
Ano: 2011
Gênero: World Fusion / Funk / Soul / Latin Jazz
Duração: 48:25
Nacionalidade: Brasil


Acho que este deve ser um dos grupos mais subestimados do mundo da música, tendo em conta a sua carreira, o número de álbuns e a sua musicalidade e estilo. Azymuth é um dos grupos mais transgressores e influentes da música brasileira. Eles definem seu estilo como "samba maluco", embora em suas composições você possa ver desde a bossa nativa até o funk, passando pelo mais clássico jazz, samba, rock e até disco music.
Hoje têm um novo álbum chamado "Fénix" (o primeiro álbum em cinco anos) e encerram uma digressão europeia. Os brasileiros conseguiram recriar a energia das sessões hipnóticas dos anos setenta que, ao mesmo tempo, os lançaram no mercado internacional e os tornaram reconhecidos como uma das bandas de maior sucesso do Brasil.
Uma viagem de doze faixas que aborda todos os pontos da brilhante fusão expressionista que os Azymuths praticam, complementada apenas pela energia cósmica e musicalidade que se esperaria da melhor orquestra de três homens.






De um certo ponto de vista, podemos considerar o jazz como um estilo que foi criado por negros escravizados, que os ajudou a esquecer seus problemas ao mesmo tempo em que revitalizava suas origens, e aos poucos se tornou música dançante, em muitos casos. Lembramo-nos dos tumultos raciais em Boston que James Brown reprimiu com um concerto. Com o tempo, cresceu e evoluiu para um estilo musical de improvisação sofisticado, mas ainda é o aspecto inicial da dança que muitas vezes o inspira. O funk nasceu do jazz, simplificou-o e bateu mais forte do que nunca, não era preciso saber dançar para poder sentir o funk. A combinação destes dois estilos é para mim a fórmula musical mais emocionante, que toca a minha alma.
Outra vertente seria o jazz ou o funk mas do ponto de vista da América Latina, depois temos exemplos surpreendentes, das profundezas de Cuba, do Uruguai (especialmente misturado com candombe), da experimentação na Argentina e no Chile, e claro,,. do seu ponto de vista pessoal no Brasil, e é aí que o Azymuth surge como uma banda que não podemos deixar de lado


Aqui, os brasileiros conseguiram recriar a energia das sessões hipnóticas dos anos setenta que, ao mesmo tempo, os lançaram no mercado internacional e os tornaram reconhecidos como uma das bandas de maior sucesso do Brasil. Os veteranos também oferecem outros moods mais reflexivos, conseguindo um bom equilíbrio entre eles e os mais festivos.
Ainda formado pelos três integrantes originais que formaram o grupo em 1972, o Azymuth se aproximava do final de sua quarta década sempre seguindo um estilo próprio, então viria a tragédia e o ressurgimento, mas isso é outra história. “Aurora” deu continuidade à parceria produtiva que mantém desde o nascimento como banda. A diferença mais notável foi a falta de cordas e saxofones que apareceram em seu último álbum, “Butterfly”, de 2008. Mas, ao contrário, “Aurora” retorna aos sons disco típicos dos anos 80, mas também parece enfatizar suas raízes e. sua expressão no samba.
O repertório é variado e inclui, além da faixa progressiva que dá nome ao álbum, e da já referida fusão de vários géneros, alguns completamente disco e retro como "É Mulher", o experimental "Crazy Clock" e o suave e as lindas "In My Treehouse Prelude 1" e "In My Treehouse Prelude 2".
Este é um daqueles raros álbuns tão consistentemente envolventes e bem sequenciados que parece quase injusto destacar os destaques. Mas é preciso mencionar "In My Treehouse", que se repete com dois prelúdios espectrais no final. Tanto esta música quanto "É Mulher" inspiram-se nos prazeres da música disco e são decoradas com uma chuva de baterias sintetizadas (um gesto irônico, talvez?). "Isso É Partido Alto" é uma exposição descontraída do samba do estilo Azymuth , com Bertrami assumindo o papel principal em seu brilhante Rhodes e a conjuração dando suporte, sendo um exemplo típico da abordagem instrumental de Azymuth para uma determinada letra.
Sabrina Malheiros acrescenta sua voz em “Meu Mengo”, com seu pai Alex ocupado no baixo funky e no violão com toque de bossa nova. “Aurora” cria batidas memoráveis, uma após a outra. “Aurora” não é exatamente um álbum moderno nem surpreende pela inovação (pelo menos para quem já ouviu outras gravações do grupo). Mas ele tem a combinação explosiva de talento, técnica e pegada brasileira, no melhor sentido da palavra. Isto significa que, para estas datas em que o álbum foi gravado, AzymuthContinuou com uma vibração que não se desvaneceu apesar das décadas, com uma energia e criatividade que deixou muitos grupos gringos morrendo de inveja e muitos se perguntaram como isso era possível. Em seus trinta anos de carreira, já lançaram mais de vinte discos, sucesso mundial que remonta a 1979, em que o grupo brasileiro parece viver em contínua atuação baseada em seu estilo pessoal de fusão (samba-funk) que se tornou o selo distintivo de cada um dos seus álbuns, e este “Aurora” é uma pequena excepção na exploração dos sons dos anos 80, mas não se choca em nada na sua história.
Teremos que ver como é a sua ressurreição com o seu último álbum "Fénix", já este é um álbum encantador, equilibrado e altamente recomendado.


Track List:
01. Aurora
02. In My Treehouse
03. Ta Nessa Ainda Bicho?
04. Isso E Partido Alto
05. Carnaval Legrand
06. Diz No Pe
07. Meu Mengo
08. Crazy Clock
09. Que Bom
10. E Mulher
11. In My Treehouse (Prelude 1)
12. In My Treehouse (Prelude 2)

Lineup :
– Alex Malheiros / Baixo, Violão, Voz
– Ivan Conti / Bateria, Percussão, Voz
– José Carlos / Guitarra Elétrica
– Robertinho Silva / Percussão
– José Roberto Bertrami / Piano [Fender Rhodes], Piano, Sintetizador [Mini Moog, Arp Cordas], Teclados, Órgão [Hammond], Vocais
Com:
David Brinkworth / Vocais (faixas: 7)
Marcio Lott / Vocais (faixas: 1, 7)
Sabrina Malheiros / Vocais (faixas: 1, 7)






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