Após a publicação de Afric Pepperbird em 1970 pela ECM, as coisas aceleraram no ano seguinte para o saxofonista/flautista Jan Garbarek. Aliás, o norueguês colabora em vários discos do pianista americano George Russell. Este último produz e imprime as gravações de Jan Garbarek feitas em 1969 sob o nome de um grupo chamado Esoteric Circle (para evitar qualquer disputa com a editora de Munique com a qual Jan Garbarek assinou toda a exclusividade de produção) no selo Flying Dutchman. E é claro que ele lança seu segundo álbum pela ECM.
Para este novo trabalho ele conta com o baixista/contrabaixista Arild Andersen, o baterista Jon Christensen, o tecladista (piano de cauda, piano elétrico) Bobo Stenson e o guitarrista Terje Rypdal. Na verdade, Sart será atribuído a todos os músicos.
Este disco é baseado na faixa homônima que abre a bola. 14 minutos de fusão de jazz etéreo e sombrio de vanguarda. Peça elástica onde uma guitarra pesada no ácido se choca com notas metalo-cósmicas que tendem para o rock e um sax fumegante que se inclina para o jazz. Começa com esta linha de guitarra wah-wah nebulosa com um piano perturbador à espreita. As seis cordas soltam alguns acordes discretos, mas vaporosos, para dar lugar a um sax latejante, corrosivo e assustado contra um pano de fundo de notas de baixo comatosas. À espreita, num ritmo linfático, os tambores parecem suspensos.
No mesmo espírito vagamente preocupante e obscuro com clima lento, a abertura do lado A são os 9 minutos de “Song of Space” onde a tensão é palpável a cada momento. Esta faixa começa com um piano sombrio. Um sax indiferente e insultuoso chega. Mas vem o mais temível, essa guitarra assustadora com refrão alucinante, saturação total, explorando feedback e reverb. Por sua vez, o gibão rítmico tenta uma aparência de swing.
Outro ponto forte, os 6 minutos de “Fonte das Lágrimas, Partes I e II” em duas partes. Primeiro estamos numa intriga tribal e furiosa para terminar numa sequência misteriosa com esta flauta impenetrável. Sem falar no 7 de “Irr” com esse contrabaixo arabesco que leva a equipe a um free jazz coltraniano.
De resto deparamo-nos com a monótona “Close Enough for Jazz” e finalmente com a experimental “Lontano” que tenta explorar os espaços sonoros da electro-acústica.
Títulos:
1. Sart
2. Fountain Of Tears – Part I And II
3. Song Of Space
4. Close Enough For Jazz
5. Irr
6. Lontano
Músicos:
Jan Garbarek: Saxofone, Flauta
Bobo Stenson: Piano, Piano elétrico
Terje Rypdal: Guitarra
Arild Andersen: Baixo
Jon Christensen: Bateria
Produção: Manfred Eicher
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