segunda-feira, 23 de setembro de 2024

CRONICA - TERJE RYPDAL | What Comes After (1974)

 

Obviamente o guitarrista norueguês Terje Rypdal dedica seu tempo para lançar um disco, um a cada 3 anos. No entanto, não fica ocioso, prestando os seus serviços a outros artistas, como o seu compatriota, o saxofonista Jan Garbarek.

Depois de Bleak House na Polydor em 1968, ele ressurgiu na ECM em 1971 para um disco homônimo. Então aqui estamos nós em 1974 com What Comes After também pelo selo de Munique com a participação do baterista/organista Jon Christensen, do contrabaixista Barre Phillips, do baixista Sveinung Hovensjø e do oboé e trompista Erik Niord Larsen.

Mas o que vem depois de um disco homônimo? O que é mais do que a obra anterior? Bem, groove. Mas um groove mal sugerido, sombrio e arrepiante. Como os títulos que abrem cada lado. Começamos com os sombrios e misteriosos 10 minutos “Bend It”. Uma linha de baixo assustadora se repete. Loop de pretexto para solos dissonantes de acid rock de guitarra e refrões lúgubres de contrabaixo tocados com arco. 

Do outro lado encontramos os 11 minutos do título homônimo. Tempo imposto por esta baqueta que bate delicadamente na borda de sua caixa como um metrônomo discreto para uma faixa nebulosa. A tensão aumenta em um funk lento sob ácido com este baixo que cria um novo loop perturbador. A trompa inglesa parece nebulosa. Ainda com o arco o contrabaixo ameaça. A guitarra fala palavras metalóides e alucinatórias.

Mas o guitarrista está sempre interessado em desenvolver climas etéreos e explorar as possibilidades do espaço sonoro como podemos ouvir nos 7 minutos de “Icing”. Mais uma atração do disco que nos suspende, ao mesmo tempo sonhadores pelo oboé, vagamente preocupantes pelo baixo e estranhos pela guitarra. 

De resto deparamo-nos com a frágil “Yearning” liderada por uma delicada guitarra acústica acompanhada por um oboé outonal e percussão subliminar. Introduzida por um órgão impenetrável, “Sejours” é melancólica entre um contrabaixo desencantado e um oboé abafado. O caso termina com o sensível e transcendental “Back of J.” com sabores orientais e hispânicos. Uma ótima forma de encerrar uma obra que nos leva muito alto e muito longe.

Títulos:
1. Bend It
2. Anseio
3. Glacê
4. O que vem depois
5. Sejours
6. Back Of J

Músicos:
Terje Rypdal: guitarra, flauta
Erik Niord Larsen: oboé, trompa inglesa
Barre Phillips: contrabaixo, baixo Piccolo
Sveinung Hovensjø: baixo
Jon Christensen: bateria, percussão

Produção: Manfred Eicher



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