quinta-feira, 24 de outubro de 2024

FADOS do FADO...letras de fados...

 



A sorte do cavaleiro

Maria Manuel Cid / Georgino de Sousa
Repertório de António de Noronha

Toureiro que entras na arena
Tua figura serena
Vai ao encontro da morte
O teu coração padece
Rezando a Deus uma prece
Que dê sorte à tua sorte

E dessa prece sentida
Vai depender tua vida
Da divina proteção
Enquanto dura a faena
A praça fica pequena
E grande o teu coração

Toureiro, quanta virtude
Há nessa calma que ilude
A nobreza do teu porte
Em cada ferro dos teus
Pedes baixinho a Deus
Que dê sorte à tua sorte

E quando a sorte não falha
Quando a alegria se espalha
É já longa a tua prece
Por ter poupado a vida
Ao terminar a corrida
Rezando a Deus, agradece


A sorte e as ruas

Linhares Barbosa / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertório de Berta Cardoso


Mariquitas e José
Ambos da Rua da Fé
Casaram-se certo dia
E foram então morar
Num lindo primeiro andar
Junto à Rua d'Alegria

Quando o amor era mais cego
Ele ficou sem emprego 
Surgiram fatalidades
E d'alegria que abrasa
Foram prá parte de casa 
Ali prás Necessidades

Desprezados p'la família
Venderam roupas, mobília 
Esta e aquela lembrança
Foram da Esp'rança prá Ajuda
Mas quando a sorte não muda 
Nem ajuda dá esp'rança

Saíram da Boa Hora
E ela, de linda que fôra
Nem sequer dava uma ideia
Era um parzinho sombrio
Já num quarto triste e frio 
À esquina da Triste Feia

Azares, vicissitudes
Fecham a porta ás virtudes 
E ele, antigo operário
Foi morar numa prisão
Por ser preso por ladrão 
Lá no Beco do Vigário

Ela hoje não tem ninguém
Anda por aí, ao desdém 
Da vida e da crueldade
E á noite dorme, coitada
Por favor, num vão de escada 
Na Rua da Caridade

A sós com a noite

Letra e música de Jorge Fernando
Repertório de Ana Moura

A luz que se arredonda
Alongando-me a sombra, sózinha
A saudade a bater
Uma dor que ao doer, é só minha
Um desejo inquieto
Um olhar indiscreto na esquina
Um rapaz de blusão
Arrastando p'la mão, a menina

Passa um velho a pedir
Incapaz de sorrir, p'los passeios
Um travesti que quer
Assumir-se mulher, sem receios
O alarme de um carro
Um cigarro apagado, indulgente
Um cheiro inusitado
O semáforo fechado, p'ra gente

Sobe o fado de tom
E o fadista que é bom, improvisa
Estão em saldo os sapatos
Desce o preço dos fatos, de cor lisa
Um eléctrico cheio
Uma voz de permeio *vai chover*
Bate forte a saudade
Como é grande a vontade, de te ver




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