The Division Bell é um pastiche interminável (na verdade tem 66 minutos) que representa a maior nódoa no currículo dos Pink Floyd. Ainda pior do que A Momentary Lapse of Reason.
E depois do Roger Waters o que é que há? Merda. Nada resulta, nada é bom e aquilo que anteriormente deliciava, em The Division Bell, fere os tímpanos, a alma e pede seppuku (acto de suicídio cerimonial tipicamente japonês) ao som dos discos verdadeiramente de Pink Floyd.
The Divison Bell saiu em 1994 e era já na altura um disco datado. A sonoridade do rock movido a sintetizadores e longos solos de guitarra estava mais que esgotada, até mesmo para os Pink Floyd que tinham abandonado essa vertente em The Wall ou Final Cut. Se, durante a década de 70, cada vez que a guitarra de David Gilmour soava, os ouvintes regozijavam, em The Division Bell ela provoca agonia. Porquê? Mudou assim tanto a forma de tocar? É, objectivamente, mal tocada? Não, claro que não, Gilmour é um mestre do instrumento, mas aquilo não é, definitivamente, Pink Floyd e dizer que sim é errado. (Detractores que disserem que a banda deixou de ser Pink Floyd quando Syd Barret tomou ácidos a mais, um aviso a título pessoal: Syd Barret é só o segundo melhor compositor dos Pink Floyd. A coroa vai, indubitavelmente, para Waters.)
Em 1992, Roger Waters lançou um dos melhores discos da sua carreira (incluindo o tempo em que esteve com os Pink Floyd). O homem forte dos Pink Floyd lançou Amused to Death, um álbum que mostrou que não precisava de emular a sua escrita passada para ser genial. O ónus ficou então para Gilmour que tinha de dar provas que afinal não era “um falso”, como Waters havia afirmado. Encheu o peito, empunhou a guitarra e o que saiu foi um pastiche interminável que demora 66 minutos a terminar.
O álbum é decalcado do manual Rock progressivo (bera) para totós. Letras introspectivas, mas sem qualquer ponta de originalidade? Confere. Longos solos de guitarra carregada de delay? Confere, também. Introduções longas e com sons ambiente? Não poderiam faltar. Músicas sem o formato normal de canção? Oh, yes? Mas, embora isto possa ter resultado dezenas de vezes ao longo da vida de muitas bandas, desta vez dá apenas um monte canções fracas e que gritam: “Nós não merecemos dizer que somos canções dos Pink Floyd” (pelo menos, é isso que eu oiço).
Para não ser injusto, a canção “High Hopes” têm um dos solos mais inspirados de David Gilmour. Pena o resto do tema ser uma estopada.
Não. The Division Bell não é Pink Floyd. É David Gilmour + Nick Mason + Richard Wright + Polly Samson (mulher de Gilmour). Os Pink Floyd acabaram em The Final Cut e a tocha do seu legado é carregada unicamente por Roger Waters, o melhor Floyd.
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