A única mulher
Linhares Barbosa / José Duarte Seixal *fado seixal*
Repertório de Manuel de Almeida
Repertório de Manuel de Almeida
Porque cantamos o fado
Falam de mim e de ti
Não te dê isso cuidado
Põe as intrigas de lado
Não dês ouvidos, sorri
Põe o xaile de tonquim
E vamos os dois ao baile
Gosto que sejas assim
Enfeita-te só p’ra mim
Adoro ver-te de xaile
Gosto dos lenços que pões
Ficas graciosa e bela
Que tem que o mundo depois
Diga que andamos os dois
Sempre na boa vai ela
Ri sempre que te apeteça
Faz como eu que não ligo
Ainda que mal pareça
Se perdemos a cabeça
Isso é comigo e contigo
Domingo, de Deus quiser
Vamos os dois à corrida
Todo o mundo há-de saber
Que és a única mulher
Por quem me perco na vida
À vela
Letra de Frederico de Brito
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Foi numa canoa à vela
De passeio até ao mar
Que eu estive a falar com ela
À sombra daquela vela
Que o vento fazia andar
Mais tarde, a uma janela
Entretanto na rua entregue aos próprios passos
Aninhas recordava o seu esplendor perdido
A alegria no rosto, as pulseiras nos braços
A casa mobilada e o camarim florido
Lembrou que fôra outrora a corista afamada
Que acendeu o clarão de tantas paixões cegas
E que hoje velha e triste, era enfim convidada
A ceder sua mesa às modernas colegas
E por elas maldisse a ingrata profissão
Que as leva ingloriamente ao destino mais reles
Queimando a mocidade atrás duma ilusão
Mais breve do que o fulgor dum casaco de peles
Aninhas... eras nova não pensaste
À luxuria te entregaste
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
De passeio até ao mar
Que eu estive a falar com ela
À sombra daquela vela
Que o vento fazia andar
Mais tarde, a uma janela
Pus-me com ela a falar
Tinha luz o quarto dela
Tinha luz o quarto dela
A luz fosca duma vela
Que eu gostava de apagar
Julgando-me a sós com ela
Que eu gostava de apagar
Julgando-me a sós com ela
Pedi-lhe um beijo, a brincar
Mas a mãe, estava de vela
Mas a mãe, estava de vela
Mesmo detrás da janela
A ouvir-nos conversar
De combinação com ela
A ouvir-nos conversar
De combinação com ela
Lá construímos um lar
Ela ofereceu uma vela
Ela ofereceu uma vela
À santinha da capela
Onde nos fomos casar
A nossa vida foi bela
Onde nos fomos casar
A nossa vida foi bela
Mas eu andava a pensar
Se há uma zanga com ela
Se há uma zanga com ela
Ai amor que vais à vela
E não tornas a voltar
Pois ontem, por culpa dela
E não tornas a voltar
Pois ontem, por culpa dela
Recolhi mais tarde ao lar
E ela ficou à janela
E ela ficou à janela
Até se gastar a vela
P’ra depois me arreliar
Hoje, p’ra me vingar dela
P’ra depois me arreliar
Hoje, p’ra me vingar dela
Fui toda a roupa empenhar
Ou passa a noite à janela
Ou passa a noite à janela
Ou tem que dormir à vela
Sem nada p’ra se tapar
Sem nada p’ra se tapar
A velha corista
João da Mata / Fernando Farinha
Repertório de Fernando Farinha
Aninhas tem paciência, é um jeito que fazes
Eu não tenho outra mesa onde possa atendê-los
São dois velhos jarretas que se julgam rapazes
Mas são fregueses bons e não convém perdê-los
E a Aninhas resignada afastou-se discreta
Lançando, todavia, o seu cansado olhar
P'la turba jovial, dinâmica e secreta
Que enchia de alvoroço o elegante bar
E logo aquela mesa acolheu sem entraves
Além de bom champagne e taças de cristal
Duas mulheres gentis e dois sujeitos graves
Dispostos ao clamor de louca saturnal
E logo aquela mesa acolheu sem entraves
Além de bom champagne e taças de cristal
Duas mulheres gentis e dois sujeitos graves
Dispostos ao clamor de louca saturnal
Entretanto na rua entregue aos próprios passos
Aninhas recordava o seu esplendor perdido
A alegria no rosto, as pulseiras nos braços
A casa mobilada e o camarim florido
Lembrou que fôra outrora a corista afamada
Que acendeu o clarão de tantas paixões cegas
E que hoje velha e triste, era enfim convidada
A ceder sua mesa às modernas colegas
E por elas maldisse a ingrata profissão
Que as leva ingloriamente ao destino mais reles
Queimando a mocidade atrás duma ilusão
Mais breve do que o fulgor dum casaco de peles
Aninhas... eras nova não pensaste
À luxuria te entregaste
Sem prever os resultados
Não viste de que lado estava o mal
Levaste a vida em carnaval
Não viste de que lado estava o mal
Levaste a vida em carnaval
E terminaste em finados
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