Em 1979 chegou a disco a banda sonora de “Just a Gigolo”, filme de David Hemmings estreado no final do ano anterior no qual Bowie interpreta um oficial prussiano e que resgatou ao silêncio Marlene Dietrich. Ambos cantam na banda sonora.
O segundo passo de David Bowie no grande ecrã, que surge numa mesma altura em que a sua produção de telediscos adquire outro fulgor e regularidade, corresponde a um dos episódios menos bem sucedidos de todo o seu percurso ao longo da década de 70. Desafiado por David Hemmings (o ator que deu a pele ao irónico fotógrafo do “Blow Up” de Antonioni), e com um sim dado por Bowie, ao que parece porque na altura se falava numa outra parceria entre ambos com vista à criação de um documentário sobre a Isolar Tour (que nunca se concretizou), “Just A Gigolo” chegou a desenhar alguma expectativa, sobretudo pelo facto de ter conseguido resgatar ao silêncio a atriz e cantora Marlene Dietrich, que, apesar da curtíssima presença no filme, dividiu com Bowie o protagonismo da comunicação, do cartaz e até mesmo da própria banda sonora.
Filme de época, com ação a decorrer na Alemanha entre as duas guerras mundiais, num tempo retratado pelos livros de Christopher Isherwood que tinham levado o próprio Bowie a escolher a cidade de Berlim como sua casa na reta final dos anos 70, “Just A Gigolo” conta a história de um oficial prussiano que regressa à capital alemã e que, sem conseguir um trabalho, acaba por encontrar uma solução trabalhando como gigolo num cabaret (que, sem surpresa, tem a personagem criada por Marlene Dietrich como proprietária).
O filme foi um tremendo flop e o próprio Bowie dele poucas vezes falou depois da estreia (em finais de 1978 na Alemanha). Mas se é verdade que é dos menos vitaminados de toda a sua filmografia, a verdade é que na banda sonora se guarda uma preciosidade sua. Trata-se de “Revolutionary Song”, um tema co-assinado por Bowie e Jack Fishman (que tinha a seu cargo a supervisão musical do filme), criado para o filme, tocado por músicos não creditados (mas identificados como The Rebels) e na qual, na verdade, o protagonista tem uma discreta participação vocal. Discreta mas mesmo assim suficiente para que, em 2013, a canção tivesse conhecido uma edição em single (apresentada como “David Bowie’s Revolutionary Song”), numa edição especial do Record Store Day.
Outra preciosidade da banda sonora é a versão de “Just a Gigolo” que Marlene Dietrich gravou igualmente para o filme. O resto do alinhamento do álbum inclui temas já anteriormente gravados por nomes como os Village People ou a Barnabas Orchestra e junta ainda gravações de temas expressamente criados para o filme juntando os Manhattan Transfer (em novos arranjos), The Ragtimers, a Passadena Roof Orchestra, o Gunther Fisher Quintet e a Gunther Fischer Orchestra. O álbum teve edições com capas distintas em diversos territórios em 1979 e conheceu várias reedições, as mais recentes, datadas de 2019, lançadas em LP e CD (aqui com extras) respetivamente pela Music On Vinyl e a Cherry Red.
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