Marble Skies, terceiro disco da carreira dos Django Django, é competente e inova em determinadas canções, mas tal como em Born Under Saturn, continua a não conseguir aproximar-se da frescura do seu álbum de estreia.
Optimus (NOS) Alive 2013, terceiro dia do festival e o relógio marcava as 1:40 horas da manhã, já na madrugada de domingo. Era a segunda presença dos Django Django em Portugal, após a estreia no Mexefest no final do ano anterior, onde continuava a apresentar o seu disco de estreia.
Os presentes nesta edição do Alive certamente irão lembrar-se da qualidade apresentada nesse dia. Enquanto o palco principal apresentava Linda Martini, Jake Bugg, Tame Impala, Phoenix e Kings of Leon (ainda a viver dos louros dos seus primeiros discos), pelo palco secundário já tinham passado nomes como Of Monsters and Men, Twin Shadow, Band of Horses e os alt-J (a viver o auge da sua carreira).
Esse concerto terá sido, certamente, um dos mais animados que aquele palco já presenciou, tal era a mancha humana aos saltos e abraços. Uma imagem para guardar na memória.
NOS Alive 2015. Primeiro dia do festival. A hora continua a mesma: 1.40 da manhã. A banda fazia a apresentação do segundo disco. O alinhamento, assim como a ordem das canções apresentados dois anos antes, é basicamente o mesmo. Sai “Love’s Dart” e entra “Shake and Tremble” e “First Light” de Born Under Saturn. A imagem é a mesma. Uma mancha humana aos saltos e abraços.
Da próxima vez que os Django Django voltarem a Portugal, o sentimento será o mesmo, pois o setlist será, seguramente, similar, com a adição de mais duas ou três faixas (“Marble Skies, “Tic Tac Toe” e “In Your Beat”).
Em 2018, e no futuro próximo, os Django Django viverão, provavelmente, do êxito do seu primeiro disco, trabalho homónimo lançado em 2012, e que trouxe uma pop indie de contornos dançantes e bastante refrescante. Uma espécie de Franz Ferdinand em esteróides.
A sequela, lançada três anos depois, não inovaria muito e passou quase despercebida do público mais casual. Marble Skies, disco nº3, continua na mesma toada: electrónica dançante arraçada de krautrock, misturada com ritmos exóticos e psicadélicos e muita vontade de animar. Porém, ao contrário do seu antecessor que continha 13 músicas e alongava-se demasiado, Marble Skies é mais conciso e objectivo. Dez músicas que duram cerca de 40 minutos, fazem deste disco uma viagem mais fácil de digerir, conseguindo inovar em alguns temas, sem nunca desvirtuar o seu som característico que os trouxe para a ribalta com o seu disco de estreia.
A apresentação deste álbum fez-se com “Tic Tac Toe”, canção que podia perfeitamente ter sido incluída no seu primeiro disco, e que é a definição do som dos Django Django, fazendo-nos começar a salivar por Marble Skies.
Lançado no fim de Janeiro, o disco abre com a homónima “Marble Skies” e rapidamente já sabemos que a banda não nos irá desiludir, pois o som é-nos tremendamente familiar. A surpresa começa a chegar logo à segunda faixa, “Surface To Air”, quando ouvimos, pela primeira vez, uma voz diferente numa música da banda originária de Edimburgo. É uma voz feminina, mais propriamente de Rebecca Taylor (Self Esteem) do grupo indie Slow Club. Um tema mais melodioso, mais pop e menos kraut e que confere uma acalmia interessante ao disco.
A voz de Vincent Neff volta logo a seguir para continuar numa ondulante “Champagne”, e partimos logo para o single “Tic Tac Toe”, já referido anteriormente. Entretanto, a força dos sintetizadores começa a fazer-se sentir em “Beam Me Up”, que mais parece uma faixa perdida de Depeche Mode, tanto a nível sonoro como no timbre de voz a fazer lembrar Dave Gahan. No entanto, como os Django Django são uma banda bastante peculiar, “Beam Me Up” acaba com uma batida demencial que mescla na faixa seguinte “In Your Beat”, outro ponto forte de Marble Skies. A batida altamente cativante faz o nosso corpo começar a mexer-se de forma estranha e começamos a sentir saudades de estar abraçados e a dançar ao lado de um qualquer amigo ou desconhecido.
Marble Skies começa a aproximar-se rapidamente do fim, não sem antes ir do 8 ao 80 em apenas duas músicas. “Real Gone” é Django Django a tentar ser os Underworld e “Fountains” a despedida em modo de viagem exótica.
Ao terceiro disco, os Django Django mostram que continuam a ser uma boa banda. Continuam a criar óptimas canções pop, tanto as mais dançantes como as mais introspectivas, sempre dentro do registo que, para o bem ou para o mal, já é considerado tipicamente seu. O problema, no entanto, está que desde o seu disco homónimo de estreia que a banda não consegue fazer um álbum forte da primeira à última faixa.
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