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Star Stuff representa uma mudança drástica no trajeto de Chaz Bundick, que se faz acompanhar pelos Mattson 2 num projeto cuja uniformidade deixa algo a desejar.
Aos primeiros acordes de “Son Moi”, é difícil evitar olhar para a ficha técnica para confirmar se é mesmo Chaz Bundick, o mago chillwave por trás do projeto Toro Y Moi, que estamos a ouvir. Apesar do seu trabalho a solo nos ter dado vislumbres de psicadelismo, este disco representa uma total imersão no género. A composição acima mencionada começa com um solo de guitarra que lembra os Grateful Dead apesar do seu foco ser mais atmosférico e menos melódico. Atmosfera é, aliás, a palavra chave para descrever este álbum que funde influências do jazz, do funk e do rock psicadélico.
“A Search” faz jus ao seu nome. O que começa como uma balada cheia de harmonias coloridas e uma guitarra que não sabe se há-de tocar um riff ou um solo rapidamente é desconstruída, dando lugar a uma jam ancorada por uma insistente linha de baixo.
O verão é eterno em “JBS”, uma canção que funciona quase como um resumo de todo o disco. Com uma duração de quase sete minutos, contém quase tantas ideias como o resto do álbum. O riff que começa a música puxa-nos imediatamente para o seu mundo saudoso e idílico. A voz lânguida de Chaz Bundick reforça esta ilusão, confortando-nos por um momento antes de dar lugar a um solo de guitarra que soa a julho.
“Star Stuff” transporta o ouvinte para paisagens semelhantes mas não de forma tão intensa e acaba por ser mais do mesmo. Chegada “Steve Pink” começamos a notar uma certa uniformidade que faz com que a segunda metade tenha um impacto menor. As canções em si não são piores que as primeiras mas o clímax do disco já ocorreu há muito quando chegamos a “Don’t Blame Yourself”, outra jam que em pouco difere das primeiras, exceptuando um muito bem-vindo solo de sintetizador.
O uso de instrumentação pouco ortodoxa (como a harpa em “A Search” e “JBS”) oferecem alguma novidade a este conjunto de músicas. Mas o resultado final sofre por causa do alinhamento. O pico atingido por “JBS” jamais é igualado ao longo do resto do disco, apesar dos sintetizadores em “Disco Kid” e “Don’t Blame Yourself” oferecerem uma lufada de ar fresco. “Cascade” fecha o disco de forma apropriada, com uma linha de baixo digna de fazer inveja aos grandes mestres dos anos 70. Só é pena que, quando eventualmente chega, já é tarde demais.
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