O gosto pela recriação das canções dos outros tem marcado diversas etapas da obra de Marc Almond, cuja discografia, mesmo assim, é sobretudo dominada por títulos nos quais também assume (a solo ou acompanhado) um não menos importante papel como autor. Do sucesso colossal de “Tainted Love” com os Soft Cell em 1981 ao número um britânico partilhado em 1988 com Gene Pitney com “Something’s Gotten Hold Of My Heart”, o percurso de Marc Almond está repleto de versões, tendo inclusivamente acolhido já diversos álbuns integralmente constituídos por canções de outros autores. São isso exemplo o histórico “Jacques” (dedicado a Brel) em 1989 e o “disco francês” que surgiu pouco depois em “Absynthe” (1993), o díptico russo constituído pot “Heart on Snow” (2003) e “Orpheus in Exile” (2009) ou o mais recente “Shadows and Reflections” (2017) apontado a memórias dos anos 60.
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Contando com Mike Stevens como principal colaborador, “I’m Not Anyone” junta mais um título a esta lista de álbuns de verões, desta vez apresentando, entre outros, temas de Don McLean, Paul Anka, Mahalia Jackson, Neil Diamond ou dos King Crimson, neste último caso (em concreto ao som de “I Talk To The Wind”) juntando a presença na flauta do próprio Ian Anderson. A abordagem às canções faz-se sob travo clássico (ocasionalmente com arranjos para cordas), seguindo de resto as opções instrumentais de grande parte dos títulos da obra a solo mais recente de Marc Almond, sublinhando assim contrastes com os caminhos que continua a trilhar, mesmo que de forma intermitente, através dos Soft Cell. O músico, que agora reside na zona de Cascais, assinala em 2024 a passagem de 40 anos sobre a sua estreia a solo (aconteceu com “Vermin in Ermine”, em 1984).
“I’m Not Alone”, de Marc Almond, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais numa edição da BMG.
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