
Após quatro álbuns lançados por sua própria gravadora, que acabaram se revelando um fracasso comercial para o Grateful Dead, o baixista Phil Lesh, o tecladista Keith Godchaux, a vocalista de apoio Dona Godchaux, os bateristas Bill Kreutzmann e Mickey Hart, e os guitarristas Jerry Garcia e Bob Weir decidiram assinar com a Arista. Talvez uma oportunidade para recomeçar. E assim, em julho de 1977, o Grateful Dead lançou Terrapin Station, com sua capa bem-humorada.
O álbum abre com a surpreendente "Estimated Prophet", uma faixa de reggae psicodélico com baixo wah-wah e saxofone com influências de jazz. A surpresa não está na mudança de estilo em si, já que o Grateful Dead já havia explorado esse gênero antes. Não! É o som único e refinado que emerge. Claramente, houve investimento na produção. Isso se deve ao produtor Keith Olsen, que na mesma época estava assumindo o Fleetwood Mac durante um período de renovação artística. Fazia muito tempo que o Grateful Dead não terceirizava a produção. Provavelmente, essa foi uma condição para assinarem com a Arista.
E o que se segue só confirma essa impressão. De "Dancing in the Street", uma versão funk do sucesso de Martha and the Vandellas, ao rock sulista vibrante de "Passenger" e à tradicional e emocionante "Samson and Delilah", há algo para todos os gostos. Mas, acima de tudo, há "Sunrise", a primeira música em que Keith Godchaux assume os vocais principais, deixando de ser apenas um vocalista de apoio ou alguém que preenche lacunas. E quando dizemos que não houve economia de recursos, é sério! Essa balada frágil, apaixonada e atormentada é pontuada por arranjos orquestrais que criam uma atmosfera dramática.
A orquestra de cordas reaparece nos 16 minutos de "Terrapin Part 1". Devido à sua duração, esta faixa final é direcionada aos fãs de rock progressivo, algo entre Yes e Procol Harum. De fato, sem informar a banda, Keith Olsen voou para Londres com as gravações desta extensa faixa. Supervisionado por Paul Buckmaster (Elton John), o produtor americano contatou Martyn Ford e sua orquestra (The Who, Caravan, Barclay James Harvest…) para estes arranjos agora famosos.
Com letra de Robert Hunter, esta peça épica em sete partes começa de forma ingênua, como um belo dia ensolarado, onde reconhecemos a voz emotiva de Jerry Garcia. Delicadamente, a orquestra nos conduz a uma valsa etérea. É imponente e percussiva. Em seguida, o Grateful Dead, através de um interlúdio arrebatador, nos convida a uma viagem ao Oriente Próximo e Extremo com toques de música country. A peça conclui em uma atmosfera celestial e sublime com a adição de um coro inglês.
Um álbum que pode agradar até mesmo àqueles que não são totalmente convencidos pela música do Grateful Dead.
Títulos:
1. Estimated Prophet
2. Dancing in the Street
3. Passenger
4. Samson and Delilah
5. Sunrise
6. Terrapin Station
Músicos:
Jerry Garcia – guitarra, voz;
Bob Weir – guitarra, voz;
Keith Godchaux – teclados, voz;
Donna Jean Godchaux – voz;
Phil Lesh – baixo;
Bill Kreutzmann – bateria;
Mickey Hart – percussão.
Produção: Keith Olsen
Sem comentários:
Enviar um comentário