Estamos em 1973. Em poucos meses, o açúcar castanho da heroína mata dois grandes amigos de Neil Young: o guitarrista dos Crazy Horse- Danny Whitten; e o roadie Bruce Berry. Tonight’s the Night é a homenagem e elegia aos amigos perdidos; e um ajuste de contas com a mitologia do rock, repensando o lugar que as drogas, a morte e a fútil fama ocupam no seu seio.
Como se faz o luto no rock? Tonight’s the Night responde sem ambiguidades: colocando o volume dos amplificadores no máximo, deitando tudo cá para fora, chorando e rindo ao mesmo tempo. As garrafas de tequila, entornadas noite adentro, ajudam a anestesiar a dor; mas é preciso, em certa medida, fazer o contrário: agarrar a mágoa pelos cornos, expurgá-la, e, ao mesmo tempo, celebrar o milagre de se estar ainda vivo.
Tonight’s the Night é esse grito confuso de dor e vitalidade, registado na fita tal como aconteceu: gravado ao vivo numa exígua sala de ensaios, ao primeiro take, sem truques de estúdio a maquilhá-lo. Por isso, tudo é tão fluido e verdadeiro. Como uma criança a chorar com um brinquedo partido na mão.
Nunca Neil Young levara tão longe a sua filosofia de capturar a verdade do momento, em detrimento de uma perfeição asséptica e mentirosa. Parte da grandeza de Tonight’s the Night provém, justamente, das suas imperfeições: a voz de Neil a fraquejar nas notas mais altas, as harmonias vocais inacabadas, os erros técnicos na distância do microfone. A transparência é absoluta, raiando o obsceno; uma janela indiscreta por onde, voyeurs, espreitamos tudo.
After The Gold Rush terá, porventura, melodias mais fortes; Harvest será, com certeza, mais preciso e rigoroso. Mas pela sua brutal honestidade, e intimidade quase pornográfica, Tonight’s the Night será sempre o meu preferido. Nele, Neil transforma a dor profunda em rasgos únicos de beleza. Haverá outra maneira de se fazer grande arte?
Não tenhamos dúvidas: Native Invader é o melhor disco de Tori Amos dos últimos longos tempos. Boas notícias, portanto!
Tori Amos perdeu muita da quase unanimidade que teve nos primeiros tempos do seu percurso artístico. Muitas terão sido as razões para que público e crítica a tivessem, passe a expressão, abandonado. Pouco importa agora tentar perceber o que realmente terá acontecido, mas é inegável que Tori Amos foi a menina bonita de meio mundo aquando dos seus primeiros quatro álbuns a solo, Little Earthquakes (1992), Under the Pink (1994), Boys For Pele (1996) e From the Choirgirl Hotel (1998). Mas na vida tudo se altera num instante, e a carreira da cantora e compositora norte-americana sofreu um ou outro revés, um ou outro momento de menor relevância. Também neste caso há nomes de trabalhos a reter: Abnormally Attracted to Sin (2009), Midwinter Graces (2009) e Night of Hunters (2011). A verdade é que Myra Ellen Amos (é esse o seu verdadeiro nome de batismo) foi perdendo alguma chama, embora continue a gozar de prestígio acima de qualquer suspeita. Ainda há quem veja nela uma segunda Kate Bush (ou, pior ainda, uma imitação da inglesa), ou apenas uma artista que se fez valer dos seus good looks para triunfar no sempre difícil mundo da música e do espetáculo. Mas não nos prendamos com estes e outros disparates sobre Tori Amos. O que importa agora é perceber que está de volta aos discos através de Native Invader, álbum saído este mês e que o Altamont já ouviu para vos poder dizer o que realmente é necessário saber sobre este seu décimo quinto trabalho em nome próprio.
Numa primeira impressão, Native Invader é Tori Amos até à medula do que se ouve. Está lá a voz que tão bem a caracteriza, estão lá as melodias muitas vezes apoiadas no piano (o seu velho companheiro de sempre), também por lá andam sopros de inquietação em certos momentos melódicos e cantados. A maior novidade, se assim quisermos chamar, será o conteúdo político dos versos de alguns dos temas do álbum. Versos anti-Trump, pois claro, embora nem mesmo aqui a novidade seja gritante, sobretudo se pensarmos que muitos outros dos seus colegas de profissão têm alinhado nessa mesma postura combativa e ideológica. No entanto, em Scarlet’s Walk (2002), o seu primeiro disco surgido após o tenebroso 11 de novembro de 2001, já Tori Amos se mostrava atenta em relação ao seu próprio país e ao que nele acontecia. De qualquer das formas, Native Invader é claramente um back to form de alguém que, para nós, nunca a perdeu assim tanto, embora tenha atravessado um ou outro deserto de ideias, sobretudo com a entrada do novo século.
O disco abre com “Reindeer King”, soberbo tema que faz parceria com “Wildwood”, a sétima proposta de Native Invader. São essas as melhores canções das quinze que o álbum nos dá. Mas há outras de qualidade equivalente, como são “Bats” ou “Broken Arrow”. Pelo que conseguimos ler dos seus versos, Tori Amos continua a mostrar possuir uma muito particular visão da existência humana, mas também uma relação com a dor (a sua e a do mundo) bastante idiossincrática. Ouça-se, por exemplo, a ainda não mencionada “Wings” para se perceber o que dizemos, para entendermos a mágoa e os seus periféricos adjacentes. Tudo com a tranquilidade inquietante a que sempre nos habituou. O mundo não é um lugar onde o sol brilha a todo o instante. O mundo não é um lugar onde o sol brilha para todos, e por isso é nas sombras que melhor entendemos a essência de tudo, sobretudo daquilo que somos.
Native Invader é um disco muito conseguido, um trabalho que reabilitará (assim o cremos) uma artista que já nos deu canções como “Silent All These Years”, “Cornflake Girl”, “Mr. Zebra” ou a mais superlativa de todas as que alguma vez compôs “Hey Jupiter”. Por isso, mas também por tantas outras circunstâncias que agora não importa documentar, há que haver respeito por Tori Amos, e Native Invader força-nos a isso.
Para além das pichações em muros hipotéticos há uma música para ser descoberta. O problema é os muros serem mesmo muito altos. Mas que se dê uma oportunidade às Anarchicks.
Desde que as Anarchicks surgiram, no início desta década, que têm sido arredadas de todas e quaisquer discussões acerca da vitalidade da música portuguesa. Dentro da “cena” e fora dela, o nome Anarchicks é, até, visto por muitos com um certo desprezo, quando não mesmo com ódio puro. Há uma determinada intelligentsia que se recusa sequer a dar uma oportunidade ao quarteto, que nos últimos cinco ou seis anos tem editado discos e EPs, tem dado concertos em festivais e não só, e tem tentado fazer com que Portugal acorde para o fenómeno riot grrrl, sendo precisamente essa a sua bandeira.
É também por isso que é muito fácil odiar as Anarchicks. Se é verdade que poucas ou nenhumas bandas formadas por mulheres têm surgido ou causado burburinho em Portugal (com honrosas excepções), levando a que um protótipo que seja de um movimento riot grrrl deva ser valorizado, não é menos verdade que esse rótulo, nas lisboetas, soa despudoradamente falso e desprovido de sentido. O slogan, nas Anarchicks, não é o estandarte de uma revolução por chegar; é uma manobra de marketing construída a pensar na geração Tumblr. Se a música é uma arma elas são o gatilho, diz-se. Até podem perfeitamente sê-lo. Não têm é disparado porra de bala nenhuma.
Porque retiramos a música – e já lá vamos – às Anarchicks e o que resta é uma panóplia de lugares comuns feministas, que mais parecem uma paródia do feminismo em si que uma palavra de ordem genuinamente revolucionária. Phonies, para citar esse grande líder da alienação adolescente, Holden Caulfield, o emo que não sabia que o era. Até pode ser que as Anarchicks acreditem, individualmente, nos valores que apregoam, e tudo indica para que assim seja. O problema é que não os sabem explicar, materializar, preferem esconder-se no vácuo de uma cantilena massificada. Basta ler toda e qualquer entrevista que dêem.
No fundo, as Anarchicks gostariam de ser as Pussy Riot, esquecendo-se que as Pussy Riot não são uma banda. São propaganda. São um grupo de ativistas que se juntaram e se lembraram que tinham escondidas, algures no sótão dos pais, um par de guitarras e um kit de bateria. Daí colocarem uma ênfase muito maior nessa mesma propaganda, como seres unidimensionais: nós somos as Anarchicks e para além disto não somos mais nada. Reparem na inteligência do nosso nome, Anarquia + Raparigas, e de pronto nos esquecemos que elas, na verdade, até fazem música, porque fomos engolidos por tudo o resto.
Mas foquemo-nos, isso sim, na música: demasiado inofensiva para ser uma ofensiva contra o patriarcado, suficientemente bem tocada para que, não fosse toda a bagagem riot chic que elas enfiaram no avião, se pudesse dizer que as Anarchicks fazem parte, sim, dessa coisa que é a vitalidade da música tuga. Afinal de contas, não é todos os dias que surge em Portugal uma banda formada por quatro mulheres que toca rock n’ roll dançável seguindo a cartilha das Au Pairs e das Delta 5, grupos que foram riot grrrl antes das Bikini Kill tocarem sequer um acorde. E isso está patente, também, em Vive La Ressonance, EP editado este ano.
Vive La Ressonance é um conjunto de cinco faixas onde as três primeiras em nada ficam atrás das grandes coqueluches da imprensa nacional e seus derivados internéticos: um baixo proeminente aponta às ancas, as guitarras vão rebentando aqui e ali e, acima de tudo, há ruock – a faísca de algo que não sabemos o que é mas que esperamos que se torne incêndio. Isso está bem patente em “Rebus”, e alastra para “Out Of Time” (exemplo de como o rock pode ser simultaneamente bom e radiofónico) e para “Black Box”, ginga pós-punk a relembrar os bons velhos tempos da Nova Iorque do início do milénio.
Há tropeções, claro: uma versão muito mal amanhada de “Helter Skelter”, clássico dos Beatles que mais parece ter sido incluída para conferir, ao EP e às Anarchicks, uma certa aura de “credibilidade”, e a aberração que dá pelo nome de “Imortais”, onde todo o mal que se apontou anteriormente ao grupo toma a forma de um electro-punk-chachada, com vocais que mais parecem saídos de um anúncio do Canal Panda e versos pseudo-arma que fariam com que até Valerie Solanas virasse dona de casa e militante do CDS-PP. A conclusão lógica: as Anarchicks deveriam limitar-se a fazer música. A conclusão sensata: se é para fazer do feminismo uma bandeira, então não se limitem a comprá-la nos chineses. Caso contrário, arriscam-se a que o pagode se sobreponha à seriedade.
O punk, já não como regulamento, mas sim como puro espírito.
O punk explode em ‘77 no Reino Unido. Duas bandas lideram o golpe de estado: os niilistas Sex Pistols e os esquerdalhos Clash. Quando os Pistols acabam em Janeiro de ‘78, é sobre os últimos que recai o fardo de manter a chama acesa. A banda de Strummer não desilude, dando ao mundo o seu segundo (e grande) álbum punk: Give’ Em Enough Rope.
Mas o que era antes um saudável movimento de ruptura e inovação, depressa se transformara numa nova ortodoxia. Os moralistas de crista e alfinetes acusam os Clash de se terem vendido, criticando a escolha do produtor americano e apontando o dedo ao seu som mais polido. A reacção fora tão mesquinha que no ano seguinte os Clash decidem fazer um manguito à patética “polícia do punk”, rompendo todas as amarras estéticas numa brilhante reinvenção. A esse magnífico “fodei-vos” deram o nome de London Calling.
Nesta obra-prima, o punk pode desaparecer enquanto cartilha musical mas permanece mais vivo do que nunca enquanto espírito rebelde. A raiva contra a máquina está por todo o lado: na fotografia de capa, com Paul Simonon escavacando o seu baixo contra o palco; nas palavras de Strummer, com as miras bem apontadas ao vazio da sociedade de consumo e à nossa cobarde cumplicidade.
Se nos primeiros anos os Clash pretendiam fazer tábua rasa da tradição rock, chegando mesmo a cantar “no Elvis, Beatles or the Rolling Stones”, London Calling faz justamente o oposto, reconhecendo-se enquanto elo de uma bonita história, e homenageando ternamente os seus antecessores. Daí a sua amálgama de estilos musicais: do rockabilly à soul, da produção barroca à Phil Spector ao jazz. A capa a verde e rosa, numa citação ao icónico primeiro álbum de Elvis, assenta na mesma premissa: o passado, antes inimigo, é agora cúmplice.
Mas não se pense que os Clash se contentam com o mero pastiche. O que é fascinante em London Calling é a margem de reinvenção, com as vozes e guitarras rudes de Strummer e Jones despenteando as formas originais. O exemplo paradigmático é a própria canção-título, onde os seus elementos reggae se tornam quase irreconhecíveis por debaixo da cinza apocalíptica.
Na miríade de sabores musicais de que é feito London Calling, os travos jamaicanos predominam: do rocksteady ao ska, do reggae ao dub. O próprio imaginário das canções é povoado pelos guetos jamaicanos de Londres: o bandido “Jimmy Jazz”; os resistentes de “Guns of Brixton”. Os Clash foram os primeiros a formar esta sagrada aliança entre a tribo punk e a rastafariana, unindo a rebeldia branca e a negra num mesmo combate. Quando em ’77 os boçais skinheads começam a infiltrar-se no movimento punk, os Clash clarificam de imediato a sua posição anti-racista. Ao contrário do demente Sid Vicious, Joe Strummer nunca passeou pela rua com uma suástica na lapela. London Calling é o corolário natural de todo este processo de miscigenação: o disco mais mestiço da Inglaterra dos setenta.
Estamos em pleno pico de criatividade dos Clash, com melodias fortíssimas jorrando umas atrás das outras. Um só disco não consegue albergar tal manancial criativo. O duplo LP surge como solução natural, e a generosidade da banda para com os fãs é tamanha que este é vendido ao preço de um. Dos dezanove temas de London Calling, só a monocórdica “Four Horsemen” é palha; as demais dezoito são todas indispensáveis. Entre elas estão clássicos absolutos como “Spanish Bombs”, “Lost in the Supermarket” e “Train in Vain”. Perdoem-me a heresia mas nem o White Album é um álbum-duplo tão consistente.
London Calling é a válvula de escape que permite a toda uma geração libertar-se do beco sem saída em que se encerrara o punk. Quase quatro décadas depois, permanece como referência inspiradora. Onde houver rock de combate e ternura pela tradição, sabemos que as sirenes de Londres nos convocam outra vez.
Baseados em Berlim, a banda MYTHOS se formou como um trio em 1969 através do multi-instrumentista e cantor Stephan Kaske, o baixista Harald Weisse e o baterista Thomas Hildebrand. Vários shows aconteceram em 1970, mas 1971 foi definitivamente um ano "frutífero" para o MYTHOS pois eles tocaram no lendário Festival Langelsheim (apelidado de Woodstock alemão) e logo assinaram com o selo Ohr. No ano seguinte o autointitulado álbum vê a luz.
O disco começa com o delicado e curto tema instrumental "Mythoett" uma peça de flauta clássica, bebendo na fonte de Handel e lembrando "Bourée" do JETHRO TULL.
A seguinte: "Oriental Journey" como tantas outras missões musicais e espirituais de dessa era , virou-se para o leste em busca de inspiração, uma combinação estranha, mas muito pessoal de Kraut e música étnica com citara, vocais distorcidos assombrosos, flautas, e sintetizadores, acrescentando percussão, tablas, e mais ecos de estúdio para esconder os vocais às vezes "dolorosamente" inseguros.
O clichê jam-session de "Hero's Death" é desajeitado, mas divertido, especialmente quando a voz de Stephan Kaske começa rasgando como um adolescente à beira da puberdade. É uma peça cósmica, outra bela experiência de Disco/Kraut-Rock com uma seção rítmica potente, a atmosfera viajante está novamente presente, mas o que realmente chama a atenção é as guitarras elétricas dinâmicas de Kaske juntamente com suas flautas e mellotron.
Fechando o disco temos, "Enciclopédia Terra Parts 1 & 2", utilizando orquestrações experimentadas em "Saucerful Of Secrets" do PINK FLOYD que influenciou muitas bandas da cena Krautrock, mas mostrando um enfoque conceitual um pouco fechado. Depois de um início lento, riffs elétricos de alta classe e seção rítmica que pode explodir a mente de qualquer pessoa com a sua inspiração magistral e efeitos na segunda parte da composição, onde um secção instrumental suave com órgão de sonho e guitarra delicada desenham um final dramático, com solo de mellotron, uma brilhante inspiração!
Esse álbum de estréia do MYTHOS é realmente o que a verdadeiro Kraut-Rock produziu nessa época. Cósmico, mas delicado, difícil, mas também suave, musicalidade de alto nível.
RECOMENDADO!!!
Tracks: 1. Mythoett (3:08) 2. Oriental Journey (8:16) 3. Hero's Death (9:47) 4. Encyclopedia Terra Part 1 (10:17) 5. Encyclopedia Terra Part 2 (7:24) Time: 38:52
Eis um Prog underground real. Hard Rock psicodélico com produção crua e direta, letras em alemão, guitarra acid-fuzz insana, órgão de garagem, atmosfera sombria e proto-Doom... um verdadeiro achado!
Com o nome do famoso livro de H. P. Lovecraft, o NECRONOMICON foi formado na cidade alemã de Aachen em 1970, influenciado por bandas como BLACK SABBATH, DEEP PURPLE, PINK FLOYD e Jimi Hendrix. Em 1972 a banda entrou em um pequeno estúdio na fronteira holandesa e gravaram em apenas cinco dias um álbum conceitual chamado "Tips zum Selbstmord". O título do álbum pode ser traduzido como "Dicas sobre como cometer suicídio", mas a mensagem que a banda queria passar não tinha nada a ver com tirar a própria vida, mas sim com a forma como a humanidade estava enfrentando a autodestruição, destruindo seu próprio planeta pela poluição. guerras, exploração e superpopulação. 500 cópias do álbum foram impressas em particular pela banda, alojadas em uma luxuosa capa dobrável em forma de cruz. Foi uma tradução gráfica do que eles queriam expressar musicalmente.
Cópias originais são impossíveis de encontrar, tornando-o um dos álbuns Kraut/Alemão mais desejados e procurados de todos os tempos. ”NECRONOMICON criou uma visão sombria e poderosa que combina música psicodélica e progressiva com uma sensibilidade de banda de garagem proto-Punk” – Rolf Semprebon (AllMusic). Confira !!!
A progressão da banda NEKTAR de "Journey to..." para este segundo disco é notável. Deve-se notar que "A Tab..." foi lançado no mesmo ano que (entre outros) "Foxtrot", "Three Friends", "Close To The Edge" e "Thick as a Brick". A esse respeito, embora talvez não seja tão "ótimo" ou "incrível" quanto qualquer um deles, é extremamente criativo, além de fornecer inúmeras previsões sobre o que a banda faria a seguir. O conceito um tanto nebuloso que perpassa as três suítes estendidas do álbum é a ideia de colocar uma enorme “aba” de LSD no oceano. Nesse sentido, o álbum quase certamente foi feito para ser ouvido sob a influência de alucinógenos, o que definitivamente intensificou a experiência musical. No entanto, mesmo sem ele, os arranjos do álbum são enganosamente simples, com muitos jogos cromáticos. A suíte de título estendida abre com algumas ondas do mar simples, mas eficazes e efeitos eletrônicos, move-se para uma bela figura de órgão e, em seguida, explode em um "tema de abertura" altamente teatral, quase como o prelúdio de um musical. (Declarar um "tema" no início de uma música mais tarde se tornaria uma "assinatura" para a banda.) Após a introdução estendida, há uma seção ("Falling"), que é a primeira vez que temos uma previsão de alguns do trabalho posterior da banda. Em seguida, vem uma seção instrumental com um padrão de teclado repetido (algo que se tornaria outra "assinatura" da banda). Em seguida, obtemos um belo exemplo do estilo de guitarra arpejado distintivo (e, sim, característico) de Roye Albrighton. A peça termina com uma boa recapitulação do tema principal por meio de um outro baseado em órgão. A segunda "suíte" "Desolation Valley/Waves" abre com um tema muito PINK FLOYD, movendo-se para uma boa seção tingida de Jazz, incluindo alguns realmente belos trabalhos de guitarra e baixo. Isso segue para uma seção muito mais pesada, "rock", e de volta ao tema principal. Depois de mais uma rodada disso, a peça se move para uma jam silenciosa, com mais toques de arpejo que predizem trabalhos futuros de NEKTAR. A suíte termina com uma jam agradável e tranquila. A suíte final "Crying in the Dark/King of Twilight" abre com uma guitarra wah-wah elegante, movendo-se para uma seção seriamente "Rock and Roll. Depois, há uma jam maravilhosa, com órgão, guitarra e baixo, bem como um dos melhores solos de Albrighton em 5:20-6:15. À medida que "Crying" segue para "King", temos uma sólida guitarra rítmica (há um ritmo muito sólido / trabalho de acordes de guitarra ao longo do álbum) e algumas harmonias vocais melancólicas de Blues. A música passa por três delas, mais uma pausa curta, mas particularmente boa, e termina abruptamente na - apropriada - palavra final do álbum - "Free". / Embora haja algo (possivelmente muito) neste álbum que alguns possam considerar mais Rock "direto" do que Progressivo, não há dúvida de que a banda estava usando sensibilidades progressivas recém-descobertas de maneira deliberada e consciente. E eles teriam sucesso em "juntar tudo" - espetacularmente - com seu próximo álbum, "Remember the Future". Nesse ínterim, "A Tab in the Ocean" merece um lugar em sua coleção, tanto como um exemplo maravilhoso da progressão da banda quanto como um lançamento altamente criativo e indiscutivelmente importante em um momento bastante inicial do Progressivo.
Tracks:
1. A Tab in the Ocean (16:53) ◇
2. Desolation Valley / Waves (8:13) ◇
3. Crying in the Dark (6:29)
4. King of Twilight (4:22)
Total: 35:57
Bonus tracks on 2004 remaster - Album's 1976 US Mix:
5. A Tab in the Ocean (16:04)
6. Desolation Valley / Waves (8:33)
7. Crying in the Dark (5:14)
8. King of Twilight (4:05)
Musicians:
- Roye Albrighton / guitars, lead vocals
- Alan "Taff" Freeman / keyboards, Mellotron, backing vocals
Depois do impressionante "Concerto Grosso Per I", o NEW TROLLS se lançaria num ambicioso projeto que se tornaria este álbum, um vinil duplo com duas fases distintas, a parte de estúdio maioritariamente assinada pelo guitarrista De Scalzi, enquanto a segunda parte é gravada ao vivo e mais fruto do cantor/guitarrista Di Palo. Claramente, a diferença de estilo entre os dois escritores principais deu ao álbum uma sensação esquizofrênica. Cantado em inglês com letras conceituais vindas do recém-chegado ítalo-canadense Laugelli no baixo, vindo com uma arte desdobrável e obtendo promoção nacional, o álbum não teve o sucesso esperado, devido em grande parte à esquizofrenia mencionada, mas também ao seu comprimento.
De fato, o primeiro disco é uma sucessão bastante irregular, mas geralmente finalizada, de faixas que têm sua própria personalidade. Começando com uma saudação "Searching" (uma música soberba e tensa que consegue prender nossa atenção e nos prender ao nosso assento), o primeiro disco é irregular, aparentemente, as canções são baseadas nas desilusões de um homem e sua busca por territórios desconhecidos, embora não duvidem de seu destino condenado. "St Peter's Day" é uma faixa de tom religioso que soa como se David Bowie estivesse presente, mas o Folk rock da faixa realmente decola com o mellotron. 'Once That I Prayed" tem uma bela introdução de piano. "A Land To Live" começa como um projeto de Canterbury Sound, antes de ceder em um longo solo de órgão que Sinclair do CARAVAN não rejeitaria. Enquanto "Giga" é uma mini faixa de violões, a última faixa "Edith" é puro deleite, dividindo a tensão das linhas de guitarra e o sintetizador de Salvi.
O segundo disco é bem diferente, (falsamente) gravado ao vivo e mostrando a fachada mais áspera e crua do grupo, mas também sofra com a falha de gravação com o público mixado (ou overdub) muito alto. A faixa "Intro" é uma espécie de vitrine para os instrumentos se exibirem, "Bright Lights" mostra um Hard-Blues-Rock. "Muddy Madalein" pode lembrar "Black Knight" do PURPLE com uma flauta TULL/FOCUS incrustada. A longa "Lying Here" é agradável e, após um longo solo de órgão (6 minutos), a faixa decola no estilo COLOSSEUM com uma extravagância de guitarra estendida.
Com este álbum, a banda estava claramente ampliando seus talentos e ficou claro que seus dois guitarristas "puxam" em direções diferentes, criando uma esquizofrenia que ainda permitiria à banda fazer outro grande álbum antes de quebrar.
Tracks:
1. Searching (4:45)
2. Percival (5:22)
3. In St. Peter's Day (5:00)
4. Once That I Prayed (4:00)
5. A Land to Live a Land to Die (8:25)
6. Giga (2:05)
7. To Edith (8:40)
8. Intro (7:20)
9. Bright Lights (6:45)
10. Muddy Madalein (2:25)
11. Lying Here (17:25)
Total: 72:12
Musicians:
- Vittorio De Scalzi / acoustic guitar, ARP synth, vocals
- Nico Di Palo / electric & acoustic guitars, lead vocals
Esse segundo álbum do NUOVA IDEA é um trabalho conceitual baseado nas provações, tribulações e devaneios de um trabalhador de escritório frustrado e foi fielmente reproduzido em uma linda capa de papelão dobrável, embora algumas notas de encarte adicionais teriam sido um toque agradável. Apesar da arte em preto e branco, não há maldade monocromática na música, que é uma coleção surpreendentemente diversa que mistura reminiscências psicodélicas ao estilo dos BEATLES com Hard Rock e uma progressão sinfônica. Os destaques incluem peças mais pesadas como "Un'Ora Del Tuo Tempo" e "Premio Di Una Vita", que apresentam um excelente trabalho de teclado em meio a seus riffs pesados.
O disco abre com "Sveglati Edgar" que começa com um alarme tocando trazendo PINK FLOYD à mente, mas então a começa com os vocais graves. Uma guitarra adiante e ruídos da rua chegam após 3 minutos e meio. "Mr. E. Jones" é liderada melodias vocais e sintetizadores enquanto a bateria continua seu fluxo. Cativante. O órgão vem rasgando após 2 minutos. "Viaggio Nel Mondo Dei Sogni" abre com atmosfera e órgão flutuante enquanto os vocais aparecem. Ela fica mais "cheia" conforme os contrastes continuam. "Un'ora Del Tuo Tempo" apresenta alguns sintetizadores com guitarra e bateria. Algumas boas execuções de órgão seguem e um Jazz-Rock aparece antes de 3 minutos.
"Fumo Di Una Sigaretta" abre com guitarra e voz suaves. A percussão segue conforme o som fica mais cheio. Embora ainda seja descontraído. "Illusione Da Poco" tem mais de 9 minutos de êxtase. O violão começa esparso e dedilhado, a bateria aparece em cerca de um minuto, seguidos por vocais apaixonados. Ótimo som. Guitarra e os teclados soam incríveis também. A guitarra entra rasgando após 3 minutos e meio. "Premio Di Una Vita" é pesada para começar, mas fica leve quando os vocais chegam. A guitarra acende após 2 minutos. O órgão fica furioso. Uma calma com piano antes de 3 minutos e meio e depois começa aos 5 minutos. O órgão está de volta. Guitarra antes de 6 minutos, então um grande final. "Un Altro Giorno" termina o disco com piano e voz reservados.
Resumindo, "Mr. E. Jones" é um disco RPI muito bom e direto deste grupo obscuro. Se você gosta do estilo e já tem todos os clássico, com certeza deve conferir.
Tracks: 1. Svegliati Edgar (3:35) 2. Mr. E. Jones (3:15) 3. Viaggio Nel Mondo Dei Sogni (5:35) 4. Un'Ora Del Tuo Tempo (5:30) 5. Fumo Di Una Sigaretta (2:23) 6. Illusioni Da Poco (9:08) 7. Premio Di Una Vita (7:08) 8. Un Altro Giorno (4:00) Time:40:34
Após o EP "O Visitante", Jorge Miden, membro fundador e até então protagonista do nome O TERÇO, teve desentendimentos com os demais integrantes e deixou o grupo. O guitarrista Sérgio Hinds decidiu registrar o nome O TERÇO para evitar futuras ações judiciais da Amiden. Para todas as intenções e propósitos, Hinds agora "possuía" o nome e todos os outros membros gravitariam em torno dele a partir daquele momento. Após um novo single ("Ilusão de Ótica" e "Tempo é Vento") o grupo optou por uma abordagem Rock muito mais pesada, que se reflete nesse seu segundo álbum chamado simplesmente "Terço" (sem o "o", também conhecido como "O Terço II"). O grupo contou com a ajuda de alguns convidados de peso para este lançamento como o consagrado saxofonista Paulo Moura, o percussionista Chico Batera e Luiz Paulo Simas (ex MÓDULO 1000), provavelmente o melhor tecladista de Rock do Brasil e um dos primeiros especialistas em música do país. o então inovador sintetizador moog.
O lado A é principalmente um Rock pesado, em músicas como "Deus" e "Lagoa Das Lontras", enquanto o número acústico "Estrada Vazia" é o elo com seu trabalho anterior apoiando diversas bandas brasileiras. "Rock do Elvis" é uma faixa melancólica de rock. O Lado B é uma ambiciosa suíte de 19 minutos dividida em cinco partes. Uma mistura de ambiente psicodélico, guitarras de Rock pesado e tendências Progressivas. Percebe-se muitas influências aqui, principalmente de bandas inglesas da época como URIAH HEEPeLED ZEPPELIN.
A produção aqui é bem melhor do que todas as gravações anteriores, muito profissional e muito bem equilibrada no geral. Um verdadeiro feito para a época. Suas proezas vocais continuaram a crescer, sendo melhores que 95% de todas as bandas brasileiras da época. Hinds também se mostra um guitarrista brilhante. Ele poderia tocar praticamente qualquer coisa. Mais do que mostrar versatilidade, O "Terço II" nos apresentou um grupo que alternava em todos esses estilos, mas ainda não sabia para onde ir. A banda resolveria esse problema quando gravou seu terceiro álbum, o inovador "Criaturas da Noite", em 1975.