Entre 1990 e 1994, MTV premiou as três bandas brasileiras com o troféu "International Viewer's Choice Award"; relembre
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No último domingo (28), como você sabe, Anitta fez história ao ser a primeira brasileira a vencer um prêmio e se apresentar no Video Music Awards da MTV dos EUA, o VMA.
Em 2020, a brasileira Any Gabrielly, então com 17 anos, já havia sido a primeira brasileira indicada à premiação como parte do grupo Now United, quando concorreu com BTS, Twenty One Pilots e outros.
Mas o que você talvez não saiba é que, entre 1990 e 1994, o VMA já premiou três bandas brasileiras com o troféu “International Viewer’s Choice Award”, categoria em que fãs de vários países ao redor do mundo escolhiam seus próprios vencedores.
Titãs e Sepultura ganharam esse astronauta duas vezes cada: Sérgio Britto e companhia por “Flores”, do disco Õ Blésq Blom (1990), e “Será Que É Isso o Que Eu Necessito?”, faixa que abre o sensacional Titanomaquia (1993).
Já o grupo de Andreas Kisser venceu com “Orgasmatron”, do álbum Arise (1991) e com “Territory”, do Chaos A.D. (1994). O vencedor em 1992 foi o Nenhum de Nós, com o clipe de “Ao Meu Redor”.
Em 1995, a MTV Brasil passou a realizar o Video Music Brasil (VMB), e a categoria foi incorporada à premiação nacional, ganhando o nome de “Escolha da Audiência”.
Ou seja, antes do Pop nacional ganhar o mundo com a patroa Anitta, o Rock feito no Brasil já era reconhecido pela MTV americana. Que demais, né?
VJ Gastão Moreira aceitou o prêmio de “Territory”
Confira abaixo uma dessas premiações, quando o Sepultura venceu em 1994. No VT em que anuncia os ganhadores, o VJ da MTV Brasil Gastão Moreira aparece na famosa Galeria do Rock, em São Paulo, aceitando o prêmio em nome da banda.
O primeiro álbum de Carlos Paredes, Guitarra Portuguesa, disputa a condição de obra maior com o tomo seguinte, Movimento Perpétuo. Há um argumento forte para o primeiro ganhar o braço-de-ferro. Chama-se “Canção Verdes Anos”.
Não poderia haver nome mais apropriado para o primeiro disco de Carlos Paredes do que Guitarra Portuguesa, de tal forma é impossível, no seu caso, separar quem toca do que é tocado. A sua própria postura em palco – a cabeça curvada sobre a guitarra, carne e madeira entrelaçados – traduz bem essa relação fusional. Por isso, Paredes nunca se separava da sua querida guitarra. Uma vez, num aeroporto, a guitarra perdeu-se, não havia meio de encontrá-la. Paredes desabafará: “cheguei a pensar em matar-me”…
Sem a guitarra Paredes é um mistério, escondendo-se por detrás da sua reserva e timidez olímpicas. Um exemplo: foi preso pela PIDE em 1958 – um ano e meio nos calabouços pelo crime de ser comunista – mas nunca partilhou com ninguém as suas amargas recordações. Porém, sabemos tudo. A guitarra denuncia. Algumas notas tão dolentes – outras, tão raivosas – escrevem, por si, a sua autobiografia.
Qualquer disco que tenha a guitarra portuguesa no seu centro transborda de portugalidade (quem inventou o nome do instrumento sabia o que estava a fazer). Há qualquer coisa no seu timbre que nos faz sentir em casa, acordando, mesmo nos mais avessos a sentidos patrióticos, uma inesperada ternura pelo que é nosso. O primeiro disco de Paredes vai, porém, mais longe: quem compõe e interpreta assim só pode ser português.
Não nos esqueçamos que Paredes é filho e neto de grandes guitarristas coimbrãos, estando toda esta tradição inscrita no seu ADN. O seu pai, Artur Paredes, foi – a par com Edmundo Bettencourt – uma grande figura da geração d’oiro do fado de Coimbra (a dos anos 20 e 30 do século passado). Carlos Paredes nunca teve aulas de guitarra portuguesa, aprendendo apenas vendo o pai a tocar. Ainda em miúdo, vai viver para Lisboa, mas sendo filho do grande renovador da guitarra de Coimbra, foi sempre depositário desta herança musical. Há salpicos coimbrãos por todo o disco mas é em “Melodia nº 1” e “Melodia nº 2” que este legado é mais evidente.
Outro eco de portugalidade: o folclore da Beira Baixa, como aquele que assoma em “Dança”, festivo e saltitante como um bailarico de aldeia. Sendo um homem da cidade, há também ruralidade nos seus mil dedos (Paredes sempre foi Portugal inteiro).
De uma forma mais subtil, mas porventura mais poderosa, há a presença de Lisboa em Guitarra Portuguesa, a luz prateada, os magotes de gente entornando-se pelas ruas, as gaivotas do Tejo riscando o céu de Lisboa… É o caso do tema mais conhecido do disco, a “Canção Verdes Anos” – roubada à banda-sonora do filme “Verdes Anos”, de Paulo Rocha -, evocando a Lisboa opressiva para os que vêm de fora, captando a angústia do jovem sapateiro vindo da província, um peixe fora de água, acossado e aflito na grande cidade. A “melancolia dourada da Lisboa das grandes avenidas”, para usarmos as próprias palavras do mestre…
Se atrás enfatizámos algumas continuidades com tradições já existentes, o que mais sobressai em Guitarra Portuguesa é justamente o oposto: a descontinuidade, o salto para o desconhecido. A sua linguagem é pessoalíssima, inventando toda uma nova gramática para expressar o que nos vai na alma. Se é verdade que Carlos Paredes sentia medo do seu pai – figura austera e dominadora -, construiu a sua voz artística em ruptura com a pesada linhagem familiar. A verdade estética não é negociável.
Aliás, é esse um dos grandes legados de Paredes: emancipar a guitarra portuguesa do fado, explorando as suas possibilidades como instrumento solista, muito para lá dos limites estreitos da canção coimbrã. Em Guitarra Portuguesa os acordes e as progressões têm um travo mais exótico e dissonante. Há imaginação melódica para dar e vender, entrelaçando vários trechos no mesmo tema, com guinadas inesperadas e criativas. O tempo é elástico, moldado como barro, esticado e encurtado a seu belo prazer, enquanto a viola do Fernando Alvim faz das tripas coração para pôr alguma ordem na casa. A música de Guitarra Portuguesa é inclassificável, demasiado sofisticada para ser considerada música popular, demasiado terra-a-terra para ser entendida como música erudita, habitando a solidão das margens, preço elevado – mas justo – para a arte acontecer.
Em Guitarra Portuguesa – e no segundo disco, Movimento Perpétuo – Paredes está no auge do seu virtuosismo. Porém, por mais impressionante que seja a sua agilidade técnica, é a beleza poética das suas composições – e a expressividade da sua interpretação – que tornam Paredes tão singular. Guitarra Portuguesa é só música na superfície. Quando chega a nós, e nos comove, é outra coisa já: talvez poesia, quem sabe, cinema, ou apenas a ribeira cristalina onde nos vemos ao espelho. Dor, saudade, esperança, luz…
Anthony Edwin "Ant" Phillips (Londres, 23 de dezembro de 1951) é um músico da Inglaterra conhecido por sua participação na banda Genesis.
Ele tocou guitarra e cantou como vocal de apoio até sua saída em 1970, seguido do lançamento do segundo álbum da banda, Trespass. Após aconselhamento médico, o músico deixou a banda por pânico de palco (apresentação em público).
Nursery Cryme, o primeiro álbum da banda após a saída de Phillips, contava com duas canções da época do músico na banda, "The Musical Box" e "The Fountain of Salmacis".
Anthony Phillips foi um dos membros originais fundadores do grupo Genesis junto a Peter Gabriel, Tony Banks e Michael Rutherford, deram origem ao álbum "Trespass", segundo da banda. Phillips (supostamente devido ao medo do palco) e foi substituído por Steve Hackett.
Nada foi ouvido novamente de Anthony até que em 1977, soprou para os quatro cantos um pouco mais da magia que outrora havia encantado todos os que tiveram oportunidade da audição de Genesis no princípio, seu primeiro álbum solo, "The Geese and the Ghost", embora Phillps não tenha sido o primeiro membro da banda a lançar um álbum solo (honra coube Steve Hackett, pelo estupendo "Voyage of the Acolyte", em 1975).
Ele é um dos grandes mestres ao redor do mundo na guitarra de doze cordas e composições para piano que remetem à inocência original Genesis, há tempos esquecida. Suas gravações de estúdio revelam um carácter distintivo para suas composições sobre esses instrumentos também. Alguns de seus álbuns são mais "progressivos" do que outros, especialmente "Sides", "Private Parts and Pieces II" (Imperdíveis para quem gostava do Genesis no início), "PP&P IX", e "Wise After the Event" (A Masterpiece).
O álbum de Anthony Phillips estreou em 1977 e é um dos melhores trabalhos, mas todos eles são excelentes. Mas em seu próprio gênero particular é um álbum que tem uma compilação de faixas de sua carreira solo. Este álbum é a introdução perfeita ao mundo do Anthony Phillips. Site Oficial.
01. Opening Theme (2:32) 02. Fast Work (2:45) 03. Dark Seas (2:09) 04. Cool Sailing (3:19) 05. Wildlife (3:42) 06. I Wish This Would Never End (5:15) 07. Salsa (2:20) 08. Opening Theme - Demo Mix (0:58) 09. Roaring Forties (2:46) 10. Lonely Whales (3:27) 11. Icebergs (2:01) 12. Majestic Whales (2:48) 13. In The Southern Ocean (3:05) 14. The Fremantle Doctor (2:16) 15. Long Way From Home (1:29) 16. Wildlife Flotilla (3:22) 17. Big Combers (3:04) 18. Cool Sailing II (3:19) 19. Cape Horn (1:37) 20. Amongst Mythical Birds (2:25) 21. Salsa (2:20) 22. Into The Tropics (2:56) 23. In The Doldrums (2:25) 24. Heading For Home & Victory (3:26)
Biografia de A Piedi Nudi Com sua combinação de sensibilidade dos anos 70 e poder dos anos 90, A PIEDI NUDI foi talvez uma das bandas mais sombrias da cena RPI durante a última das duas décadas. Sua música é um amálgama cru, mas potente, de ritmos tempestuosos e melodias agressivas. Durante sua carreira relativamente curta, eles lançaram três álbuns de estúdio e também tiveram uma extensa atividade ao vivo que incluiu uma aparição no ProgDay '98.
Eles lançaram seu álbum de estréia auto-intitulado em 1994 com uma formação que consistia em Mirko Schiesaro (vocal), Nicola Gardinale (guitarra, backing vocal), Cristian Chinaglia (teclados), Simone Bighetti (baixo, guitarra de 12 cordas), e Carlo Bighetti (bateria, flauta, backing vocals). O álbum é dominado por venenosos riffs de guitarra nu-metal e as faixas apresentam muitas voltas e reviravoltas, o que contribui para uma música intrincada, embora o efeito geral possa às vezes soar um pouco irregular.
O cantor Mirko Schiesaro partiu antes da gravação de seu segundo álbum, "Creazione" (1995), portanto o baterista Carlo Bighetti assumiu os vocais. Enrico Barchetta (trompa) foi alistado, embora o chifre seja usado com muita moderação e não adicione muito ao efeito geral. Geralmente, no entanto, "Creazione" apresenta um conjunto de músicas mais leve e aventureiro, se os resultados forem um pouco desconexos. Mais uma vez, a guitarra de Gardinale atravessa grande parte do material, embora os teclados tenham um papel mais proeminente desta vez.
Na época de seu último álbum, "Eclissi" (1998), eles haviam se expandido para um 6 peças com a chegada do cantor em tempo integral Mirko Andreasi, seu terceiro vocalista em tantos álbuns. Este lançamento testemunhou um retorno ao som pesado do primeiro álbum com uma bateria verdadeiramente estrondosa; a produção é soberba e de fato a estreia soa mansa em comparação com "Eclissi". As músicas ainda são complexas, embora tendam a fluir melhor do que as de "Creazione"; no geral, a música é menos fragmentada com menos trancos e barrancos.
O primeiro álbum da banda e "Eclissi" ainda estão disponíveis, embora "Creazione" esteja atualmente deletado. Em 1999, eles fizeram seu último show quando abriram o IL BALLETTO DI BRONZO em Roma, e posteriormente se separaram. Em 2004, Nicola Gardinale formou o NIC-G AND THE MOGSY, que posteriormente lançou um álbum de blues e funk. Um PIEDI NUDI é recomendado para quem gosta de seu RPI no lado pesado e possivelmente para fãs de Prog-Metal.
The Darkness apareceu pela primeira vez em 2003 com seu álbum de estreia, Permission to Land. Se alguém remotamente ciente naquela época negar saber 'I Believe In a Thing Called Love' – este revisor colocaria dinheiro neles mentindo. Retornando com um novo álbum, Motorheart, em uma época em que muitas bandas e artistas estão tentando mudar ou fazer uma ponte de gênero, sua marca especial de retrospectiva do rock ainda será tão amada quanto era?
Bem-vindo Tae Glasgae. Você pode não esperar ouvir os sotaques de Home Counties em falsete cantando uma ode a uma cidade escocesa, mas é isso que você está recebendo, pelo menos nos compassos de abertura.
O resto da faixa de abertura parece desconexo e como uma banda de garagem se aquecendo com mudanças vocais, escalando riffs de guitarra e pratos gratuitos. Soa mal? Você está errado.
Diretamente da cauda da abertura estranha, 'It's Love, Jim' nos traz de volta ao hard rock sem remorso que The Darkness primeiro rugiu em cena. Com gritos de hair metal dos quais Jim Gillette se orgulharia e riffs de guitarra e baixo galopantes ao estilo do Iron Maiden – é exatamente o que você esperaria do The Darkness.
No entanto, nem tudo é trovão e velocidade. Você não precisa ser louco por mim... Mas ajuda, mantém o ritmo no nível médio ou abaixo por todo o 3:33, apenas deixe os vocais de Hawkin lidarem com todas as mudanças dinâmicas.
A faixa-título, Motorheart, parece se inspirar no Metallica dos anos 90 – ou pelo menos instrumentalmente. Adicione um pouco da extravagância e do tom agudo de Justin Hawkin e isso marca a faixa com o som de assinatura da banda, principalmente na voz, se formos honestos.
Em quase cinco minutos, a pista consegue espremer habilmente muitos elementos. De um repouso suave no final, a um solo de Kirk Hammett no meio do caminho, mas consegue tudo sem se sentir confuso ou abarrotado.
O álbum começa forte e permanece sólido, na maior parte. Há algumas músicas preenchendo o meio que mantêm o tom, se encaixam, seguem a linha – qualquer que seja o termo que você preferir – para o álbum em geral, mas não se sustentam por conta própria.
O álbum não é sem seus pequenos erros no entanto. O Poder e a Glória do Amor é uma dessas bestas. Vocalmente, instrumentalmente e ritmicamente não há problemas, DEVE marcar todas as caixas. No entanto, é uma balada cantante no coração, e não chega às alturas de Love is Only a Feeling de seu trabalho anterior. A comparação pode ser a morte da alegria, mas é garantida aqui com a banda tendo um catálogo tão antigo dedicado ao Amor (com L maiúsculo).
Para uma balada melhor – pule essa faixa e vá direto para Jussy's Girl. Supondo que Jussy seja o vocalista Justin, a faixa parece mais fiel a uma balada de rock dos anos 80 que poderia envergonhar Bon Jovi – tudo isso enquanto exige que você se levante e cante em uma escova de cabelo ou air guitar pela sala como um filme da mesma época.
Como a música mais lenta da faixa está reservada para o final (uma prática que está começando a acabar com essa crítica…), So Long nos leva para fora dessa ode aos dias do hair rock. Sempre retrospectivo, mas nunca voltado para trás, o álbum é uma entrada sólida que consegue capturar a maior parte do que tornou seu álbum de estréia tão popular - apenas sem a mesma mágica do relâmpago em uma garrafa.
Robert Plant e Alison Krauss estão se reunindo após 14 anos. Separadamente, esses dois pesos-pesados vocais compuseram uma grande parte das demos do Richer Sounds nos anos deste revisor com a empresa. No entanto, aqui em um novo álbum de colaboração, eles serão solicitados tanto juntos quanto separados?
Esta não é a primeira vez que a dupla trabalha em conjunto para produzir sua marca particular de magia colaborativa. Seu álbum extremamente popular de 2007, 'Raising Sand', conseguiu chegar ao topo das paradas americanas e os dois provavelmente criariam a mesma química vocal elétrica novamente.
Liderados suavemente no álbum por 'Quattro' (World Drifts In), os dois cantores virtuosos harmonizam sem esforço desde o início. Às vezes, o tenor cadenciado de Plant assume a liderança, pairando sobre a mezzo-soprano comovente de Krauss. Apoiada por músicos de estúdio experientes, a faixa tem sua influência das influências mais recentes da 'world music' de Plant, com bateria profunda e tribal sublinhando a faixa por toda parte.
No entanto, quando cada cantor assume a liderança em faixas diferentes, sua influência é sentida intensamente. 'The Price of Love', é uma chance para Krauss brilhar. O suave sublinhado bluegrass dos banjos escolhidos e da guitarra de aço deslizante permite que Plant fique em segundo plano. Com seu impressionante alcance mais alto destacando os ricos conjuntos vocais da bela do sul, na faixa linda sem esforço.
'Trouble with my Lover', segue uma rota folclórica semelhante. É difícil não fazer comparações com outras estrelas country como Shania Twain e a lendária Dolly Parton quando você ouve faixas como essas. No entanto, Krauss inegavelmente se destaca por seu próprio mérito aqui e, de fato, por suas próprias obras.
Plant é quase fácil de esquecer nesta faixa, aparecendo apenas nas linhas do refrão para adicionar textura vocal e contraste aos vocais suaves de Krauss. É mais difícil escolher as faixas 'lideradas' por Robert Plant no álbum, já que Krauss aparece mais fortemente neste álbum amplamente country.
No entanto, em uma faixa que lembra seu trabalho anterior em Kashmir, 'You Led Me to The Wrong', Plant se destaca na faixa, em meio a uma névoa de violinos e guitarras ressonantes. Nesta faixa e em 'High and Lonesome', Plant assume a liderança com menos contribuição de Krauss. No entanto, onde ela aparece, sua voz poderosa ajuda a elevar o estilo de canto mais ofegante de Plant.
À medida que avançamos para o final do álbum, a presença de Plant é sentida mais nas faixas. Com palcos de som inclinados para uma escala maior e menos íntima e com instrumentos estranhos empinando sua cabeça. Este revisor teria preferido ter o álbum menos 'dividido' entre os dois artistas, mas como cada faixa é tão sólida, isso realmente é apenas um detalhe neste momento.
O álbum é tão polido e tão fácil de entrar quanto você esperaria desses dois veteranos. Uma mistura inebriante de bluegrass e rock/world music que os respectivos vocalistas trazem para o álbum se entrelaçam lindamente. Às vezes, suas vozes soam como uma só, como em 'My Heart Would Know'. O álbum é irrestrito por história ou conceito… e é simplesmente um trabalho colaborativo fantástico.
Era 1992 e o REM, para muitos, havia se tornado uma banda “mainstream”, deixando seu passado “indie” para trás. Os trabalhos anteriores foram tão excepcionais que “Document” (1987), “Green” (1988) e “Out of Time” (1991), entre os quais se destacaram singles tão esplêndidos como “The One I Love” ou “Losing My Religion”. Eles eram muito difíceis de vencer.
No entanto, críticos e fãs não estavam preparados para ver um Michael Stipe afirmando letras feitas de fracassos amorosos, dor e morte. « A mortalidade fala da fragilidade e da beleza da vida, e de viver a vida ao máximo no presente », disse o vocalista numa entrevista sobre a inspiração que teve ao desenvolver o tema principal de “Automatic for La gente”.
« Acho que é a nossa gravação mais coerente. É o mais forte do início ao fimO baixista Mike Mills explicou em um comunicado de imprensa publicado em 2017 quando o LP completou 25 anos. A reflexão e a grande ênfase na solidão deslumbrou seus seguidores que viram neste trabalho a maior conquista global da banda georgiana. O nome do álbum vem do mote usado em um restaurante na cidade natal da banda, Atenas e a capa foi criada pelo famoso fotógrafo Anton Corbijn que através deste instantâneo manifestou o que viria neste LP que começa com "Drive". O single feito com grande majestade na versão acústica nos deu sinais suficientes de que o sombrio seria o maior prenúncio dessa turnê musical – sem coros – decorada pela sombria orquestra conduzida pelo Led Zeppelin John Paul Jones.
“ Às vezes está tudo errado. Agora é hora de cantar junto / Quando seu dia é noite sozinho, (espere, espere) / Se você sentir vontade de deixar ir, (espere) / Quando você achar que já teve muito desta vida, bem, espere ” (“Às vezes tudo está errado. Agora é hora de cantar também / Quando seu dia é noite solitária / Se você sentir vontade de deixar ir, (espere) / Quando você achar que já teve demais desta vida, então espere ”) , ele diz parte da letra mais esperançosa e direta do LP: “Everybody Hurts”. Este sucesso foi escrito por um Michael Stipe em completa desolação e rapidamente se tornou uma música geracional, sem data de validade e que ainda está de acordo com os nossos tempos. Provavelmente a composição mais conhecida deste grupo que recorreu às cores do sul para capturar esta placa.
Morte. Essa palavra tão usada por muitos foi a grande inspiração para o quarteto narrar a história de um homem que aguarda seu fim em "Tente Não Respirar" no epílogo de sua vida. No entanto, Stipe e companhia não abandonam a fé e como ato de redenção em “Sweetness Follow” nos dão uma pequena luz de esperança.
“Man on the Moon” é uma alusão direta ao comediante Andy Kaufman e foi lançada como single em 1993. Anos depois, esse sucesso foi usado no filme de mesmo nome dirigido pelo vencedor do Oscar Miloš Forman em 1999 e estrelado por Jim Carrey, Courtney Love, Danny DeVito e Paul Giamatti. “Nightswimmin” deve ser o triunfo melancólico deste disco que pretendia ser amplamente reconhecido pela crítica de todo o mundo: “ para nós, foi um álbum absolutamente internacional ”, disse Peter Buck em 1992.
As liberdades que tiveram para fazer este álbum forjaram-no no “New Orleans Instrumental Number 1”, ao assumirem uma forma de trabalho que mais tarde se tornaria um hábito: gravar em vários estúdios por todo o país. Em pouco mais de dois minutos, esse corte resume a qualidade artística e sombria do que se encaixava perfeitamente em um rótulo que só parecia ser deles e de mais ninguém (na época).
A paleta de cores deste oitavo álbum de estúdio beira o moderado, apesar de ter momentos esperançosos. As metáforas tristes e inexplicáveis da obra de Michael Stipe, Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry foram a trilha sonora perfeita para o epílogo do líder do Nirvana, Kurt Cobain, naquele 5 de abril de 1994.