quinta-feira, 6 de outubro de 2022

SAIBA TUDO SOBRE SAM THE KID


 Sam The Kid

Biografia

Sam the Kid, nome artístico de Samuel Martins Torres Santiago Mira, (Marvila (Lisboa), 17 de Julho de 1979) é um músico português.

Se 2001 se revelou um ano decisivo para o crescimento do hiphop nacional, Sam the Kid foi um dos principais responsáveis pela proeza, a par de nomes como Mind da Gap, Bullet, Chullage, Micro e Valete, entre outros. O primeiro álbum, Entre(tanto) estava disponível desde 1999, mas só em 2001, e em grande parte devido ao disco instrumental Beats Vol 1: Amor, o nome Sam the Kid começou a marcar pontos fora de casa, que é como quem diz, no circuito de fiéis seguidores do universo hiphop.

Construído a partir da história de amor vivida pelos pais de Samuel Mira, Beats Vol 1: Amor convenceu tudo e todos sem grandes dificuldades, tendo sido considerado por muitos entendidos na matéria como um dos melhores álbuns do ano da colheita nacional. Gravado em casa, com recurso a um vasto arquivo de samples recolhidos em discos, vídeos pornográficos, telenovelas e chamadas telefónicas, privadas ou não, Sam the Kid transpôs a barreira que até então o limitara ao subúrbio do hiphop, desbravando caminho até ouvidos atentos à música, mas até então desatentos ao trabalho de Samuel.

Quando viu chegar a oportunidade de gravar o álbum de estreia, já Sam the Kid tinha em carteira uma série de gravações, feitas em casa, em formato cassete, mini-disc, CD, e até com recurso à câmara de vídeo.

Foi depois de ter ouvido 93 Til Infinity (1993) dos Souls of Mischief, que Sam começou a desenhar o seu futuro na música a lápis mais carregado. A rádio foi o primeiro veículo encontrado pelo músico para a divulgação do trabalho que já tinha em avanço, sobretudo através do programa "Repto". Anos mais tarde, em 2001, depois de várias provas de talento dadas e de dois discos editados, Entre(tanto) e Sobre(tudo), a então recém-criada Loop:Recordings, de Rui Miguel Abreu, propunha um contrato discográfico a Sam the Kid. A primeira aposta no artista foi Beats Vol 1: Amor. O álbum, Pratica(mente), teve o seu lançamento em Dezembro de 2006. No tema "poetas de karaoke" critica os artistas que cantam em inglês, embora seja também uma crítica aos próprios rappers e ao seu estilo americanizado. Com este tema Sam afirma não apenas a sua identidade como músico, mas sobretudo a liberdade de experimentar e reinventar a língua portuguesa no chamado "hip hop tuga". Em 2008, lança uma reediçao de Pratica(mente), com canções inéditas e convidados como Valete, Regula, Beto ou Shaulin.


Parecido com





Fotos





Faixas principais

Otto – Samba Pra Burro (1998)

 


Quase a fazer um quarto de século, Samba Pra Burro é um álbum que merece ser escutado com a mesma atenção que lhe foi dada em 1998. Continua a ser um disco importante, experimental e muito à frente do tempo em que surgiu.

Otto apareceu, primeiramente, como membro integrante das iniciais formações da Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, sobretudo como percussionista. Depois, deixados para trás esses projetos, decidiu projetar-se em nome próprio. Decorria o ano de 1998, e um fantástico disco surgiu no Brasil como uma autêntica bomba nova (se por acaso leu “boa nova” em vez da expressão redigida em itálico, não emende a leitura, por ser também essa a ideia que gostaríamos que sentisse), e Otto estava, assim, lançado como nome de artista. O disco deu pelo título de Samba Pra Burro. Foi com Samba Pra Burro, portanto, que tudo começou, e nele a eletrónica estava em todos os poros de todos os minutos desse trabalho, como estão os batuques dos terreiros, as sínteses do mangue beat, drum n’ bass, e o samba eternamente brasileiro. Disco e título são perfeitos exemplos da genialidade do músico pernambucano. Samba Pra Burro quer dizer o quê? Muito e bom samba (lembrando a expressão popular que evoca quantidade e excelência de alguma coisa), ou samba para aqueles que, como o próprio músico, não sabem ou não podem fazer samba à maneira antiga e tradicional? Talvez seja mais prudente optarmos pela junção de ambas as ideias. 

Samba Pra Burro está, na nossa opinião, destinado a ser um clássico, mas também um disco de rutura, uma obra fora dos trilhos. Canções como “Bob”, “Low”, “TV a Cabo / O Que Dá Lá É Lama”, “Distraída Pra Morte, “Café Preto”, “Ciranda de Maluco”, ou “Celular de Naná” são geniais, embora possam ser difíceis para ouvidos sem a devida dose de burrice auditiva. “Bob”, o tema de abertura, tem um swing cativante, e por isso é bem capaz de ficar nas nossas cabeças durante horas, se o pusermos a tocar. Basta ouvir o verso “Ela é do tempo do Bob, lá do Pina de Copacabana” e a companhia é garantida durante largo tempo. A voz de Bebel Gilberto, lá pelo meio, ajuda a dar um belo empurrão, como é fácil perceber. No entanto, é com “TV A Cabo / O Que Dá Lá É Lama” (com Andrea Marquee) que o álbum atinge, na nossa opinião, o seu maior esplendor. É uma mistura perfeita entre os mundos que Otto habitava na altura. Há samba, mangue beat, electrónica e drum n’ bass de primeiríssima qualidade. Não há, em todos os temas de Samba Pra Burro, momento mais gingão. Uma autêntica maravilha que incorpora, digamos assim, duas canções em perfeita união e sintonia. No entanto, outra das mais interessantes características do disco é a complexidade rítmica de temas como “Renault / Peugeot” (a lembrar os caóticos The Prodigy) e “Re / Pe”, esta última tão experimental quanto inusitada. O álbum, na verdade, dispara em muitas direções sonoras, mas não há balas perdidas, embora uma ou outra possa demorar um pouco mais de tempo a encontrar o seu alvo.

O sucesso, se assim podemos dizer, de Samba Pra Burro foi tão interessante, que em 2000 surgiu o duplo álbum Changez Tout: Samba Pra Burro Dissecado, um disco de remisturas, sem novas composições autorais. No entanto, isso não fez desse lançamento um trabalho despiciendo. Artistas como Max de Castro, André Abujamra, DJ Patife, Rica Amabis, entre outros, deram corpo a Changez Tout (agora título de disco, mas também de uma das faixas de Samba Pra Burro, que ganha aqui verdadeiramente um novo sentido, em virtude de este ser um disco de misturas). Não é para ser ouvido todos os dias, mas há momentos muito bons, de enorme inspiração.

Samba Pra Burro foi o primeiro álbum a solo da carreira de Otto, que promete novo lançamento discográfico ainda este ano. É grande a expectativa para ver o que aí vem. Pra trás, outros belos álbuns foram feitos, nomeadamente Condom Black (2001), Sem Gravidade (2003) e Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009), ou ainda o genial MTV Apresenta Otto (ao Vivo), de 2005. Mas não misturemos as águas em que hoje escolhemos navegar. Ouçamos Otto em toda a sua maravilhosa excentricidade! Ouçamos Samba pra não sermos Burros!

Destaque

Arcade Fire – Funeral (2004)

  Porque é que  Funeral  é o grande disco da sua década? Pela sua originalidade? Pela sua beleza? Estamos em crer que a  resposta é outra: p...