quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

SAIBA QUEM SÃO OS MAIS OUVIDOS NO SPOTIFY EM PORTUGAL

 

As estatísticas anuais da plataforma foram divulgadas hoje. É o Spotify Wrapped 2022.

30 de novembro, foi divulgado o Spotify Wrapped 2022 - as estatísticas anuais da plataforma sueca referentes a 2022. Já sabemos quem são os artistas mais ouvidos no serviço de streaming em Portugal.

O artista mais ouvido em Portugal

canadiano The Weeknd é o artista mais ouvido pelos portugueses no Spotify ao longo de 2022. Drake, conterrâneo de The Weeknd, segura a segunda posição, posicionado-se antes da norte-americana Taylor Swift que figura no terceiro lugar da contagem em solo nacional. O brasileiro Luan Santana é quem ocupa a quarta posição. Ed Sheeran, Harry Styles, Marília Mendonça, Pedro Sampaio e Anitta são os restantes artistas que tiveram direito a um lugar no top dez. 


As músicas mais ouvidas 

cantor e compositor brasileiro Pedro Sampaio domina o top das canções mais ouvidas ao longo de 2022, com 'Dançarina'. 'Malvadão  3' - de Xamã, Gustah e Neo Beats - é a segunda canção mais ouvida nas contas nacionais do Spotify. 'As It Was' - a canção mais ouvida na plataforma nas contas que agregam o mundo inteiro - ocupa a terceira posição na lista portuguesa.

O single 'Lua', do músico português Ivandro, posiciona-se em quarto lugar. Segue-se 'Galopa', de Pedro Sampaio, 'Morena', de Luan Santana, 'Heat Waves', dos Glass Animals, 'Simplesmente Ela', de MC Gazin, 'Onde Anda', dos Calema e Zé Felipe, e 'Mon Amour - Remix', de Zzoilo e Aitan.

 

O artista português mais ouvido
 
vencedor é Ivandro - o dono de 'Lua', single que está na lista das dez canções mais ouvidas pelos portugueses no serviço. Dillaz, Julinho KSD, Wet Bed Gang, Plutonio, Richie Campbell, Bispo, ProfJam, Slow J e Chico da Tina também figuram no elenco dos dez primeiros de 2022.

 

Os discos mais ouvidos em Portugal 

Pedro Sampaio volta a liderar, com o álbum "Chama Meu Nome". O britânico Harry Styles segura o segundo lugar com "Harry's House", álbum que editou em maio. "=" [Equals] - disco de Ed Sheeran - está na terceira posição. Na lista ainda encontramos "Un Verano Sin Ti", de Bad Bunny, "Versions of Me", de Anitta, "Sabi na Sabura", de Julinho KSD, "Sour", de Olivia Rodrigo, "Dawn FM", de The Weeknd, "Oitavo Céu", de Dillaz e, no final da lista de dez, "Future Nostalgia", de Dua Lipa.

A canção mais ouvida no mundo 

O britânico Harry Styles é o dono da canção mais ouvida no mundo em 2022. A liderança é de 'As It Was'. Em segundo lugar, está a canção 'Heat Waves', dos Glass Animals. O single 'Stay', que junta Justin Bieber a The Kid LAROI, ocupa a terceira posição nas canções com mais streams na plataforma. Ainda no top dez há lugar para os temas 'Me Porto Bonito', 'Ojitos Lindos' e 'Tití Me Preguntó', do porto-riquenho Bad Bunny, 'Cold Heart - PNAU Remix', de Elton John, Dua Lipa e PNAU, 'Quevedo: Bzrp Music Sessions, Vol. 52', de Bizzarrap ' Quevedo, 'Enemy', dos norte-americanos Imagine Dragons com JID e 'Running Up That Hill (A Deal With God)', da britânica Kate Bush.

O artista com mais streams no mundo

O artista que lidera o número de streams de 2022 é Bad Bunny. O porto-riquenho posiciona-se no topo da tabela pelo terceiro ano consecutivo, facto inédito nas contas do Spotify. A segunda posição fica nas mãos da norte-americana Taylor Swift e o número três é de Drake. Na tabela segue-se The Weeknd, BTS, Ed Sheeran, Harry Styles, Justin Bieber, Kanye West e Eminem.

O artista que viralizou mais no mundo 


São os artistas que foram partilhados com maior frequência ao longo do ano. Taylor Swift conquista o primeiro lugar na contagem antes de The Weeknd, Bad Bunny, BTS e Lana Del Rey. 

O álbum mais ouvido no mundo
 
Pertence a Bad Bunny. "Un Verano Sin Ti" (editado em maio) ocupa o primeiro lugar da lista. Harry Styles está na segunda posição, com "Harry's House", e em terceiro, encontramos "Sour", o disco de estreia da norte-americana Olivia Rodrigo. "= [Equals]", do inglês Ed Sheeran, conquistou a quarta posição. A rapper Doja Cat ocupa o número cinco com "Planet Her (Deluxe)".



ZÉ PEDRO: AS LENDAS NÃO MORREM

 

DE RECORTES & RETALHOS


                                               Jornal Expresso - Vários Discos / João Lisboa 1988






          

                                                 Jornal Expresso - A.R.Kane "69" / João Lisboa 1988







quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Vince Guaraldi Trio – Jazz Impressions of Black Orpheus [Deluxe Expanded Edition] (2022)


Vince Guaraldi TrioEmbora ele possa ser mais conhecido pela trilha sonora irresistível de A Charlie Brown Christmas , o pianista de jazz Vince Guaraldi ficou conhecido pela primeira vez por um hit incomum do jazz, o instrumental "Cast Your Fate to the Wind". O álbum que trazia aquela música inesquecível (e colocou Guaraldi no caminho da perfeição de Peanuts ) também receberá tratamento de luxo este ano, em homenagem aos seus 60 anos.
Impressões de jazz de Black Orpheusrecebeu esse nome por causa das quatro faixas do primeiro lado do álbum, todas covers de músicas do filme francês de 1959 de mesmo nome – clássicos da bossa nova com composições de Luiz Bonfá e Antonio Carlos Jobim. Mas o álbum ostentava muitas outras riquezas: covers de Henry Mancini (“Moon River”) e Buddy Johnson…

MUSICA&SOM

…(“Since I Fell for You”) junto com dois originais do bigodudo bandleader. A linda “Cast Your Fate to the Wind” acompanharia o single da faixa principal “Samba de Orfeu” – mas os jóqueis realmente pegaram esse outro lado, o suficiente para alcançar a surpreendente 22ª posição na Billboard Hot 100 – uma raridade para um instrumental de jazz. Dentro de um ano, ganharia um Grammy de Melhor Composição Original de Jazz, em 1965, liderou a pesquisa de fácil audição da Billboard . O álbum seria até relançado com o nome de seu hit.

Mas nada falaria sobre o sucesso de “Fate” como um homem que o ouviu durante um passeio pela Golden Gate Bridge: Lee Mendelson, um produtor de TV que por sua vez contratou Guaraldi para fazer a trilha sonora de um documentário sobre o criador de Peanuts , Charles M. Schultz. O filme de 1963, apresentando segmentos animados com Charlie Brown e amigos, nunca encontrou um lar na televisão nacional - mas a mesma equipe voltou a se reunir em 1965 para montar A Charlie Brown Christmas , um clássico moderno indicativo do som característico de Guaraldi.

A reedição de Black Orpheus traz 16 gravações de sessões – todas menos três inéditas – todas remasterizadas pelo engenheiro Paul Blakemore a partir das fitas analógicas originais transferidas pelo Processo Plangent.


Vários Artistas – Tozé Brito (de) novo (2021)

 

Tozé Brito (de) Novo é uma homenagem dos músicos da nova geração a um dos maiores compositores de sempre da música portuguesa. Com mais de 50 anos de carreira e mais de 500 canções de sua autoria, o álbum mostra que as boas canções são intemporais.

Um dos álbuns do ano de 2021 foi o disco Tozé Brito (de) novo. No ano em que o aclamado músico e compositor comemorou 70 anos de vida, a radialista, e sua mulher, Inês Maria Meneses, propôs a ideia à Sony como presente de aniversário colocando a fasquia demasiado alta para o resto da humanidade.

Todos os nascidos após os anos 70, como eu, cresceram com as canções do Tozé Brito. Algumas mais óbvias, como as muitas canções que integraram o Festival da Canção (“Bem Bom” das Doce, por exemplo), mas também outras que, num primeiro momento, nem associamos ao músico, o hit “Recordar é Viver”, interpretada por Vitor Espadinha. A verdade é que as boas canções são intemporais e funcionam com qualquer roupagem ou executante, mas neste caso os escolhidos foram os melhores.

Com produção e arranjos de Luís Nunes (Benjamim) e João Correia (Tape Junk) e arte gráfica de Tó Trips, o álbum foi editado no passado dia 12 de Novembro. Conta com a participação de Ana BacalhauAntónio ZambujoB FachadaBenjamimCamanéCatarina SalinasJoana EspadinhaMiguel GuedesMitóSamuel ÚriaSelma UamusseRita RedshoesTiago Bettencourt e Tomás Wallenstein. A lista é longa mas ninguém podia ser deixado de fora, num daqueles álbuns que se ouvem do princípio ao fim sem saltar nenhuma canção.

Claro está que, neste rol de 12 canções, existem algumas que se destacam. O primeiro single, “Olá, então como vais?”, de 1979 (originalmente cantada por Tozé Brito e Paulo de Carvalho), cantada em 2021, pelo Benjamim e por B Fachada, arrisca-se a ser considerado o dueto do ano, neste seu momento de reencontro e partilha. “O Papel Principal” onde a protagonista é Selma Uamusse tão perfeita como no original da Adelaide Ferreira. “A Cor Do Teu Batom” onde Samuel Úria dá a conhecer os seus dotes de crooner com a canção que Herman José levou ao Festival da Canção de 1983. E a canção “Pensando em Ti”, de 1977, cantada pelos Gemini, que encerra o álbum e que poderia tão bem encerrar um concerto. Numa entrevista, Tozé Brito afirmou que há planos para que isso aconteça neste ano de 2022, caso seja possível conciliar as agendas de todos estes artistas. Vamos fazer força para que isso aconteça.

Talvez a razão do sucesso do disco tenha sido a mesma do meu entusiasmo a ouvi-lo. Estas canções fazem parte da minha infância e também daqueles que as interpretam agora, por isso parece haver um encanto especial em revisitar estas canções antigas. Aos outros, aos que nasceram mais tarde, numa altura em que as canções em português eram alvo de uma espécie de estigma, espero que aproveitem esta oportunidade para confirmar que a boa música nacional e na língua nacional é um legado, mas também o futuro.


Silver Jews – The Natural Bridge (1996)

 

O segundo disco dos Silver Jews é o seu mais negro, nascido de mais uma crise emocional de David Berman

Os Silver Jews começaram por ser um trio, na viragem dos anos 80 para a década seguinte. As figuras de proa eram David Berman e Stephen Malkmus, juntamente com Bob Nastanovitch, e depois Steve West, sendo estes três últimos os fundadores dos Pavement. Vem daí a confusão de que os Jews eram um projecto paralelo dos Pavement, quando na verdade ambas as bandas começaram ao mesmo tempo, o que era então bastante comum.

A estreia, com Starlite Walker, podia ser usada para descrever toda a carreira dos Silver Jews: reacção positiva da crítica, zero sucesso comercial. O que aconteceu entre esse primeiro disco e o que seria o seguinte foi a grande popularidade dos Pavement, que David Berman nunca digeriu totalmente. Berman sempre viveu com problemas de saúde mental, nomeadamente uma ansiedade permanente e uma depressão perene que o levavam frequentemente ao abuso de sustâncias e a uma crónica falta de confiança. Sentindo que não estava a ir a lado nenhum e a banda dos seus amigos era estrela da MTV, o poeta (sobretudo) e cantor (menos) estava num beco sem saída.

Decidiu agarrar nas canções que andava a compor e trazer um grupo de fora para lhes dar corpo, os Scud Mountain Boys. Mas o resultado foi francamente insatisfatório e deixado de parte. É então que Berman decide dar o braço a torcer e sugere aos seus amigos dos Pavement que voltem a gravar o segundo tomo da história dos Silver Jews. Para sua surpresa, eles aceitam e colocam mesmo a digressão dos Pavement no gelo, para se dirigirem a Memphis para as gravações. Aí chegados, mais problemas. Berman estava num estado quase catatónico de nervos, não tinha as letras totalmente prontas e, por fim, não tinha garantido alojamento para os restantes nem tinha dinheiro para pagar o estúdio. No meio de um verdadeiro meltdown, acaba por ir-se embora, deixando os amigos para trás. Nastanovich acaba por pagar o estúdio e esse tempo é utilizado…para gravar Pacific Trim, um EP dos Pavement.

Em 1996, Berman decide voltar a tentar, mas envergonhado com o que se havia passado, junta alguns músicos dispersos (entre eles Peyton Pinkerton, que continuaria depois como parte dos Jews) e decide gravar o que viria a ser The Natural Bridge. O estúdio, no Connecticut, era uma velha fábrica de armas e munições reconvertida, o que , juntando à falta de confiança de Berman, não tornou fácil a gravação. Não que as sessões fossem necessariamente prolongadas, mas porque o músico andava constantemente com dúvidas acerca do que fazia, insatisfeito com as suas letras e com o que queria dizer.

Mal ou bem, o disco ficou feito, para alívio da editora, a Drag City, que começava a temer que um dos seus artistas mais originais, e em quem depositava grande esperança artística (comercial, não tanto), simplesmente não conseguisse continuar.

E o que temos então, neste segundo volume da incrível história dos Silver Jews? Temos o seu disco mais negro, numa carreira marcada sempre por um fantasma inquietante escondido nas sombras, por trás da escrita literária, profunda e ao mesmo tempo humorística de David Berman.

Esse negrume começa na capa e estende-se a vários dos temas. O arranque, com “How to rent a room”, é vintage Jews, um tema arrastado onde figuram a perda, o suicídio e o amor. Em “Inside the golden days of missing you”, o autor lamenta que o balcão do bar tenha um espelho em frente, que lhe devolve o rosto de um homem que não sabe da sua mulher; “The frontier index”, tal com várias outras músicas deste disco, é uma colagem de versos sem aparente ligação uns com os outros, cada um um extraordinário poema em si mesmo (“Boy wants a car from his dad/ Dad says, first you gotta cut that hair/ Boy says, hey dad, Jesus had long hair/ and dad says/ that´s right son but Jesus walked everywhere”).

Mas o grande destaque acaba por ser “Dallas“, uma história de fascínio pela noite na cidade, de como um pedaço perdido do velho Oeste, com vacas e veados, se transformou numa Babel de edifícios espelhados e de sedutor pecado, quando a noite nasce. É a canção que mais se insinua no meio da entrega mais monocórdica do resto do disco, e um dos exemplos de um dos trunfos mais importantes da música de David Berman: a capacidade de fazer um tema quase pop (se bem que sempre com as arestas por limar) com extrema profundidade, falando de coisas importantes e de ninharias do dia a dia, lado a lado. Na verdade, como todas as nossas vidas, que se vão construindo no meio desses dois elementos.

Naturalmente, The Natural Bridge foi mais um fracasso comercial. Os Jews estiveram quase sempre à margem, nos antípodas do som que fazia furor em cada momento. Aqui não seria diferente. Mas é mais um grande disco desta magnífica banda, no qual os fantasmas de Berman estão bem à vista, sem que o álbum seja pesado ou depressivo. E, gravado sem os restantes membros fundadores, The Natural Bridge cumpriu ainda outro papel importante: este passaria a ser, definitivamente, o projecto de David Berman. Malkmus e os restantes voltariam a gravar discos dos Jews, mas a sua ausência não impediria que estes existissem. Enquanto os Pavement conquistavam as rádios universitárias e o late night da MTV, Berman voltava para o seu quarto e escrevia, poesia e canções, acerca de cowboys, lojas de conveniência e Deus.


Destaque

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