domingo, 4 de dezembro de 2022

Resenha O Inimitável Álbum de Roberto Carlos 1968

Resenha

O Inimitável

Álbum de Roberto Carlos

1968

CD/LP

Bem, como vou começar? Esse álbum é espetacular, pra mim esse aqui e o de 1971 são os dois melhores álbuns de Roberto.
Esse disco foi o primeiro de Roberto Carlos fora da famosa Jovem Guarda, isso abriu novas possibilidades de experimentações em seus próximos discos.
Nesse disco você encontra de tudo um pouco do que Roberto fez desde o início de sua carreira e após também.
Ele tem a instrumentação "Jovem Guardista" com letras poéticas, e romantismo que se aprofundaram no álbum de 1971, você encontra um pouco da influencia Soul, e melancólica na qual Roberto se aprofundaria nós dois seguintes álbuns.
Esse álbum começa com "Eu não vou mais deixar você tão só" que é simplesmente incrível, uma letra muito bem elaborada pelo Antônio Marcos e entregada a voz de Roberto, que a esse ponto de sua carreira tinha melhorado muito sua condição vocal, é uma música serena e poética com uma pitada de desespero na frase "Ah Por isso foi que eu decidi..." É incrível uma música que toca você de uma maneira muito linda. 
A próxima é "Ninguém vai tirar você de mim" que em minha visão tem um esquema que seria bastante usado em discos a frente do Roberto, que é o início da música em tom menor, e o refrão subindo para o tom maior tornando a música extremamente bem elaborada.
"Se você pensa" parece um grito de ódio com a liberdade poética, que em minha visão já havia se distanciado muito das letra musicais da Jovem Guarda.
"É meu, é meu, é meu" acho uma recaída tola ao som da Jovem Guarda, e isso o torna a música meio besta, e meio engraçada até, mais mesmo assim ainda acho um ponto fraco no disco.
"Quase fui lhe procurar" é simples mais tem uma entrada de cordas muito rasgante e bonito, e tem uma letra bem romântica bem elaborada.
"Eu te amo, te amo te amo", para alguns pode ser considerada a música do disco, e simplesmente espetacular só ouvindo para reconhecer essa pérola. Com ritmo meio "Jovem Guarda" do álbum anterior mais com uma letra bem poética, para os padrões que Roberto estava fazendo até àquele momento. Então considero essa música uma transição do Jovem ao Velho Roberto.
"As canções que você fez pra mim", e estranha(no melhor sentido dessa frase) porque você escutando ela sem atenção pode parecer "apenas mais uma" mais se escutar bem, ela e uma música que faz você viajar e refletir profundamente ( coisa que só Roberto era capaz de fazer!).
"Nem mesmo você" é uma música muito boa, e talvez até um pouco esquecida( eu acho!) Mas essa música é muito simples com uma progressão de acordes muito boa!.
"Ciúme de você" é uma música que parece um pedido de ordem, é muito espetacular, foi uma das músicas que me fez conhecer Roberto Carlos de verdade, na qual tenho muito carinho e sempre canto nos meus shows, essa música é daquela para todos cantar juntos igual a "Eu te amo, te amo, te amo.
"Não há dinheiro que pague" é lindo, tinha esquecido da experimentação dessa música, foi escutando o álbum novamente que percebi a genialidade dessa música, os vocais femininos
no refrão são muito bons!!!
"Só levo comigo" é a simplicidade que Roberto Carlos retornaria a ter no álbum de 74! Entre a Melancolia e o romantismo e incrível.
"Madrasta" Uma música que eu sinto a mudança do Roberto Carlos em querer fazer algo diferente, mais mesmo assim ainda acho meia confusa, então peço para que escutem para tirarem a conclusão de vocês sobre esse álbum.
Esse é um disco que tem de Antônio Marcos a Renato Teixeira, de Roberto/Erasmo a Luiz Ayrão, ou seja um disco com muito compositores e com muita diversificação ainda pouco Homogênea, mais não entendo isso como ruim pela contrário torna esse álbum único em todos os sentidos.
É um disco que é diferente mais ao mesmo tempo iguais aos discos do Roberto, e isso o faz na minha opinião um dos melhores do Rei.
Acho 5 estrelas muito bem merecido a esse álbum, ele é a representação de Roberto em todas sua fases, ou seja, INCRÍVEL.

BIOGRAFIA DE Bo Diddley

 

Bo Diddley

Bo Diddley, nascido Ellas Otha Bates (McComb, Mississippi, 30 de dezembro de 1928 — Archer, Flórida, 2 de junho de 2008), foi um influente cantor, compositor e guitarrista de blues norte-americano. Foi considerado o 27º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone. 

Biografia.

Batizado de Ellas Otha Bates, ele mais tarde mudaria seu nome para Ellas McDaniel devido à sua mãe adotiva, Gussie McDaniel. Entretanto ele usa o nome artístico Bo Diddley, provavelmente um jargão dos negros do sul dos Estados Unidos que significa "nada por enquanto". Outra fonte diz que este era seu apelido quando de sua carreira como boxeador. 

Diddley ganhou a primeira guitarra de sua irmã ainda na juventude (na mesma época, frequentava aulas de violino). Sua principal influência para se tornar um artista de blues veio de John Lee Hooker. 

Ele é mais conhecido pela "batida Bo Diddley", uma batida meio rumba feita usando-se a clave. Esta batida seria usada por vários outros artistas, incluindo Johnny Otis e sua "Willie and the Hand Jive" e Buddy Holly em "Not Fade Away", assim como canções mais obscuras como "In Love Again", de Gene Vincent e "Callin' All Cows" dos Blues Rockers. 

O ritmo é tão importante na música de Bo Diddley que a harmonia é frequentemente reduzida a uma inclusão mínima. Suas canções (por exemplo, "Hey Bo Diddley" e "Who Do You Love?") na maioria não apresentam mudanças de acorde; isto é, elas não foram compostas com claves musicais, e o músico tem de cantar e tocar no mesmo acorde durante todo o tempo. 

Vários artistas gravariam suas versões das canções de Diddley através dos anos. Os Animals gravaram "The Story of Bo Diddley", os Yardbirds "I'm a Man" e tanto os Woolies quanto George Thorogood alcançaram sucesso com "Who Do You Love", também a favorita dos The Doors. 

Bo Diddley usa uma variedade de outros estilos entretanto, do back beat ao pop, frequentemente com o uso das maracas de Jerome Green. Ele foi também um influente guitarrista, com vários efeitos especiais e outras inovações no tom e no ataque. Ele também toca violino e violoncelo; este último é o destaque de sua triste instrumental "The Clock Strikes Twelve". 

Embora Diddley tenha alcançado sucesso de público, ele raramente direcionava suas composições para o público adolescente. A exceção mais notável é provavelmente o álbum Bo Diddley's a Surfer, que apresentava a canção "Surfer's Love Call". Apesar de nunca ter subido numa prancha, Bo exerceu uma influência definitiva nos guitarristas de surf rock. 

Em complemento às várias músicas lançadas por ele, Diddley escreveu o pioneiro sucesso pop "Love is Strange" para a dupla Mickey Baker e Sylvia Vanderpool (sob um pseudônimo, para aumentar seus royalties). 

Doença e morte.

Em 17 de maio de 2007, foi anunciada a internação de Didley no Creighton University Medical Center em Omaha, Nebraska, depois de um derrame durante uma apresentação em Council Bluffs, Iowa, em 13 de maio. Ele já apresentava um histórico de hipertensão e diabetes, e exames indicaram que o derrame afetou o lado esquerdo de seu cérebro, comprometendo a fala e compreensão. 

Em agosto de 2007, Diddley sofreu um incidente cardíaco enquanto se submetia a um check-up médico e foi internado em um hospital da Flórida. 

Diddley veio a falecer em 2 de junho de 2008, aos 79 anos, em sua casa na Flórida, vítima de insuficiência cardíaca. Foi sepultado no Rosemary Hill Cemetery, Bronson, Flórida no Estados Unidos.



The Definitive Collection (2007)

01. Bo Diddley
02. I'm A Man
03. You Don't Love Me (You Don't Care)
04. Diddley Daddy
05. Pretty Thing
06. Bring It To Jerome
07. I'm Lookin' For A Woman
08. Who Do You Love?
09. Hey Bo Diddley
10. Mona (a/k/a I Need You Baby)
11. Before You Accuse Me
12. Say Man
13. Dearest Darling
14. Crackin' Up
15. The Story Of Bo Diddley
16. Road Runner
17. Pills
18. I Can Tell
19. You Can't Judge A Book By It's Cover
20. Ooh Baby


Caetano Veloso – Transa (1972)


 

A data é comemorativa, mas servirá sobretudo como lembrete: ouvir Transa é urgente, mesmo passados 50 anos do seu aparecimento público, ou até talvez por isso. O antes e o agora revelam que o disco, afinal, não tem a idade que tem.

Já há muito que todos sabem que Transa foi o primeiro disco que Caetano gravou quando se encontrava exilado em Inglaterra, junto com Gilberto Gil. Sabemos que é um produto singular, uma resposta musical de quem, sentindo-se mal pela distância saudosa a que fora sujeito, estava deprimido, angustiado, não suportando a pele cinzenta do céu londrino que pairava sobre a sua cabeça. Mas em Transa, há algo que escapa a tudo isso, algo que fervilha e que não é produto desse tempo e desse modo de existência reclusa. É outra coisa, objeto sem parâmetro comparativo com o que se fazia (dentro e até fora do Brasil), espécie de espaço criativo fadado a outra dimensão. Transa não é música popular brasileira, não é rock, não é samba, nem poderá nunca ter rótulo fácil. O que existe em Transa é alguma coisa em trânsito pós-tropicalista e pós-tudo-e-mais-alguma-coisa. Nesse sentido, é o disco mais novo de toda a discografia de Caetano Veloso. Ele é, ao mesmo tempo, algo que sucede e acrescenta ao que já existia, que transforma e renova o que o baiano já havia produzido. É um disco de amigos que queriam estar noutro lugar, imaginando um tempo e um modo onde pudessem sorrir e viver livremente. É o primeiro “disco de banda” que Caetano gravou, trabalho orgânico, fechado sobre si mesmo, cápsula de som. Jards Macalé, Tutty Moreno, Áureo de Souza e Moacyr Albuquerque ajudaram (e muito) na magia do momento. A produção de Ralph Mace também. Tudo isso em apenas sete canções e em exatos trinta e sete minutos e treze segundos de eternidade.

O disco abre com “You Don’t Know Me” e aquelas cordas de violão (que começam tão joãogilbertianas, mas que depois ganham outras características) ditam o ambiente de todo o trabalho. O baixo, a bateria, a voz que canta “You don’t know me / Bet you’ll never get to know me / You don’t know me at all / Feel so lonely / The world is spinning round slowly / There’s nothing you can show me from behind the wall”, tudo se conjuga de forma perfeita. Uma vez passados esses segundos iniciais, já não há volta atrás: passa a pertencer à nossa vida. As duas primeiras faixas do élepê são em inglês, sendo que a segunda é a magnífica “Nine Out of Ten”, que cita o som que surpreendeu o baiano nas suas idas a Portobello Road, o som da Jamaica, o reggae. É um tema histórico a que Caetano recorre muitas vezes nos seus concertos, como fez, por exemplo (e bem, de forma muito bela) no show Multishow ao Vivo – Cê. Lembram-se do slogan do sabonete Lux que dizia “Nove em cada dez estrelas de cinema usam Lux”? O título da canção vem daí. Ecos de um certo sopro do Tropicalismo na citação, bem à maneira de Caetano. Segue-se (e com ela se fecha a primeira rodela de Transa) a extensa “Triste Bahia”, que abre com o sugestivo e supremo som do berimbau. Depois há o canto da poesia barroca de Gregório de Matos numa canção que vai crescendo até se tornar um autêntico monumento, uma espécie de assombração temporal que pousa (não “no coração do hemisfério sul / na América, num claro instante”) no peito dos intérpretes do tema e que vibra intensamente, fazendo dela um clássico, mesmo tendo quase dos minutos de duração. O lado seguinte abre com “It’s a Long Way”, o tema mais instantaneamente belo de todo o álbum. Há por ali qualquer coisa de Beatles em formato baiano (“Woke up this morning / Singing an old, old Beatles song”), qualquer coisa de muito belo quando a canção acorda (“I hear my voice among others / In the break of day / Hey, brothers / Say, brothers”) e avança triunfante até ao seu epílogo. Outro clássico, claro, que cita outros clássicos como “A Lenda do Abaeté” e “Consolação”, a primeira de Dorival Caymmi, a segunda de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Colagens para conhecedores, que os londrinos nem sonhariam, evidentemente. “Mora na Filosofia”, de Monsueto Menezes e Arnaldo Passos, teve algum destaque nas rádios brasileiras, o que não deixa de ser, ao mesmo tempo, estranho e curioso, uma vez que a canção é um transamba, digamos assim, pouco respeitando (mas sem lhe faltar ao respeito, note-se) a composição original. O resultado final é inquietante. A penúltima canção é a também inquietante “Neolithic Man”, pulsante como o bater de um coração. Viciante, se a ouvirmos com a devida atenção. De novo, um tema em inglês. Nele participa, assim como na inicial “You Don’t Know Me” e na derradeira “Nostalgia (That’s What Rock’n Roll Is All About)”, a amiga Gal Costa, que viajou até à capital inglesa para se encontrar com os amigos bárbaros. A última faixa, aliás, é quase uma vinheta, de tão curta. Linda, mesmo assim, com surpreendente gaita de sopro por parte de Ângela Ro Ro, que conheceu Caetano num pub londrino, vivendo em 71 na velha Albion, depois de ter habitado durante algum tempo numa comunidade artística na Bélgica . Excelente maneira de terminar um disco como Transa, trabalho de perfeito equilíbrio entre novidade, experimentalismo, lirismo, beleza melódica, génio criativo e espírito coletivo.

Transa foi considerado, pela revista Rolling Stone Brasil, o décimo disco mais importante de toda a história da música brasileira, o que, num elenco de cem, não deixa de ser uma honrosa posição. Independentemente desse destaque, a verdade é que Transa ficará para sempre como um álbum verdadeiramente único e distinto, diferente de tudo o que o baiano de Santo Amaro da Purificação havia feito, ou haveria de fazer. Até hoje, diga-se. Por isso, ponha-o a rodar e vibre com a excelência que nele reside e que não se esfumou nas cinco décadas que traz consigo. Outras cinquenta que passem, e tudo permanecerá como aqui dizemos. Sem margem para dúvidas!


sábado, 3 de dezembro de 2022

Lightnin’ Hopkins – Mojo Hand: The Complete Fire Sessions (2022)

Sessões de fogoRecentemente remasterizado das fitas analógicas; Edição limitada com faixas bônus.
Lightnin' Hopkins é amplamente considerado um dos grandes arquitetos populares do estilo blues que veio a ser conhecido como “country blues” e que provou ser uma grande influência no futuro desenvolvimento do Rock 'n' Roll. Mojo Hand foi uma das canções de assinatura de Hopkins. Misturando seu próprio estilo com Louisiana Creole e cultura voodoo, a música ondula com uma energia oculta.
Este álbum, gravado para a Fire Records, é especialmente interessante porque lança Hopkins em um ambiente mais com sabor de R&B. Esse esforço óbvio para acertar leva a um blues excelente; performances temperamentais e poderosas tocam por toda parte. O Guia Penguin para Gravações de Blues…

MUSICA&SOM

… escreveu que “”Lightnin' é focado e profissional e oferece uma sequência forte e variada de músicas; o baixista e o baterista discretos, mas muito presentes”.

01. Mojo Hand (Remastered) (03:02)
02. Coffee For Mama (Remastered) (03:35)
03. Awful Dream (Remastered) (04:59)
04. Black Mare Trot (Remastered) (04:02)
05. Have You Ever Loved A Woman? (Remastered) (02:43)
06. Glory Be (Remastered) (04:31)
07. Sometimes She Will (Remastered) (02:31)
08. Shine On Moon! (Remastered) (04:28)
09. Santa (Remastered) (03:47)
10. How Long Has That Train Been Gone? (Remastered) (03:36)
11. Bring Me My Shotgun (Remastered) (03:48)
12. Shake That Thing (Remastered) (04:04)
13. Last Night (Remastered) (05:11)
14. Walk A Long Time (Remastered) (05:28)
15. I’m Leaving You Now (Remastered) (03:53)
16. Houston Bound (Remastered) (04:58)
17. Just Pickin’ (Remastered) (01:28)
18. Baby I Don’t Care (Remastered) (05:11)
19. Mojo Hand (Live (Remastered)) (04:42)


MGMT – 11•11•11 (2022)

 

MGMTEm 2011, o MGMT ainda estava fresco em um rebranding arriscado. Depois de vender um milhão de cópias de seu debut Oracular Spectacular , um dos maiores álbuns da era de sucesso de bilheteria do indie rock, eles rapidamente cortaram seu público com o polêmico Parabéns de 2010 , um álbum alternadamente defendido como incompreendido ou ridicularizado como um policial fora. Pode ser ambos. Diante da impossibilidade de recriar o sucesso de sua estreia, a dupla se antecipou à narrativa: não eram eles a banda que não poderia escrever outro “Kids”. Eles eram a banda que não queria.
Foi nesse contexto de fãs desapontados e críticos não convencidos que a MGMT foi contratada para escrever uma composição original para acompanhar a retrospectiva do artista de instalação do Museu Guggenheim…

MUSICA&SOM

… Maurício Cattelan. Sob um dossel de dezenas de esculturas suspensas, esqueletos de gatos e cavalos taxidermizados, a dupla executou este conjunto de música totalmente nova duas vezes, primeiro na abertura privada da exposição em 10 de novembro e depois em sua estreia pública no dia seguinte. “A exposição de arte é feita de forma totalmente original, por isso merece uma música totalmente original”, disse a banda.

A ótica certamente funcionou para uma banda que telegrafava sua passagem do pop para a arte. Na época, o MGMT estava tentando amarrar seu eletro-pop do momento a uma tradição mais profunda de psicodelia; algumas semanas antes, eles fizeram um cover de uma versão profunda do Pink Floyd em  Late Night with Jimmy Fallon e lançaram uma compilação de obscuras músicas psicodélicas. E em seu set do Guggenheim, lançado 11 anos depois como o álbum ao vivo  11-11-11 , eles lançaram novas maneiras de equilibrar suas sensibilidades melódicas avançadas com seus instintos mais artísticos e exploratórios.

Para um conjunto destinado a um público tão limitado, há muita criatividade aqui. Em sua forma mais inspirada,  11-11-11 provoca o que poderia ter sido um álbum perdido do MGMT, embora em suas calmarias mais suaves e acústica quadrada a gravação pareça mais com o que é: música de fundo para uma mostra de arte. Geralmente as músicas com vocais são as mais formais. “Invocation” e “I Am Not Your Home” projetam as sombras oblíquas do Radiohead, com a voz de Andrew VanWyngarden assumindo tons de desdém alienígena de Thom Yorke.

As muitas peças instrumentais do conjunto, enquanto isso, brincam em puro capricho. “Forest Elf” toca como música celestial em espera, enquanto “Whistling Through the Graveyard” evoca velhas músicas infantis de Natal por meio de calliopes de circo e discos exóticos perdidos. Há uma quantidade generosa de kitsch, que parece ser um acompanhamento apropriado para uma exposição de Cattelan, um artista cujo trabalho aponta para o subversivo, mas muitas vezes parece um capricho caricatural. O sotaque do surf country de “Under the Porch” poderia passar como a música tema de um faroeste imaginário de uma temporada dos anos 1960.

11-11-11 inevitavelmente assume um contexto diferente do que teria se a banda não tivesse esperado mais de uma década para lançá-lo, já que agora sabemos como o arco deles se desenrolou. O álbum de estúdio mais recente da dupla,  Little Dark Age de 2018 , marcou um retorno ao pop de gancho para a frente, adequado para festas dançantes e bares noturnos. Como registro, tudo bem, mas como mudança de carreira, parecia um retrocesso. Por mais desgastantes que as curvas à esquerda do MGMT pudessem ser, elas nunca eram monótonas - eram uma das últimas bandas indie caras que corriam riscos genuínos. 11-11-11 convida à nostalgia de quando esta banda ainda estava dividida entre seu impulso de entreter e sua missão pessoal de desafiar.


Crítica ao disco de Pat Metheny - 'Road to the Sun' (2021)

 Pat Metheny - 'Road to the Sun'   

(5 de março de 2021, BMG Music)



Hoje apresentamos o mais recente trabalho de estúdio até à data do professor PAT METHENY, intitulado “Road To The Sun” e foi publicado no início de março passado pelo selo Modern Recordings em cooperação com a Metheny Group Productions. A publicação foi feita tanto em CD quanto em vinil duplo, e assim o próprio mestre METHENY produziu o álbum com a colaboração de seu colega de longa data Steve Rodby. Este é um álbum muito especial por duas razões: 1) centra-se num esquema de trabalho acústico informado por elementos expressivos típicos da música de câmara, e; 2) O próprio METHENY não é exatamente o intérprete mais recorrente do repertório. Só aparece plena e a solo na última peça do álbum, composta pelo maestro estónio-austríaco ARVO PÄRT (nascido em 1935), figura muito peculiar dentro da música académica por misturar o minimalismo com a tradição gregoriana. Concentrando-se na ideia de criar peças meticulosamente articuladas em oposição às suas habituais viagens pelo jazz contemporâneo onde a improvisação é priorizada, METHENY discorre sobretudo sobre o seu papel como compositor das duas suites que ocupam o corpo central do álbum. Na primeira, o violonista clássico é Jason Vieaux. Por sua vez, os responsáveis ​​pela segunda são os membros do THE LOS ANGELES GUITAR QUARTET: Matthew Greif, Scott Tennant, William Kanengiser e John Dearman (este último usa um violão clássico de sete cordas). Todos os quatro são membros da Thornton School of Music, que faz parte da University of Southern California. Em algumas seções desta segunda suíte, o bom PAT se junta ao quarteto principal. O material contido em "Road To The Sun" foi gravado em três estúdios diferentes: John Kilgore Sound & Recording (em Nova York), Henson Recordings Studios (em Los Angeles) e 67 Studio NYC (também em Nova York). Vejamos agora os detalhes do referido material.

Vamos começar com as quatro partes de 'Four Paths Of Light', uma suíte que METHENY compôs especificamente para Vieaux. A parte 1 é levada por palpitações estilizadas que parecem ser impulsionadas por um saca-rolhas cósmico, uma série de minúsculos redemoinhos que, ao invés de gerar uma força fatal, motivam halos de alegre luminosidade com bordas místicas. A parte 2 muda para um clima visivelmente mais relaxado, apelando para uma espiritualidade serena para que o esquema melódico atual brilhe apropriadamente. Esta é movida por uma melancolia relaxada e suavemente envolvente, que permanece bem estabelecida para a Parte 3, que encarna uma síntese das cadências das duas peças anteriores. Com efeito, a jovialidade e a elegância exuberante voltam à frente, mas estão a serviço de engrandecer o esquema melódico criado para a ocasião. A Parte 4 conclui esta suíte com uma exibição de vibrações solenes que têm muito a ver com o crepúsculo. As ondulações e os breves espaços vazios que a guitarra vai preenchendo ao longo do desenvolvimento temático geram uma atmosfera de plácida nocturnidade impressionista após a conclusão de um pôr-do-sol. Vejamos abaixo as seis Partes da suíte homônima 'Road To The Sun'. A parte 1 envereda por um caminho furtivo onde impera um espírito contemplativo, não sem uma certa densidade (convenientemente contida) em algumas passagens. A Parte 2 é obviamente mais solta, exibindo uma vivacidade genuína, embora essa vivacidade também seja tratada de maneira relativamente contida. Isso sim, é inegável que o conjunto de violões se expande num brilho renovado. O emparelhamento das Partes 3 e 4 instala-se sobretudo sob um manto de descontração: a primeira ostenta um caráter nostálgico e quase misterioso, a segunda brilha com um brilho sóbrio que, nas suas últimas instâncias, espoja-se em recursos experimentais que nos surpreendem. . Na verdade, esses recursos estão ligados ao surgimento de uma animação viva e radiante que compõe o núcleo expressivo da Parte 5, talvez o zênite da segunda Suíte. Alguns elementos do jazz latino entram no esquema melódico, embora sempre sujeitos à estilização acadêmica que define o álbum. A parte 6 chega para nos devolver a um ambiente calmo e descontraído, flertando abertamente com o padrão impressionista. O emparelhamento das Partes 3 e 4 instala-se sobretudo sob um manto de descontração: a primeira ostenta um caráter nostálgico e quase misterioso, a segunda brilha com um brilho sóbrio que, nas suas últimas instâncias, espoja-se em recursos experimentais que nos surpreendem. . Na verdade, esses recursos estão ligados ao surgimento de uma animação viva e radiante que compõe o núcleo expressivo da Parte 5, talvez o zênite da segunda Suíte. Alguns elementos do jazz latino entram no esquema melódico, embora sempre sujeitos à estilização acadêmica que define o álbum. A parte 6 chega para nos devolver a um ambiente calmo e descontraído, flertando abertamente com o padrão impressionista. O emparelhamento das Partes 3 e 4 instala-se sobretudo sob um manto de descontração: a primeira ostenta um caráter nostálgico e quase misterioso, a segunda brilha com um brilho sóbrio que, nas suas últimas instâncias, espoja-se em recursos experimentais que nos surpreendem. . Na verdade, esses recursos estão ligados ao surgimento de uma animação viva e radiante que compõe o núcleo expressivo da Parte 5, talvez o zênite da segunda Suíte. Alguns elementos do jazz latino entram no esquema melódico, embora sempre sujeitos à estilização acadêmica que define o álbum. A parte 6 chega para nos devolver a um ambiente calmo e descontraído, flertando abertamente com o padrão impressionista. o primeiro exibe um carácter nostálgico e quase misterioso, o segundo brilha com um brilho sóbrio que, nas suas últimas instâncias, espoja-se em alguns recursos experimentais que nos surpreendem. Na verdade, esses recursos estão ligados ao surgimento de uma animação viva e radiante que compõe o núcleo expressivo da Parte 5, talvez o zênite da segunda Suíte. Alguns elementos do jazz latino entram no esquema melódico, embora sempre sujeitos à estilização acadêmica que define o álbum. A parte 6 chega para nos devolver a um ambiente calmo e descontraído, flertando abertamente com o padrão impressionista. o primeiro exibe um carácter nostálgico e quase misterioso, o segundo brilha com um brilho sóbrio que, nas suas últimas instâncias, espoja-se em alguns recursos experimentais que nos surpreendem. Na verdade, esses recursos estão ligados ao surgimento de uma animação viva e radiante que compõe o núcleo expressivo da Parte 5, talvez o zênite da segunda Suíte. Alguns elementos do jazz latino entram no esquema melódico, embora sempre sujeitos à estilização acadêmica que define o álbum. A parte 6 chega para nos devolver a um ambiente calmo e descontraído, flertando abertamente com o padrão impressionista. esses recursos estão ligados ao surgimento da animação viva e radiante que compõe o núcleo expressivo da Parte 5, talvez o zênite da segunda Suíte. Alguns elementos do jazz latino entram no esquema melódico, embora sempre sujeitos à estilização acadêmica que define o álbum. A parte 6 chega para nos devolver a um ambiente calmo e descontraído, flertando abertamente com o padrão impressionista. esses recursos estão ligados ao surgimento da animação viva e radiante que compõe o núcleo expressivo da Parte 5, talvez o zênite da segunda Suíte. Alguns elementos do jazz latino entram no esquema melódico, embora sempre sujeitos à estilização acadêmica que define o álbum. A parte 6 chega para nos devolver a um ambiente calmo e descontraído, flertando abertamente com o padrão impressionista.

'Für Alina' é a composição de ARVO PÄRT onde METHENY brilha com seu violão de 42 cordas (como apontamos no primeiro parágrafo desta resenha) para fechar o álbum. O assunto centra-se na elaboração e desenvolvimento de um halo evocativo absorvente que é sustentado crucialmente pelos vazios que batem com força no meio das notas. No intervalo, surge uma passagem mais intensa que não quebra a integridade bem articulada da atmosfera predominante, mas a enriquece com um recurso passageiro de incandescência solipsista. Ao longo de seus oito minutos e meio de duração, esta faixa de encerramento manteve consistentemente suas vibrações cerimoniosamente sutis e minimalistas. Tudo isso foi "Road To The Sun", um belo trabalho, precioso e requintado onde PAT METHENY dá largas (como dissemos antes, com um papel prioritário de compositor) aos seus interesses pela música académica contemporânea. Não é tão fácil de ouvir quanto à superfície pode parecer, embora predomine a presença de ambientes descontraídos: é uma ourivesaria feita de som, ou melhor, um trabalho de mapeamento para encontrar novos caminhos iluminados para a exibição da guitarra clássica. Totalmente recomendado em qualquer biblioteca de música distinta. uma tarefa de cartografia para encontrar novos caminhos iluminados para a apresentação da guitarra clássica. Totalmente recomendado em qualquer biblioteca de música distinta. uma tarefa de cartografia para encontrar novos caminhos iluminados para a apresentação da guitarra clássica. Totalmente recomendado em qualquer biblioteca de música distinta.


- Amostras de 'Road to the Sun':

Four Paths Of Light Part 1:

Four Paths Of Light Part 2:

Road To The Sun Part 4:

Road To The Sun Part 5:

Für Alina:

Crítica ao disco de Tyfpe - 'Páxaros na Cabezona' (2021)

 (2021 - Registros do Santo Graal)

Quando deixamos a música fluir do coração, desfrutamos de um resultado que satisfaz os sentidos e até mesmo nossos próprios sentimentos. É quando a música transmite a alma do músico que a alegria se torna pura Arte. Tyfpe (Tu yes fine pa esto) é um colorido exemplo de música que surge das entranhas mais criativas como necessidade de expressão vital.

Emilio Ribera, um asturiano com uma longa carreira musical, fundou este combo como pretexto para nos mostrar tudo o que viajou desde a sua incrível técnica até ao seu coração e deu origem a um projeto instrumental que tomou forma com a publicação, hoje injustamente despercebida, deste Páxaros na Cabezona, um exercício de jazz rock, muito mais jazz do que rock, em que se destaca uma guitarra limpa que não está longe do que Pat Metheny fazia no início da carreira. Não é que os restantes membros do Tyfpe não se destaquem nas suas intervenções, marcadas pela sensibilidade, força e calor, mas sim que o objetivo da guitarra é ser a batuta que indica a evolução dos diferentes temas. Desta forma, teclados totalmente técnicos e emocionais,

Também é possível ouvir ressonâncias leves típicas de Canterbury, mas salvando as distâncias e apesar do som próprio, as conexões convergem em mais de uma ocasião com o jazz rock de Laietano, mais voltado para o jazz puro e hard, como alguns Teverano, Catalunha ou Barcelona Tração.

Esta obra, no entanto, nasce sutilmente arranjada e composta para se expandir ao vivo, assim como poderia ser apreciada em suas apresentações ao vivo, conclui-se que o objeto que estou analisando foi a carta de apresentação que despertou curiosidades e expectativas do sortudo ouvinte que tem esta gravação.

Para concluir, não posso deixar de dizer que esta é uma das músicas que mais consegue mostrar essência, alma e vida por nota emitida. Tudo funciona como uma máquina, quase perfeita, para nos seduzir com seus encantos, sua imaginação, sua técnica e a pura essência do que se faz na superfície. Isso e que o objetivo final dos Páxaros na Cabezona é, insisto, o deleite lúdico como fim e fundamento da vida. Não se deixe esquecer.

- Lista de tópicos e outros dados:

1. Bigheaded Birds
2. The Hand of the Dead
3. Linos Castle
4. September
6. Charlie Rivel
7. La Gitane
8. Ma, ma' um
9. The end

Músicos:
Carlos Láiz: baixo elétrico
Eva D. Toca: bateria e percussão
Emilio Ribera: guitarra
Javier Rubio: piano e teclados

Destaque

John Williams “Jaws – Music From The Original Motion Picture Soundtrack” (1975)

  O filme “Tubarão”, de Steven Spielberg, chegou às salas de cinema a 20 de junho de 1975. Para a criação de uma banda sonora (que faria his...