quinta-feira, 1 de junho de 2023

Review: Andre Matos – Time to Be Free (2007)

 


Após mais de vinte anos de carreira, Andre Matos  lançou seu primeiro álbum solo em 2007. Time to Be Free, com seu título que explicita o sentimento de liberdade, marcou um novo começo na trajetória do vocalista após passagens marcantes por três das bandas mais importantes e influentes do heavy metal brasileiro: Viper, Angra e Shaman.

A banda que gravou o disco era formada pelos irmãos Hugo e Luís Mariutti (parceiros de Andre no Shaman, e Luís desde os tempos do Angra), pelo guitarrista Andre Hernandes (que tocaria nos três discos solo de Matos), o tecladista Fábio Ribeiro (Shaman, Henceforth, Remove Silence, Violeta de Outono) e o baterista Rafael Rosa (Ancesttral, Eterna, Motorguts, Sinistra). Já a produção foi assinada por Roy Z (Bruce Dickinson, Halford, Helloween), com mixagem de Sascha Paeth (Virgo, Angra, Kamelot).

Como de costume nos trabalhos de Andre, Time to Be Free é um álbum muito bem acabado e com excelentes composições. Dono de um talento e um timbre singulares, o vocalista mostra isso de forma clara em todo o disco. Sozinho, livre dos compromissos e conflitos criativos de uma banda, Andre apresenta um trabalho mais solto, indo fundo em características que sempre marcaram a sua música como os arranjos complexos e repletos de mudanças surpreendentes, o uso de soluções harmônicas criativas e muita, muita melodia. Enfim, Time to Be Free é um álbum de metal contemporâneo mas com raízes na sonoridade dos anos 1980 e 1990 que Andre tanto desenvolveu, explorou e ajudou a evoluir durante toda a sua carreira.

Canções como "Letting Go" (composta com o velho parceiro Pit Passarel), "Rio", "Remember Why" (outra parceria com Pit), "How Long" (com participação de Roy Z na guitarra e na composição) e principalmente a faixa título conquistam o ouvinte de imediato e mostram o quanto Andre Matos continuava sendo – e sempre foi - relevante para o cenário metálico.

O álbum possui ainda duas regravações. A primeira é um presente para os fãs. Andre e banda atualizaram a clássica "Moonlight" do Viper, lançada originalmente em Theatre of Fate (1989), e que aqui foi rebatizada como "A New Moonlight", ganhando novos arranjos que a tornaram mais pesada e complexa que a versão original. Já a segunda, "Separate Ways (Worlds Apart)", um dos maiores sucessos do Journey, recebeu uma releitura competente da banda e uma interpretação entusiasmada de Andre, revestindo-a com seu estilo característico.

O disco foi lançado no Brasil em CD pela Universal Music em 2007 e, após as tiragens iniciais, nunca mais foi relançado, o que o tornou um item bastante difícil de ser encontrado. No Discogs seus preços variam entre R$ 60 e R$ 520, enquanto no Mercado Livre os valores estão entre R$ 150 e R$ 540.

Time to Be Free é um álbum coeso, muito bem composto e produzido, e que mostrou, mais uma vez, todo o talento deste músico fantástico chamado Andre Matos. Recomendado para que curte heavy metal e música feita com bom gosto.



Review: Concrete Blonde – Still in Hollywood (1994)


O Concrete Blonde é uma das melhores bandas do rock alternativo norte-americano. Formada em Los Angeles em 1982, permaneceu na ativa até 2012. Foram ao todo sete álbuns de estúdio, duas dezenas de singles, um duplo ao vivo, quatro coletâneas e um disco colaborativo ao lado dos Los Illegals.

Tendo como figura central a vocalista, baixista e compositora Johnette Napolitano, o Concrete Blonde nunca estourou comercialmente, porém formou uma base apaixonada de fãs, inclusive aqui no Brasil. A banda contava também com o ótimo guitarrista James Mankey e com o baterista Harry Rushakoff, substituído mais tarde por Paul Thompson, ex-Roxy Music.

Still in Hollywood é uma compilação de material inédito, b-sides, gravações ao vivo e covers lançada em 1 de novembro de 1994. Na cronologia do grupo é o sucessor do excelente Mexican Moon (1993), um dos melhores álbuns do trio. O material foi disponibilizado inicialmente em CD e k7, e ganhou uma reedição em LP duplo em 2017.

As 16 faixas servem como uma porta de entrada nada óbvia para o universo do Concrete Blonde. Há desde grandes hits como a própria “Still in Hollywood” (aqui com letra e título alternativo abrindo o CD), Free, “God is a Bullet” (em uma incrível versão ao vivo), “The Sky is a Poisonous Garden” (também ao vivo) e a versão estendida de “Bloodletting”, presente originalmente no álbum homônimo lançado em 1990. E a cereja do bolo: uma releitura acústica para “Joey”, maior hit da banda, e que aqui ganha outra dimensão através da interpretação repleta de feeling de Johnette.

Os covers são um capítulo à parte. “Everybody Knows” se apropria da canção de Leonard Cohen com absoluta autoridade. “Mandocello” vem direto do catálogo do Cheap Trick, enquanto “The Ship Song” resgata uma das pérolas do repertório de Nick Cave. A imortal “Little Wing”, de Jimi Hendrix, ganha uma de suas mais belas versões, enquanto “Simple Twist of Fate”, de Bob Dylan, recebe um ar sombrio que casa muito bem com sua letra.

Os b-sides trazem a maravilhosa e acústica “Probably Will”, uma das melhores músicas do trio, além de uma versão ao vivo incrível de “Roses Grow”, a levada de banjo da fofa “Side of the Road” e o pós punk pesadão de “100 Games of Solitaire”.

O disco fecha com outro de suas melhores faixas, uma gravação ao vivo para “Tomorrow, Wendy”, gravada originalmente pelo Wall of Voodoo mas que na versão do Concrete Blonde (presente no álbum Bloodletting) se transformou em um dos maiores hinos na luta contra a AIDS no início da década de 1990, com sua letra narrando os últimos dias de uma paciente terminal. Absolutamente arrepiante!

Para quem tem na coleção, Still in Hollywood vale uma audição a qualquer hora. Pra quem não tem, o álbum está disponível nos serviços de streaming. Em ambos os casos, o disco entrega música de altíssima qualidade e feita com o coração.

 


Review: BAP – Für usszeschnigge! (1981)

 


Quando falamos de rock alemão as principais bandas que surgem no papo são Scorpions, Helloween, Blind Guardian, Accept e Rammstein. Mas é claro que o estilo não se resume a esses nomes em terras germânicas, e um dos maiores exemplos disso é o BAP.

A banda foi formada em Colônia no ano de 1976, lançou onze discos de estúdio e segue ativa. Uma particularidade interessante é que todas as letras são escritas em Kölsch, um dialeto da região de Colônia. O som tem como principais influências nomes como Rolling Stones, Bruce Springsteen, Bob Dylan e The Kinks. Fundada pelo vocalista e guitarrista Wolfgang Niedecken e pelo guitarrista Hans Heres , o BAP variou a sua formação entre seis e sete integrantes ao longo dos anos, e musicalmente equilibra guitarras pesadas com passagens climáticas de teclados, tudo amparada por fortes melodias e um talento inato para compor refrãos fortes e marcantes.

Por algum motivo, o BAP ganhou certa popularidade no sul do Brasil nos anos 1980 e 1990, e foi dessa maneira que conheci o som dos caras. Desde então sigo na busca pelos seus discos, que volta e meia aparecem pelo meu caminho. A mais recente dessas aquisições foi Für usszeschnigge!, terceiro álbum do grupo.

Lançado em 1981, o disco traz o maior hit do BAP, a canção “Verdamp lang her”, cuja letra, de autoria de Niedecken, fala sobre sua relação e seus arrependimentos em relação ao seu pai, então recentemente falecido. A música abre o disco em alto nível, com um arranjo ascendente e melodias que conduzem a um refrão pra lá de grudento. Outros bons momentos podem ser ouvidos em “Südstadt Verzäll Nix” (com aquele clima rockão dos anos 1980), na chiclete “Waschsalon” e seu riff que é puro Chuck Berry, no reggae “Müsli Män” e no encerramento com uma curiosa versão para a clássica “Summertime Blues”, de Eddie Cochran, cantada obviamente no dialeto da banda e rebatizada para "Wo Mer Endlich Sommer Hann".

O BAP é uma banda que vale a pena ir atrás. Após o estranhamento inicial causado pelo idioma vem um universo de grandes canções e uma música muito bem feita, e que vale a pena conhecer. 



Noel Gallagher’s High Flying Birds lança a nova faixa ‘Open The Door, See What You Find’


 Noel Gallagher com sua High Flying Birds lança a nova música ‘Open The Door, See What You Find’ antes do aguardado novo álbum de estúdio “Council Skies“, que será lançado nesta sexta-feira pela Sour Mash Records.

Falando sobre a faixa, Noel diz:

Liricamente, a premissa é que, em um determinado momento da sua vida, você se olha no espelho e vê tudo o que já foi e tudo o que sempre será. É sobre ser feliz com isso. Estar feliz com onde você está na vida, com quem você é e para onde está indo. A vida é boa!

Open The Door, See What You Find’ também apresenta o amigo e colaborador de longa data Johnny Marr na guitarra. Esta é a quinta nova música a ser revelada de “Council Skies” após ‘Pretty Boy’ (também com Marr), ‘Easy Now’, o épico ‘Dead To The World’ e ‘Council Skies’.

Todas receberam ampla aclamação, e as críticas aos primeiros álbuns foram unânimes em seus elogios. ‘Council Skies’ foi descrito como “seu melhor álbum pós-Oasis” pela MOJO, “seu álbum mais pessoal em décadas” pelo The Big Issue, “Noel acerta seu ritmo solo” pela UNCUT e “algumas das melhores músicas de sua carreira pós-Oasis” pela Rolling Stone UK. O Record Collector concedeu ao “Council Skies” o álbum do mês, declarando “exatamente o álbum que Gallagher deveria fazer para lembrar às pessoas o quão bom ele pode ser.

Uma década desde a formação do High Flying Birds e tendo alcançado quatro álbuns que foram os mais ouvidos Reino Unido em sua época, “Council Skies“, produzido por Noel e Paul ‘Strangeboy’ Stacey, é o quarto álbum de estúdio da banda e a declaração solo mais completa de Noel até hoje.

O lançamento de “Council Skies” dará início a uma grande temporada para a banda, começando com uma turnê de 26 datas nos Estados Unidos com os roqueiros americanos Garbage. A banda então retorna ao Reino Unido para fazer uma série de shows no Reino Unido e apresentações em festivais, incluindo um grande show de boas-vindas no Wythenshawe Park de Manchester no fim de semana do feriado de agosto, seguido por uma turnê no Reino Unido ao longo de dezembro de 2023. Os ingressos estão à venda aqui.

Council Skies” está disponível para pré-venda agora em CD, vinil com bônus de 7” apresentando uma versão acústica exclusiva de ‘Pretty Boy’, LP picture disc com mais formatos digitais HD, incluindo uma versão de áudio espacial Dolby Atmos. Formatos de edição deluxe também serão lançados, incluindo um LP triplo e um CD duplo com remixes de Robert Smith do The Cure, Pet Shop Boys e uma impressionante versão da sessão Radio 2 de ‘Live Forever’. A letra da faixa-título ‘Council Skies’ está incluída em todas as pré-vendas do álbum via loja oficial.



quarta-feira, 31 de maio de 2023

Foo Fighters lança clipe de “The Teacher”, sua canção mais longa; assista


 

Faixa integra “But Here We Are“, 11º álbum de estúdio da banda, que chegará neste 2 de junho próximo

O Foo Fighters lançará seu tão esperado 11º álbum, “But Here We Are“, em 2 de junho, e a banda de Dave Grohl ofereceu outra prévia do que está por vir com o lançamento de um vídeo alucinante para uma das faixas mais emocionantes do álbum, “The Teacher“.

Dedicado à memória do falecido e muito amado baterista da banda, Taylor Hawkins, e da mãe de Dave Grohl, Virginia, “But Here We Are” é descrito como “um rugido desafiador e emocional diante da perda

Apresentando letras como “Você me mostrou como respirar, mas nunca me mostrou como dizer adeus“, “The Teacher” é indiscutivelmente o tributo mais emocionante do álbum a Virginia Grohl, e o vídeo da música oferece uma documentação impressionista do musical de seu amado filho. viagem dos centros juvenis da Virgínia e das ruas de Georgetown, Washington DC até os palcos dos maiores festivais de música do mundo.

O Foo Fighters já compartilhou vídeos para “Rescued“, “Under You” e “Show Me How“, que apresenta Violet Grohl. Eles também lançaram a nova música “Nothing At All” em seu primeiro show desde a morte de Taylor Hawkins, no Bank of New Hampshire Pavilion em Gilford, NH na semana passada, 24 de maio.

Assista:



Elton John: os 40 anos de “Too Low for Zero”

 


17º álbum de estúdio do músico chegou no dia 30 de maio de 1983

Poucos artistas musicais de qualquer época tiveram o tipo de passagem que Elton John teve de 1970 a 1975. As coisas pareciam parar, no entanto, depois de “Blue Moves“, de 1976, um álbum duplo sombrio que foi criticado pela crítica, comercialmente decepcionante e que enviou John em um período de silêncio.

Quando ele surgiu, seu parceiro de composição Bernie Taupin não estava em lugar nenhum, e os membros robustos de sua banda também haviam saído para outras oportunidades. “Saí da estrada em 1976 e não fiz absolutamente nada que tivesse a ver com música“, disse John a Mal Reding em 1983. “Durante dois anos não fiz nada, porque não queria. já tinha o suficiente.“.

Ele voltou ao estúdio em 1978 para gravar um single autônomo chamado “Ego“, depois um álbum, “A Single Man“. Isso deu início a um período de cinco anos de vendas decepcionantes e desempenho nas paradas, durante o qual John escreveu e tocou com vários parceiros musicais diferentes, antes de gradualmente trazer de volta Taupin (“21, 33“, de 1980) e dois membros de sua banda (que tocaram na maior parte do “The Fox“, de 1981).

Em 1983, ele estava pronto para colocar tudo de volta no lugar, reunir Taupin e a formação clássica da Elton John Band (com o baterista Nigel Olsson, o baixista Dee Murray e o guitarrista Davey Johnstone) no AIR Studios do produtor dos Beatles, George Martin, em Montserrat.

Taupin explicou em 1989:

Nós dois sabíamos que queríamos trabalhar juntos novamente, mas tivemos que esperar até que tudo se encaixasse. Sabíamos que quando chegasse a hora certa, simplesmente aconteceria. nossas carreiras, não pressionamos. Apenas permitimos que o tempo passe até que as coisas se encaixem, e foi assim que aconteceu.


 Na verdade, houve alguma pressão sobre o grupo reunido: a pressão do tempo, exacerbada pelo atraso de seu líder.

John:

Cheguei a Montserrat com uma semana de atraso. Todo mundo estava sentado lá, tamborilando, [enquanto] eu ficava para assistir alguns jogos [de futebol]. E quando cheguei lá, a pressão era boa, porque eu realmente tinha que escrever e gravar exatamente como antes, tipo com o álbum “Elton John” e o álbum “Tumbleweed Connection”. Em outras palavras, tivemos duas semanas para fazer o álbum e fizemos. Essa parece ser a maneira como eu prospero e trabalho melhor.

Talvez como resultado de ter que escrever e gravar rapidamente, John abraçou totalmente a tecnologia atual pela primeira vez.

Todas as canções foram escritas em sintetizador”, disse ele a Paul Gambaccini em 1984. “Meu maior problema tem sido escrever canções de rock ‘n’ roll; não sou muito bom nisso, porque se você é um pianista, é um conceito totalmente diferente [comparado a] tocar guitarra. É muito difícil escrever canções de três acordes em um piano.

Então eu pego esse sintetizador, que soa como uma guitarra em algumas partes, e posso escrever músicas de três acordes de repente.

O álbum resultante, “Too Low for Zero“, tinha muito desse material acelerado, o mais ressonante dos quais foi o primeiro single do álbum nos Estados Unidos:

I’m Still Standing’ soou como o cartão de visita de todo o álbum. A letra era sobre uma das ex-namoradas de Bernie, mas também achei que funcionou como uma mensagem para minha nova gravadora americana – que, francamente, estava se tornando um pé no saco terrível.

A Geffen Records ficou desapontada com as vendas dos dois álbuns anteriores de John (“The Fox” e “Jump Up“, de 1982!) E foi muito aberta com o artista sobre essa decepção.

Não gostei da aparência de nada disso e pensei que ‘I’m Still Standing’ soava como um tiro de advertência em seus arcos. Foi um grande, arrogante e confiante foda-se de uma canção.


 Menos dedo do meio foi “I Guess That’s Why They Call It the Blues“, uma grande balada cuja música foi confiada a Johnstone.

[John] me mostrou a letra [de Taupin] e eu disse, ‘Oh, que letra linda’. Nós escrevemos a música ali mesmo em cerca de 20 minutos. Ele disse: ‘É isso. Vamos gravá-la.’ No dia seguinte, acho que convidamos toda a banda para a sala. Tocamos a música para eles e começamos a gravá-la e foi isso. Quer dizer, quando você começa com uma letra dessas, já está no meio do caminho.

A música também apresenta um solo de gaita de Stevie Wonder, que deu sua contribuição durante as sessões de overdub em Hollywood. Inicialmente, John e o produtor Chris Thomas debateram se o instrumento era o certo para usar no solo.

Chris viu um solo de gaita naquela música, o que eu não vi. De jeito nenhum. Achei que ele devia estar brincando. E então, quando o deixei para continuar com isso … eu disse: ‘Não gosto de um solo de gaita. [Talvez] um solo de sax ou algo assim.’ [Mas] ele estava absolutamente certo e pediu a Stevie para fazer isso. … Ele fez isso de maneira brilhante e funcionou.

“Too Low for Zero” também contou com contribuições de outros colaboradores anteriores de John. James Newton Howard tocava sintetizadores e outros teclados com John desde “Rock of the Westies” de 1975, e voltou para arranjar e reger a seção de cordas para o encerramento do álbum “One More Arrow“. A harpista Skaila Kanga, que havia tocado em “Elton John e Tumbleweed Connection” desde 1970, voltou para “Cold as Christmas“. Ela foi acompanhada pela vocalista de longa data de John, Kiki Dee, que fez um dueto de sucesso com John com “Don’t Go Breaking My Heart“.

Lançado em 30 de maio de 1983, “Too Low for Zero” alcançou a 25ª posição na parada de álbuns da Billboard 200 e foi certificado como platina pelas vendas – o primeiro para John desde “A Single Man” em 1978. John diz que sabia que “Too Low for Zero” ser um sucesso, tanto que ele estava disposto a apostar seu sustento nisso.

Eu disse ao meu gerente: ‘Se isso não acontecer, vou desistir e me tornar um verdureiro’. Significou muito para mim, porque achei as músicas fortes e [havia] um ímpeto lá … entrando com a banda.

 

Disco Imortal: Jane’s Addiction – Ritual de lo habitual (1990)

Immortal Disco: Jane's Addiction - Ritual of the Usual (1990)

Warner Bros., 1990

Antes de mais nada, dizer que este álbum do Jane's Addiction ainda é grande parte da personalidade de seu vocalista e líder Perry Farrell, que sempre amou expor sua vida em cartas, e claros exemplos disso são registrados, noites de boemia, junkie aventuras, a matéria espiritual e muito sexo recolhido em toda a sua essência, o claro ritual do que lhe era habitual, sobretudo naqueles anos de loucura.

É um disco disperso, mas que apaixona como um todo, tem essa parte lúdica, riffs, rock das primeiras faixas e tem aquele fator meio onírico, nostálgico, romântico e certeiro que compõem as baladas e o tipo da trilogia final.

Era a inauguração da banda, que já havia deixado muitas coisas interessantes em evidência com a ótima “Nothing Shocking” de 1988, mas aqui havia uma solidez que partia da arte, das intros bizarras e de uma potência nas guitarras cortesia do soberbo Dave Navarro que iam carimbá-lo como uma clara referência do rock alternativo dos anos 90, e aliás deixar o mainstream notar a capacidade furiosa de seu estilo de interpretar o grande guitarrista.

Talvez o melhor de fazer esse tipo de especial seja esclarecer dúvidas eternas como de onde diabos saiu aquela introdução em espanhol " senhores e senhoras/nós temos mais influência sobre seus filhos do que vocês/mas nós os amamos... criamos e irrigado por Los Angeles: Juana's Addiction!” algo que soa incompreensivelmente legal e ainda não está totalmente claro, mas podemos decifrar que as primeiras linhas aparecem no álbum no poema "To the Mosquitoes" escrito por Farrell, talvez essa introdução tenha conquistado corações latinos apesar de sua péssima tradução e pronúncia, um curioso prelúdio de uma bomba para quebrar o recorde.

Há um desejo ritualístico no álbum, a mística de Farrell imposta e cercada de acenos a entes queridos, como Xiola Bleu, sua amiga heroína que morreu de overdose na música "... Then She Did", e sua mãe que morreu por suicídio quando Perry I era muito jovem. A razão das imagens da Santeria em torno deste trio sexual também explicam e revelam aquela que é claramente a composição mais complexa e genial deste álbum: «Three Days», onde Farrell narra muito bem o seu interminável fim de semana de sexo e drogas. , que realmente aconteceu, acentuado com viagens intermináveis ​​em uma música progressiva, longa e estranha, que se encarnou como um gênio da banda para sempre.

É preciso dizer que a formação foi entendida como luxuosa, o baixo predominante de Eric Avery não foi ofuscado pelas tremendas guitarras de Navarro, nem a furiosa bateria de Stephen Perkins, tudo temperado na medida certa. No superhit "Been Caught Stealing" pode ser exemplificado plenamente, uma música bacana, bilheteria, funky e muito bem montada ao mesmo tempo, linhas de baixo temíveis. Além de ser uma ode ao roubo das formigas, de como pode ser adrenalina roubar qualquer besteira no supermercado.

Tem “Obvious” e “Ain’t no Right” que encarnam o melhor JA que poderíamos ter tido historicamente: inteligente, solto e descomprometido com o mundo, acenos ao reggae em ambos para plantar uma marcha que faz explodir, principalmente no em segundo lugar, pois O resto pode ser canções de peso do funk rock de primeira linha, mas o espírito hippie está em toda parte. Era um lado diferente dos americanos, e também diferente de tudo o que se ouvia até então.

Não tem um tema mau, cada uma das suas músicas apresenta coisas interessantes, foi claramente o álbum que trouxe a banda para o mainstream e que de alguma forma influenciou tudo o que os Red Hot iriam desenvolver nos anos 90 (é uma coisa para ouvir o grande "One Hot Minute" onde o próprio Navarro participou) e dar-lhes esse crédito é quase tão valioso quanto o fato de que mais de 20 anos se passaram e estamos tão emocionados quanto no primeiro dia em que o ouvimos.

 

Destaque

Burt Bacharach & Elvis Costello - "Painted From Memory" (1998)

  “Burt é um gênio. Ele é um compositor de verdade, no sentido tradicional da palavra; em sua música você pode ouvir a linguagem musical, a ...