Eleito no ano passado para participar do disco que a FNAC reserva aos novos talentos, Lour apresenta agora o seu primeiro EP. Change promete. Nada que nós, aqui pelo Altamont, não soubéssemos já.
Que se comece com um disclaimer. Lour nome de palco, Lourenço Lopes de nascimento, é filho adotivo do Altamont. Adotivo porque o pai, o nosso Carlos Vila Maior Lopes, é dos nossos mais convictos melómanos, figura de saber enciclopédico, figura de conhecimento no limiar do doentio se a conversa for sobre música brasileira. Também é figura que desde sempre se apresentou nos concertos acompanhado de um puto, primeiro pequeno, depois não tão pequeno, depois com gente a pedir-lhe uma foto.
Quando um amigo nos diz que o filho quer ser músico a resposta é, na maior parte das vezes, condescendente. “Sim, boa. Ele até leva jeito”, “Boa, boa. E vai ao Conservatório ou ao Hot Clube? Vai estudar a sério?”, “Parabéns, de facto, até é afinado”, diz-se, sem nunca soltar a crua verdade – “Ele que não largue a escola”. Depois, há casos raros em que a conversa se faz ao contrário. E o Lour é um caso raro. “Então, mas e o puto já se mostrou a alguém?”
De viola em riste e voz delicada, o pequeno Lourenço foi crescendo ao lado do Altamont, ao lado do nosso Maior em concertos e festivais, sempre com ar de quem agradecia a companhia, mas sempre com pinta de quem sabia o caminho que queria trilhar. E assim o está a fazer. Primeiro a ganhar no ano passado um lugar entre os Novos Talentos da FNAC, depois a arrancar para os primeiros concertos longe da segurança de amigos e família – no Music Box, no Sofar Sounds e no Festival WTMM by the River. Por estes dias, ganhou direito a ouvir-se na Radar, na Antena 3 e, suspeito, nas outras todas que se vão seguir.
Tive a sorte de estar entre os primeiros a ouvir o EP de estreia, Change. De imediato, cometi um erro. Dada a primeira volta às canções, ao pai, sugeri que impedisse o excesso de produção, de camadas de efeitos por cima da voz do Lour. “Essa é que vai ser a money maker”, defendi. A resposta foi reveladora: “Não me deixa chegar perto. Vida e música dele”. Pontos para o puto, pensei antes de voltar a carregar no play.
“Change”, faixa homónima, arranca com dedilhado na guitarra e a voz, a tal ‘money maker’, a marcar o tom do EP, reconfortante e inocente, sem soar a infantil, sem soar a gasto ou a cópia de este ou daquele fenómeno pop. Em “Home”, a produção sobe de nível, mas a maturidade da música também, pop bem feita, dorida, mas não derrotada, como a vida nos anos de despedida da adolescência. Seguem-se “Remember Me”, “Sore” e “But I Run”, a música de que mais gostei, mas também, ou por isso mesmo, a que tem a voz menos decorada.
Nos dias que seguiram ao lançamento do EP, por um dos chats dos Altamonts, leu-se: “Está crescido o Lour”, disparou o Tiago Freire (que, seguramente, me perdoará a inconfidência). E está. E no final das cinco músicas, a vontade que fica é de ouvir mais. De perceber para onde vai o nosso Lopes mais novo. Também deixa a vontade de fazer o aviso: sim é dos nossos, sim vamos torcer por ele, mas também vos garanto que ficam a perder se não o forem ouvir.
Boyz II Men é um grupo vocalnorte-americano de R&B/Soul originário da Filadélfia, Pensilvânia, mais conhecido por suas baladas emocionais e harmonias a cappella. Foi fundado em 1988, como um quarteto, com os membros Nathan Morris, Michael McCary, Shawn Stockman, e Wanya Morris. O grupo obteve sucesso internacional em 1991, quando lançaram seu primeiro álbum pela gravadora Motown.[1]
Boyz II Men é o grupo vocal de R&B masculino mais bem sucedido de todos os tempos, e já venderam mais de 60 milhões de discos. Três de seus maiores hits são, "End of The Road", "I'll Make Love To You", e "One Sweet Day" (com Mariah Carey), que na época, quebrou o recorde de maior tempo que um single permaneceu em primeiro lugar na Billboard Hot 100. Eles somam 50 semanas acumuladas em primeiro lugar na parada Hot 100 da Billboard, ocupando o sexto lugar na lista de artistas que ficaram mais tempo no topo, atrás de Drake, The Beatles, Rihanna, Elvis Presley e Mariah Carey.[2] Além disso, quando o single "On Bended Knee" tirou o primeiro lugar de "I'll Make Love to You", eles se tornaram o terceiro artista (depois dos Beatles e Presley) a se substituir no topo da Billboard Hot 100.[3]
Em 2003, a banda virou um trio, após a saída de Michael McCary (o baixo, o cantor que possui a voz mais grave do grupo) alegando sérios problemas na coluna decorrentes de uma escoliose. Em 2005, Wanya, Shawn e Nathan decidiram continuar a gravar e fazer novas turnês.
O grupo, originalmente chamado de "Unique Attraction", foi formado na Philadelphia, em 1985, por Michael Grimaldi, Nathan Morris, Marc Nelson, George Baldi, Jon Shoats e Marguerite Walker, quando participavam do coral da escola, no ensino médio. Em 1987, Wanyá Morris e Michael McCary que também cantava no coral da escola, entraram para o grupo. Em 1988, após a formatura, Baldi, Shoats e Walker deixaram o grupo. Eles então recrutaram Shawn Stockman depois de vê-lo fazer um solo em uma peça. Eles ensaiava pela escola entre as aulas, sempre que tinham uma oportunidade de se reunir. Os rapazes eram fãs do grupo New Edition, que serviu de inspiração para o nome oficial do grupo "Boyz II Men", que vem da música "Boys to Men", lançada em 1988.
Em 1989, depois de se apresentarem em uma festa de Dia dos Namorados na escola, eles foram convidados para cantar em um show organizado pela rádio local Power 99, no Philadelphia Civic Center. O plano deles era encontrar o então rapperWill Smith, nos bastidores e se apresentar para ele. No entanto, eles acabaram encontrado com Michael Bivins, membro da New Edition. Eles se apresentaram para Bivins, outros membros do New Edition, e executivos da Motown, que ficaram impressionados, então, decidiram ajudar o grupo.
O grupo conseguiu um acordo de gravação com a Motown, mas durante a produção do primeiro álbum, eles tiveram alguns conflitos, o que levou Marc Nelson a deixar o grupo, transformando o Boyz II Men no quarteto que ficou famoso: Michael McCary, Nathan Morris, Wanyá Morris e Shawn Stockman.
Sucesso
Em 1991, o quarteto explodiu nas paradas com o lançamento de seu primeiro álbum Cooleyhighharmony, os primeiros sucessos nas rádios foram "Motownphilly" e a balada "It's So Hard to Say Goodbye to Yesterday". O álbum alcançou grande sucesso, vendendo mais de nove milhões de cópias pelo mundo e rendeu ao grupo o Grammy de Melhor Performance de R&B por Duo ou Grupo.
Em 1992, se juntaram ao rapperMC Hammer, em uma grande turnê pelo País, e no mesmo ano, retornaram ao estúdio para gravar o single "End of the Road", co-escrito e produzido por Babyface, para a trilha sonora do filme Boomerang, estrelado por Eddie Murphy. Lançado em 30 de junho, o single alcançou o primeiro lugar na Billboard Hot 100, permanecendo lá por um recorde de 13 semanas.
Em 1994, voltaram a surpreender com o álbum "II", que estreou no topo da Billboard 200, e vendeu mais de 12 milhões de cópias somente nos Estados Unidos, tornando-se um dos álbuns mais vendidos por uma boy band, e um dos maiores álbuns da década.[6] O single "I'll Make Love to You", tirou o recorde de "End of the Road", ao passar 14 semanas no topo da parada. Já o single, "On Bended Knee" substituiu "I'll Make Love to You" no primeiro lugar da Hot 100, tornando o Boyz II Men, o terceiro artista a conseguir o feito.
O terceiro álbum de estúdio, Evolution, foi lançado em 1997, e vendeu mais de três milhões de cópias. Apesar do baixo desempenho na vendas, em relação aos lançamentos anteriores, o single "Four Seasons of Loneliness", chegou ao topo da Hot 100. O segundo single, "A Song for Mama", tema do filme Soul Food, também chegou no Top 10 do Hot 100.
Em 2000, o álbum Nathan Michael Shawn Wanya, foi escrito e produzido pelo próprio grupo, em uma tentativa de atualizar o som do grupo. Embora os críticos tenham sido receptivos, o álbum vendeu apenas 500.000 cópias nos EUA, 1 milhão de cópias em todo o mundo, e seus dois singles, "Pass You By" e "Thank You in Advance", não obtiveram sucesso nas paradas.
Mudanças
Após o baixo desemprenho do último álbum, o grupo saiu da Motown (agora um selo da Universal Music) em 2001. Um novo contrato com a Arista Records, foi assinado em 2002. Apostando no grupo, a gravadora providenciou um orçamento promocional significativo, e o grupo começou a gravar o álbum Full Circle. Mas o primeiro single "The Color of Love", produzido por Babyface, não conseguiu um bom desempenho nas paradas. Em 30 de janeiro de 2003, Michael McCary deixou o Boyz II Men devido a problemas crônicos nas costas resultantes de esclerose múltipla. Arista rescindiu o contrato do grupo em 30 de abril, e os três membros restantes tiveram um hiato temporário na indústria musical.
Depois de um ano fora dos holofotes, e agora como um trio, Boyz II Men criou o selo independente MSM Music Group, e lançou o álbum Throwback, Vol. 1, em 2004. O álbum vendeu mais de 200 mil cópias, sem nenhuma promoção na grande mídia, além da turnê independente do grupo.[7]
Televisão
Na televisão participaram do especial Grease: Live!, um tributo ao clássico Grease: Nos Tempos da Brilhantina, como os Teen Angels, performando a música "Beauty School Dropout".[8] Também fizeram uma participação especial no seriado Um Maluco no Pedaço, como eles mesmo no episódio de batismo do pequeno Nick (temporada 4 episódio 13).
No seriado Como Eu Conheci Sua Mãe, eles cantam sua versão da música "You Just Got Slapped", criada por Jason Segel, que no seriado interpreta o personagem Marshall Eriksen.
O show de Roger Watersem Helsinque foi uma performance praticamente perfeita. O set list, a banda, o espetáculo visual, os sons e a atitude (“TRUMP IS A PIG”) acertaram em cheio.
O set do show foi uma excelente combinação do novo e do antigo. Ouvimos todos os clássicos mais brilhantes que você poderia esperar do Pink Floyd , mas também joias um pouco mais inesperadas como "One Of These Days", "Welcome To The Machine" e "Pigs" (especialmente ótimo!). Ouvimos quatro músicas do excelente e mais recente álbum solo de Waters, que também funciona muito bem ao vivo. A duração do show foi de cerca de três horas.
A banda de dez membros tocou bem, mas ainda não muito estéril. Menção especial deve ser dada ao guitarrista Dave Kilminster , que carregou os solos com a mistura certa dele e de David Gilmour , que originalmente tocou as músicas do Floyd .
O lado visual do show foi espirituoso, atual e tecnicamente brilhante e combinou com sucesso vídeo, luzes, lasers e adereços físicos (porco!). Nunca vi nada tão incrível em termos visuais em um show ao vivo. Depois, o concerto The Wall de Waters (2011).
O diretor de circo/agitador político, de 74 anos, Roger Waters, estava ele próprio numa explosão de energia e a idade só aumentou o seu carisma. A última coisa a mencionar são os sons novamente superiores de Roger Waters. Ninguém, ninguém mesmo, evoca sons tão maravilhosos para essas grandes arenas, vez após vez. A superioridade da equipe de Waters é confusa nessa área. Tudo foi ouvido de forma clara e distinta, sem a necessidade de aumentar o volume a um nível excessivo (bem, o volume moderado é provavelmente o primeiro passo para o sucesso...).
Primeiro conjunto:
Speak to Me Breathe One of These Days Time Breathe (Reprise) The Great Gig in the Sky Welcome to the Machine Déjà Vu The Last Refugee Picture That Wish You Were Here The Happiest Days of Our Lives Another Brick in the Wall Part 2 Another Brick in the Wall Part 3
Toinen setti: Dogs Pigs (Three Different Ones) Money Us and Them Smell the Roses Brain Damage Eclipse
INÊS APENAS edita, esta sexta-feira, dia 1 de dezembro, o novo EP “acústico” em todas as plataformas digitais. O lançamento inclui um tema inédito, uma colaboração com Cláudia Pascoal, e outras versões intimistas, a piano e voz, de temas dos dois primeiros EPs “um dia destes” (2022) e “Leve(mente)” (2023).
“Este EP acústico surgiu de uma necessidade muito grande de me aproximar cada vez mais do meu público e mostrar como cada canção foi feita. Componho maioritariamente ao piano e queria que viajassem comigo da mesma forma que eu viajo quando escrevo canções”, afirma INÊS APENAS.
“acústico” inclui o inédito “LEIRIA NÃO EXISTE” – escrito para desmistificar um mito e meme viral português, segundo o qual… Leiria não existe -, “Shhinfrim”, “Leve(mente)” com LEFT., “Fim do Mundo”, tema finalista do Festival da Canção 2023 e uma versão de “Bloqueada”, em dueto com Cláudia Pascoal.
Um ano após “Boot Legs“, o álbum comemorativo do 10º aniversário da banda, Moonshiners regressam às edições discográficas.
“Monkey’s Poetry“, produzido por The Legendary Tigerman, inicia um novo capítulo na sonoridade Blues-Rock a que a banda aveirense nos tem habituado. Ao longo de 6 novas canções intimistas e introspectivas, gravadas no início de 2023, nos estúdios Palanca Negra, em Lisboa, Moonshiners mergulham pela primeira vez numa estética electrónica, com recurso a sintetizadores e modulares.
“Rock ‘n’ Roll Queen“, o single de avanço de “Monkey’s Poetry“, traz a visceralidade identificativa da banda, aliada a melodias e espectros sonoros da canção popular.
“Monkey’s Poetry” tem data de lançamento prevista para 26 de Janeiro de 2024.
“Gravar os Moonshiners no Palanca Negra Estúdio foi uma das experiências de produção mais fluidas de sempre. Tinha recebido vários e-mails da Susie, do Vitor e do Sam, com canções, instrumentais, letras, nos meses anteriores, e estas canções eram para mim do melhor que alguma vez eles tinham escrito. O caminho pareceu-me simples, era no fundo apenas o que as canções pediam: Gravar a banda no seu estado natural com a ajuda do Guilherme Gonçalves, criar arranjos elegantes e discretos, introduzir uma certa contemporaneidade (algum tipo de bombos e tarolas ou pads mais usados no Trap, por exemplo), alguns synths modulares, uma discreta strat à la Badalamenti, e a receita está completa, com mistura e masterização de Guilherme Gonçalves. As canções falarão por si, mas creio que os miúdos estão de parabéns, vem aí o seu melhor trabalho.”
Gileno Santana celebra o espírito natalício com o lançamento do tema “Noite Estrelada”, uma canção inédita, com o objetivo de criar uma atmosfera natalícia dos anos 50.
Para isso, convidou Paulo Praça e Rosemary (finalista do The Voice Kids 2021) para juntarem-se a ele nesta celebração musical única. Nesta história, um menino procura um Natal diferente, onde as prendas não têm importância. O seu desejo é construir um mundo melhor, onde a verdadeira magia está no reencontro e no apelo para que ninguém fique sozinho neste Natal.
A produção meticulosa de André Indiana eleva a música a novos patamares. O arranjo e a música escrita por Gileno Santana conta com um quarteto de cordas, uma flauta, um trio clássico de jazz e instrumentos como Fender Rhodes e Hammond. “Que um novo mundo possa ser melhor neste Natal.”
Os alarmes disparam, porque neste dia, 19 de outubro, mas há 23 anos, foi publicada a Natureza Morta do Opeth . Uma obra de arte, uma criação sacrossanta, de uma banda que começava a bater às portas do paraíso musical.
Não podemos negar que o seu nome estava na lista de grupos a ter em conta, especialmente graças a "Morningrise", mas seria a partir de 1999, como resultado do álbum em questão, que os suecos dariam o salto definitivo de qualidade
Em Still Life quase não há vestígios do black metal inicial, eles continuam a fantasiar num terreno agressivo mas mais suave com o death metal. Ou seja, o metal extremo continua como base composicional, algo inegociável até agora. No contraponto, tão característico do Opeth , as seções acústicas e os vocais limpos são o substrato efetivo em cada uma das sete músicas de Still Life . Suas doses sempre estiveram presentes em seus trabalhos anteriores, mas agora é levada a um patamar mais sofisticado e com peso muito maior nas composições.
Quanto à formação, o pensador e líder Mikael Åkerfeldt é acompanhado por Peter Lindgren na guitarra, Martín López (futuro fundador do Soen ) nas baquetas e Martín Méndez no baixo. É interessante a presença dos dois Martines, dois uruguaios em terras escandinavas.
Still Life , assim como o trabalho anterior "My Arms, Your Hearse", é um álbum conceitual, neste caso uma história de amor com forte caráter anticristão. Assim, é contada a história do retorno de um homem, exilado de sua cidade natal por motivos religiosos, em busca de Melinda, sua amada. Um desenvolvimento vital que terminará num drama fatídico.
A capa, a primeira em que aparece o logotipo da banda, mostra-nos a imagem de Melinda, totalmente angustiada e coberta por um manto. Uma cruz ao fundo e um lago e a combinação do vermelho e do preto são os elementos que dão o drama final a uma capa memorável.
Natureza morta: combinação perfeita de agressividade e melancolia
Atmosfera densa e nostálgica no The Moor . Uma introdução que se completa com arpejos e riffs complexos e técnicos. Sem tempo para se preparar, a distorção é a porta de entrada para o rosnado do Sr. Åkerfeldt . Grito de raiva, do além-túmulo, que reflete o desespero do nosso personagem principal, que, banido por não ser suficientemente fiel, tem que deixar sua comunidade, mas não antes de sofrer todo tipo de ataques e humilhações públicas.
A calma, vinda das vozes limpas e nostálgicas, é complementada por belos dedilhados de guitarra. Uma ponte com outro desenvolvimento de cordas nos conecta novamente com os guturais, combinando raiva com lamentos nos minutos seguintes. Podemos sentir profundamente os infortúnios do próprio personagem. Mais arpejos que norteiam diferentes seções de guitarra e refrões, brigam pelo destaque final com outros gritos de Åkerfeld . Com mais de 11 minutos, é a música mais longa do álbum. Que carta de apresentação!
Sem tempo para assimilar tal exibição, o Lamento do Supremo surge como um rolo compressor. Riffs complexos e cortantes, bumbos duplos fortes e guturais a todo vapor. Depois desta tremenda descarga, a instrumentação abranda, podemos até apreciar melodias de fundo, enquanto Åkerfeldt continua a deliciar-se com o seu requintado domínio das vozes. Seguindo a trama, agora o protagonista está determinado a retornar à sua cidade, apesar do risco que isso possa acarretar, para se reunir com Melinda. Algum descanso ao longo do caminho.
Algumas belas arrancadas iniciam uma mudança de rumo onde as vozes limpas e cheias de sentimento nos fazem entrar em um clima melancólico. Secção de enorme beleza musical. Como esperado, guitarras afiadas e riffs fortes entram novamente com a fera liberada de raiva, enquanto nossa personagem descobre que Melinda se tornou freira. A história se desenrola ao som da música. Final incrível, adicionando coros e vozes limpas à estrutura selvagem predominante.
Benighted está ausente da agressividade exibida até agora. Guitarras acústicas e vocais limpos fornecem o conteúdo musical para representar um dos momentos mais tranquilos do álbum. Os arpejos são incrivelmente lindos criando uma atmosfera totalmente triste, mas cativante com a voz de Mikael. Um tema encantador, com uma beleza extremamente comovente. O conteúdo lírico nos fala de uma carta escrita para Melinda com o intuito de convencê-la a abandonar as cadeias da religião para escapar com ele para um destino melhor. Um solo elegante é a cereja do bolo desta linda faixa.
Moonslape Vertigo começa com uma longa seção instrumental. Mais calmo, mais sensível. Agora o cara lembra que se os moradores da cidade o descobrirem vão matá-lo, então ele tem pouco tempo para se encontrar com Melinda e tentar convencê-la. A raiva ainda está presente no protagonista, a rejeição de posições religiosas aos infelizes e aos pobres é uma injustiça que ele não consegue compreender. Uma sensação que, por outro lado, o Opeth sabe colocar em acção através dos contrastes da sua música. As seções instrumentais, acústicas e outras de jazz fusion e estilo experimental são combinadas com as seções pesadas e extremas. Em termos de composição é mais uma joia carregada de inúmeras nuances.
Face of Melinda , que se tornou uma canção cult ao longo dos anos, trata do desejado reencontro entre os protagonistas, não sem complicações, para acabar reconhecendo que ainda o ama, terminando em um encontro sexual. Arpejos encantadores servem de ligação à bela e suave voz de Åkerfeldt que parece fazer o ouvinte se apaixonar por ele. Um belo disco que sabe explorar perfeitamente. Os decibéis sobem ligeiramente assim como a voz, mas sem abandonar a beleza que a rodeia. Tema de cabeçalho para todos os fãs minimamente preciosos.
Com Serenity Painted Death atingimos o clímax composicional, a catarse criativa, bem como a parte mais intensa da história. Nele, múltiplas seções de guitarra combinam perfeitamente arpejos, dedilhados complexos e acordes incomuns, além de solos incríveis. Estes últimos são numerosos e da mais alta qualidade. O poder bruto das vozes não foge à regra aqui, quando nosso protagonista descobre que Melinda é decapitada por um soldado por ser infiel à Igreja. Num acesso de dor e raiva, ele mata vilmente tantos soldados quanto pode.
Martín López ajuda a representar magistralmente essa raiva com seus cílios e sua força. Além disso, oferece padrões rítmicos com groove marcado nas partes pesadas e bases complexas de jazz fusion quando as passagens acústicas assim o exigem. Dotado de excelente elegância e enorme linguagem musical, o baixo pretende ser a peça definitiva na engrenagem desta maquinaria musical perfeita. Essa é a essência do Opeth, seu som pessoal, compilado nos quase 10 minutos que dura a música. Uma verdadeira maravilha.
White Cluster é uma explosão de ódio com momentos de saudade. Åkerfeldt , personificado como protagonista, libera veneno de sua boca sob instrumentação agressiva e caótica. Não à toa, o personagem é capturado e levado à forca. Somente o arrependimento pode salvá-lo da morte, caminho que ele se recusa a seguir. Retorno à melancolia, últimos desejos de reencontro com sua amada após a morte e belo lirismo cheio de pureza do bigodudo Åkerfeldt . Pausa e silêncio quase absoluto até que a instrumentação inicial retorne ao caminho do ódio para nos devolver a calma novamente. Penúltima passagem, desenvolvendo um solo de guitarra que desaparece lentamente. Quando tudo parece estar acabando, algumas últimas batidas lentas, à distância, avisam-nos que pouco antes de ser enforcado, uma mão repousa sobre ele. É a Melinda, pronta para te acompanhar.
Opeth, referências do death metal progressivo
Embora com "Orchid", "Morningrise" e "My Arms, Your Hearse" tenham ganhado nome na cena, é com Still Life que ocorre o salto qualitativo decisivo no Opeth . Um trabalho incrível, uma grande simbiose que culmina na perfeição a brutalidade e a agressividade com passagens acústicas e vozes limpas. Experimentando dinâmicas que vão desde o melhor do metal extremo com Morbid Angel ou Entombed como referências até o melhor do rock progressivo com bandas como Camel ou King Crimson . Em suma, uma obra-prima de referência do death metal progressivo .