quarta-feira, 10 de julho de 2024
MPB4 - 60 Anos de MPB (2024)
Chico Cesar, Blanca e Rojobarcelo - Belezas Pra Nós (2024)
Review: Stereo Nasty – Nasty by Nature (2015)
Review: Paul McCartney – Ram (1971)
Ram é o segundo álbum de Paul e o primeiro e único creditado a ele e sua esposa Linda, nos mesmos moldes que Lennon e Yoko faziam - aliás, seis canções (“Dear Boy”, “Uncle Albert/Admiral Halsey”,” Heart of the Country”, “Monkberry Moon Delight”, “Eat at Home” e “Long Haired Lady”) tiveram Linda nos créditos ao lado do esposo.
As provocações a John e Yoko já começam na arte do disco. Enquanto na parte da frente da capa Paul segura os chifres de um carneiro (animal que dá o nome ao álbum em uma clara referência à fazenda do artista na Escócia, onde as músicas nasceram), na parte de trás existe uma foto com dois besouros (“Beatles”) tendo relações. Se Lennon já ficou bem furioso com esta foto, imagine então o momento em que ele escutou o LP pra valer.
A bolacha já começa com a primeira provocação, “Too Many People”, que aparentemente desce a lenha em pessoas que tentam fazer alguma lavagem cerebral ou doutrinação nas demais. McCartney declarou mais tarde que Lennon estava em uma espécie de pregação constante, motivando a letra da canção, que em um trecho com tradução livre ficaria desta maneira:
“Muita gente está esperando por uma boa oportunidade
Esse foi o seu primeiro erro
Você pegou a sua oportunidade a partiu ao meio
E agora, o que pode ser feito por você?”
Musicalmente é uma faixa agradável, cheia de entusiasmo e com passagens bem animadas com uma clara pegada Beatle - e não era para menos, pois, McCartney era um dos responsáveis pelo som do Fab Four - com solos de guitarra de Hugh McCracken, precisos, curtos e despretensiosos. Uma boa abertura com a cara de Sir Paul, sem dúvida alguma.
O disco ganha cores com “Dear Boy”, com camadas de vocais entrelaçados no melhor estilo Beatles (novamente) e harmonia impecável guiada pelo piano. A música, um dos destaques do álbum, foi descrita pelo próprio Paul como um relato sobre o primeiro casamento de Linda, porém, Lennon tinha certeza absolutas de que esta canção era mais uma provocação direta. Mesmo com Macca negando, a letra deixa interpretações duvidosas:
“Espero que nunca saibas, querido rapaz
O quanto você perdeu
E mesmo quando você se apaixona, querido rapaz
Não será tão bom como este
Espero que você nunca saiba o quanto você perdeu”
E você, o que acha?
Dando continuidade chegamos a “Uncle Albert / Admiral Halsey”. Que música fantástica, com a pegada McCartney em todos os detalhes: efeitos de chuva, orquestração impecável da Orquestra Filarmônica de Nova York, uma melodia que muda completamente do nada de andamento e linhas vocais que só Paul poderia imaginar. Vale dar uma olhada no clipe divertido disponível lá no YouTube.
“Smile Away” tem um clima mais rock and roll raiz, com direito a vocais acompanhando a música toda e uma guitarra calcada nos anos 1950. Se para muitos Paul ainda não havia encontrado o seu som definitivo pós-Beatles, “Smile Away” consegue manter o clima alto com uma pegada impressionantemente animadora. “Heart of the Country” é uma linda canção acústica, um dos pontos altos do disco e que remete muito às composições de Paul nos tempos do famoso duplo White Album, de 1968.
“Monkberry Moon Delight” traz um Macca cantando de maneira rasgada em uma faixa intensa e com diversos elementos interessantes, enquanto “Eat at Home” tem uma melodia pegajosa bem simples e que, apesar do grande sucesso na época, soa um pouco abaixo do restante do disco - mas como mencionei anteriormente, McCartney ainda estava em busca de uma identidade neste início da década, e que só encontraria em 1973 com o clássico Band on the Run. A mesma situação acontece com “Long Haired Lady”, uma canção que apenas complementa o disco e não acrescenta muito musicalmente ao trabalho. Aliás, “Long Haired Lady” poderia ter sido substituída tranquilamente por “Another Day”, um grande sucesso e de qualidade bem superior lançada como single na mesma época e que acabou entrando anos depois nas versões do álbum como bônus. Concorda comigo?
Review: Paladin – Ascension (2019)
Ao final da audição de Ascension, fica a agradável sensação de ter ouvido um disco que ficará para a história. Se você é fã de metal, não deixe passar!
Review: Elomar - ... Das Barrancas do Rio Gavião (1972)
The Lemon Twigs – Go To School (2018)
O segundo disco dos Lemon Twigs, Go To School, é um musical. Sobre um chimpanzé. E as comparações a três mil estilos e bandas são inevitáveis e bem vindas.
À primeira audição, esta espécie de musical rejeitado dos anos 70, puxa tanto a Queen como a Foxygen ou a Of Montreal mas os irmãos D’Addario, que já tinham mostrado em Do Hollywod uma versatilidade de géneros surpreendente, puxam para as suas fileiras a própria mãe e Todd Rundgren a fazerem de pais de um filho improvável. Quando chegamos a “Rock Dreams”, segunda faixa do álbum, onde este estranho par canta a duas vozes “Wake up the kid! / Good morning, it’s breakfast! / I know how you like your bananas” se não vos vier um sorriso aos lábios podem voltar a ouvir as coisas aborrecidas do costume e deprimir sozinhos lá num cantinho. Aqui a viagem e a história vão progredindo, com músicas ao estilo de Tiny Tim ou mesmo de anos 20 em “The Lesson”, logo seguidas de “Small Victories” a lembrar The Kinks e “Wonderin’ Ways” com arranjo orquestral. E se as comparações parecem a mais neste texto, é apenas para mostrar o método desta loucura musical que se estende por 16 faixas, 58 minutos e tantos estilos diferentes quantas bandas que se possam lembrar.
Seguramente este Go To School não é um disco para muitos, já que o seu charme reside precisamente nesta declaração de amor aos musicais, na dedicação e na mistura de influências, mas caramba que até tem um toque de bossa nova, e de fanfarra, e de tudo à mistura! A história é simplista, com um twist tão óbvio que podia ser uma peça de Joana Vasconcelos (é um helicóptero de guerra mas com plumas, porque guerra = mau e plumas = bom) mas isso até ajuda neste álbum conceptual sobre um chimpanzé que é afinal mais humano que muitos. A personagem, Shane, passa por alturas na vida adolescente com nos podemos identificar, como amores não correspondidos e o simples facto de ser e sentir-se diferente.
Os irmãos Michael e Brian D’Addario mostram cuidado na produção, sempre soltos de estilos e sem medo de puxar umas e outras influências para o efeito pretendido. O resultado é este brilhante Go To School, um disco que não será certamente para ouvir todos os dias mas vai ficar como banda sonora de uma peça que só existe na imaginação dos Lemon Twigs, e na nossa.
Destaque
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