The Smiths[5] foi uma banda britânica de rock, fundada em Manchester em 1982. Tendo como principal característica a parceria nas composições de Morrissey (vocal) e Johnny Marr (guitarras), a banda também incluía Andy Rourke no baixo e Mike Joyce como baterista. Os críticos consideram a banda como sendo a mais importante banda de rock alternativo a surgir nos anos 80.[6][7] A banda assinou contrato com a Rough Trade Records, pela qual eles lançaram quatro álbuns, várias coletâneas e diversos singles. Embora alcançando pouco sucesso comercial fora do Reino Unido durante os seus anos de atividade, a banda conquistou grande sucesso nos anos decorrentes, mantendo-se nas prateleiras das lojas até os dias de hoje. A banda encerrou suas atividades em 1987, nunca vindo a se reunir novamente.[8] NME nomeou os Smiths como "artistas mais influentes de sempre" em uma votação de 2002.[9]
História
Formação e primeiros singles
A banda foi formada no início de 1982 por Steven Patrick Morrissey, um escritor que era grande fã de New York Dolls e que foi vocalista por um curto período da banda de punk rock The Nosebleeds, e pelo guitarrista e compositor John Maher (que, posteriormente, alterou o seu nome para Johnny Marr para não ser confundindo com o baterista da banda Buzzcocks).
Após gravarem várias fitas demo com Simon Wolstencroft (que fez parte da banda The Fall) na bateria, Morrissey e Marr recrutaram o baterista Mike Joyce no outono de 1982, tendo este um histórico dentro do punk nas bandas The Hoax e Victim. Além de Joyce, também entrou para a banda o baixista Dale Hibbert, que trabalhava como engenheiro de gravação em um estúdio, o que possibilitava que a banda gravasse suas fitas demo.[10] Porém, após um show, um amigo de Marr, Andy Rourke, assumiu o posto de baixista, pois, segundo Marr, nem a personalidade, nem a maneira de Hibbert tocar se encaixavam no estilo do grupo.
O nome da banda foi escolhido, em parte, como uma maneira de contrapor os nomes usados por bandas de synthpop como Orchestral Manoeuvres in the Dark e Spandau Ballet, pois para os músicos, tais nomes soavam pretensiosos demais. Em uma entrevista em 1984, Morrissey afirmou que escolheu o nome "The Smiths" "... porque dos nomes era o mais comum" e por pensar que "era o momento em que as pessoas comuns mostravam seus rostos.".[11] Em tradução livre, o vocábulo "Smith" - um sobrenome muito comum na Inglaterra (comparável ao "Silva", no Brasil) - seria "ferreiro" ou "serralheiro".
Em maio de 1983, a banda lançou seu primeiro single "Hand in Glove", pelo selo Rough Trade Records. O trabalho, apesar de ter sido aclamado pelo conhecido e influente DJ da Rádio BBC John Peel (assim como aconteceria com todos os singles posteriores), não alcançou uma posição favorável no UK Singles Chart. A seguir, os singles "This Charming Man" e "What Difference Does It Make?" conseguiram melhores posições - 25 e 12, respectivamente.[12]
The Smiths
Em fevereiro de 1984, o grupo lançou seu primeiro álbum, The Smiths. Este chegou à posição de número dois no UK Albums Chart e foi aclamado pela crítica. O disco foi motivo de alguma controvérsia por causa das músicas "Reel Around the Fountain" e "The Hand That Rocks the Cradle", com alguns tablóides britânicos alegando que elas evocavam elementos condescendentes à pedofilia, algo rejeitado e negado pelo grupo.
O álbum foi seguido, no mesmo ano, pelo lançamento dos singles "Heaven Knows I'm Miserable Now" e "William, It Was Really Nothing", que contou com o sucesso "How Soon Is Now?" no seu lado B. "Heaven Knows I'm Miserable Now" foi o primeiro single da banda a alcançar o TOP 10 da UK Charts. Também representa um momento significativo por marcar o início do relacionamento entre o produtor Stephen Street e a banda.[13] Porém, uma música no lado B desse single provocou nova polêmica: "Suffer Little Children", que tinha como tema uma série de assassinatos de crianças e adolescentes cometidos pelo casal Ian Brady e Myra Hindley em Manchester nos anos 60. Isso causou um desentendimento depois que o avô de uma das crianças assassinadas ouviu a música e entendeu que a banda estava tentando comercializar os assassinatos. Após o encontro com Morrissey, ele aceitou que a canção era uma exposição sincera sobre o impacto do crime. Morrissey posteriormente estabeleceu uma amizade com Ann West, a mãe da vítima Lesley Ann Downey, cujo nome é citado na música.[14][15]
O ano terminou com o lançamento da coletânea Hatful of Hollow, uma compilação de singles já lançados, B-sides e versões de músicas que foram gravadas ao longo do ano anterior para apresentações em programas de rádio de John Peel e David Jensen.
Meat Is Murder
No início de 1985, a banda lançou seu segundo álbum, Meat Is Murder. Esse disco foi mais estridente e político do que seu antecessor, incluindo a faixa título que evoca o ativismo vegetariano (Morrissey chegou a proibir o resto do grupo de ser fotografado comendo carne). As músicas do álbum abordam diferentes expressões, tal como a crítica a monarquia britância em "Nowhere Fast", ou o castigo corporal nas escolas e em casa nas letras de "The Headmaster Ritual" e "Barbarism Begins at Home". A banda também tinha crescido musicalmente e adotava, na época, um tom mais aventureiro, com Marr acrescentando riffs de rockabilly, como em "Rusholme Ruffians", ou então nas linhas de funk produzidas pelo baixista Andy Rourke em "Barbarism Begins at Home". O álbum foi precedido pelo relançamento do B-side "How Soon is Now?" e, apesar dessa música não fazer parte do LP original, foi adicionada em relançamentos subsequentes. Meat Is Murder foi o único álbum de inéditas da banda a alcançar o número um nas paradas do Reino Unido.[12]
Morrissey sempre apresentava uma postura política em suas entrevistas, resultando em controvérsias. Seus alvos prediletos eram o governo Thatcher, a monarquia britânica e o projeto Band Aid. Morrissey certa vez afirmou, sobre o último tema: "Uma pessoa pode ter uma grande preocupação com o povo da Etiópia, mas é outra maneira de infligir tortura diária sobre o povo da Inglaterra.[16]" Posteriormente foi lançado o single "Shakespeare's Sister", que alcançou a posição de número 26 no UK Singles Chart, enquanto que o único single retirado do álbum, "That Joke Isn't Funny Anymore", alcançou apenas o top 50.[12]
The Queen is Dead
Durante o ano de 1985, a banda viajou por longos períodos entre o Reino Unido e os EUA, para a gravação de um novo disco de estúdio, The Queen Is Dead. O álbum foi lançado em Junho de 1986, pouco depois do single "Bigmouth Strikes Again". O single trazia novamente riffs estridentes de violão e linhas melódicas de guitarra. The Queen Is Dead consistia em uma mistura de tristeza ("Never Had No One Ever"), humor seco ("Frankly Mr. Shankly", supostamente uma mensagem ao chefe da Rough Trade, Geoff Travis, disfarçada como uma carta de demissão de um trabalhador ao seu superior) e síntese de ambos (como em "There Is a Light That Never Goes Out" e "Cemetry Gates"). O disco alcançou o número dois nas paradas do Reino Unido.[17]
No entanto, nem tudo estava bem dentro do grupo. Uma disputa legal com a Rough Trade tinha atrasado o álbum em quase sete meses (os trabalhos de gravação tinham sido concluídos em novembro de 1985) e Marr estava começando a sentir o peso de conciliar as turnês e agendas de gravação. Ele disse mais tarde, na NME: "Eu estava muito doente quando a turnê acabou, na verdade foi tudo ficando um pouco perigoso... Eu estava bebendo mais do que eu poderia aguentar."[18]
Em 1986, Rourke foi demitido da banda devido ao uso de heroína. Ele teria recebido aviso de sua demissão através de um post-it grudado no pára-brisa de seu carro com os dizeres: "Andy, você deixou o The Smiths. Adeus e boa sorte, Morrissey".[19] O vocalista, no entanto, nega a história. Rourke foi substituído no baixo por Craig Gannon (ex-membro da banda escocesa Aztec Camera New Wave), mas foi reintegrado depois de apenas uma quinzena. Gannon permaneceu na banda, passando a ser o responsável pela guitarra base. O quinteto, então, gravou os singles "Panic" e "Ask" (este último com Kirsty MacColl nos vocais de apoio), que chegou às posições 11 e 14, respectivamente, no UK Singles Chart,[17] e excursionou pelo Reino Unido. Após a turnê, que terminou em outubro daquele ano, Gannon saiu da banda.[20]
O grupo ficou frustrado com a Rough Trade e procurou um contrato com uma grande gravadora. Marr disse à NME no início de 1987: "Todas as gravadoras vieram nos ver. Tivemos papo, subornos e tudo mais. Eu adorei." A banda finalmente assinou com a EMI, o que atraiu críticas dos seus fãs e de elementos da imprensa musical.[18]
Strangeways, Here We Come e rompimento
No início de 1987, o single "Shoplifters Of The World Unite" foi lançado e alcançou a 12ª posição no UK Singles Chart.[21] O single foi seguido por outra compilação, The World Won't Listen - o título foi o comentário de Morrissey sobre sua frustração com a falta de reconhecimento da banda no mainstream, embora o álbum tenha alcançado a 2ª posição nas paradas[17] - e pelo single "Sheila Take a Bow", o segundo (e último durante a atividade da banda) a atingir o Top 10 no Reino Unido.[17] Outra compilação, Louder Than Bombs, foi lançada tendo em vista o mercado externo ao Reino Unido e continha o mesmo material de The World Won't Listen, com a adição de "Sheila Take a Bow" e material de Hatful of Hollow, inicialmente para ser lançado apenas nos EUA.
Apesar do sucesso, uma variedade de tensões surgiram dentro da banda. Johnny Marr estava exausto e deu uma pausa da banda em junho de 1987, situação esta que teria sido mal digerida pelos demais integrantes. Em julho de 1987, Marr deixou o grupo definitivamente por achar que um artigo da NME intitulado "The Smiths se separam" teria sido plantado por Morrissey, o que não era verdade.[22] Esse artigo, escrito por Danny Kelly, foi baseado em rumores sobre algumas tensões improcedentes entre Morrissey e Johnny Marr. Especificamente, foi alegado que Morrissey não gostou que Marr estivesse trabalhando com outros músicos e que a relação pessoal entre os dois tinha chegado ao ponto de ruptura. Marr, em seguida, contactou a NME para esclarecer que sua saída não era devido a questões pessoais, mas pelo fato de desejar dar voos mais altos em sua carreira.[23]
O ex-guitarrista do Easterhouse, Ivor Perry, foi chamado para substituir Marr.[24] A banda iniciou, então, um trabalho que permanece até hoje inacabado, incluindo uma versão inicial de "Bengali in Platforms", que foi originalmente concebida como o lado B de "Stop Me If You Think You've Heard This One Before".[25] Perry estava desconfortável com a situação, declarando que "era como se eles quisessem outro Johnny Marr". E as gravações terminaram, segundo Perry, "com Morrissey correndo para fora do estúdio".[25] O quarto álbum do grupo, Strangeways, Here We Come, foi lançado em setembro e a banda se separou.
O colapso do relacionamento tem sido atribuído principalmente à irritação de Morrissey com o trabalho de Marr com outros artistas e Marr cada vez mais frustrado pela inflexibilidade musical de Morrissey. Marr particularmente odiava a obsessão de Morrissey com artistas pop dos anos 1960, como Twinkle e Cilla Black. Marr recordou, em 1992: "Isso foi a gota d'água, na verdade. Eu não formei um grupo para cantar músicas de Cilla Black".[26] Em uma entrevista de 1989, Morrissey citou a falta de um empresário como razões para eventual separação da banda.[carece de fontes]
Strangeways, Here We Come chegou ao número dois no Reino Unido[17] e foi o álbum mais bem sucedido nos EUA, atingindo a 55ª posição na Billboard 200.[27] Ele teve uma recepção morna da crítica, mas tanto Morrissey quanto Marr o consideram o melhor álbum da banda.[28] O título do disco faz um referência à prisão mais famosa de Manchester, Strangeways.[29] A capa traz um foto desfocada do obscuro ator Richard Davalos - seu papel mais conhecido foi como o irmão de James Dean no filme “East of Eden”.[30] Na contracapa, há uma foto de uma placa de trânsito sinalizando as vias para bairros de Manchester. Tal placa foi roubada, muito provavelmente por algum fã do grupo, logo após o lançamento do disco.[carece de fontes] Um par de singles de Strangeways foi lançado com a gravação ao vivo e faixas demo. No ano seguinte à gravação ao vivo, Rank (gravado em 1986, enquanto Gannon estava na banda) repetiu o sucesso nas paradas do Reino Unido de álbuns anteriores.
Carreiras pós-Smiths
Pouco depois do lançamento de Strangeways, a banda foi o tema de um documentário do programa The South Bank Show produzido pela LWT e transmitido pela ITV em 18 de Outubro de 1987.
Após o fim do grupo, Morrissey começou a trabalhar em uma gravação a solo, em parceria com o produtor Stephen Street e seu companheiro de Manchester Vini Reilly, guitarrista do The Durutti Column. O álbum resultante, Viva Hate (uma referência ao fim dos Smiths), foi lançado em março de 1988, alcançando o número um nas paradas britânicas.[31] Nos anos seguintes, Morrissey convidou vários cantores para os backing vocals de diversas músicas suas, como Suggs, vocalista do Madness, em "Picadilly Palare" e Chrissie Hynde, do The Pretenders, em "My Love Life". No início dos anos 90, ele conquistou uma nova popularidade nos Estados Unidos, após sua primeira turnê solo. Em 1994, um dueto entre Morrissey e Siouxsie chegou às lojas: "Interlude". Em 2006, ele fez uma parceria com Ennio Morricone na música "Dear God Please Help Me". Morrissey continua a tocar e gravar como artista solo.
Logo após sua saída dos Smiths, Johnny Marr aceitou o convite de Chrissie Hynde para tocar com os Pretenders, substituindo temporariamente Robbie McIntosh (que foi tocar com Paul McCartney) e acabou se apresentando no Brasil, nos shows do primeiro Hollywood Rock no Rio e em São Paulo. Ele retornou pra valer à cena musical em 1989 com Bernard Sumner, vocalista da banda britânica New Order e o Pet Shop Boy Neil Tennant no supergrupo Electronic. O Electronic lançou três álbuns durante a próxima década. Marr também foi membro do The The, gravando dois álbuns com a banda entre 1989 e 1993. Ele também trabalhou como músico e colaborador escrevendo para artistas como The Pretenders (banda com a qual se apresentou no Brasil em janeiro de 1988, por ocasião da primeira edição do festival Hollywood Rock), Bryan Ferry, Pet Shop Boys, Billy Bragg, Black Grape, Talking Heads, Crowded House e Beck. Em 2000, ele começou outra banda, Johnny Marr + The Healers, com a qual ele gravou apenas um álbum, Boomslang (2003), obtendo um pequeno sucesso. Mais tarde trabalhou como músico convidado no álbum do Oasis, Heathen Chemistry (2002).
Além de seu trabalho como guitarrista, Marr esteve ativo como produtor musical do segundo álbum do Marion, The Program (1998), além do álbum de estreia da banda Haven, Between the Senses (2002).[32][33] Em 2006, ele começou a trabalhar com Isaac Brock, do Modest Mouse, em músicas que foram posteriormente apresentadas no lançamento da banda de 2007, We Were Dead Before the Ship Even Sank. A banda anunciou subsequentemente que Marr era um membro efetivo da banda, e o line-up reformado excursionou extensivamente em 2006-07. Marr também gravou com Liam Gallagher, do Oasis. Em janeiro de 2008, foi relatado que Marr participou de uma semana de sessões de composições no estúdio de gravação Moolah Rouge, em Stockport, com o grupo indie The Cribs.[34] A associação de Marr com a banda durou três anos e incluiu uma participação no seu quarto álbum, Ignore the Ignorant (2009). Sua saída do grupo foi anunciada em abril de 2011.[35] Posteriormente, ele investiu em uma carreira solo e gravou três álbuns: The Messenger (2013), Playland (2014) e Call the Comet (2018).
Andy Rourke e Mike Joyce continuaram a trabalhar juntos. Eles excursionaram com Sinéad O'Connor na primeira metade de 1988 (Rourke também participou de seu álbum I Do Not Want What I Haven't Got, de 1990). Ainda em 1988, eles foram recrutados, junto com Craig Gannon, para a The Adult Net, mas deixaram a banda pouco tempo depois. Em 1988 e 1989, eles gravaram singles com Morrissey. Em 1998, eles excursionaram e gravaram com Aziz Ibrahim, ex-guitarrista do The Stone Roses. Em 2001, eles formaram o Specter, com Jason Specter e outros. A banda tocou no Reino Unido e nos Estados Unidos mas não prosperou.[36]
No mesmo ano eles gravaram demos com Paul Arthurs, do Oasis, Aziz Ibrahim e Rowetta Idah, do Happy Mondays sob o nome de Moondog One, mas o projeto também não vingou. Ao fim de 2001, eles tocaram juntos na veterana banda de Manchester, Jeep.[37] Em 2005, eles tocaram com Vinny Peculiar, gravando o single "Two Fat Lovers" (Joyce também participou do álbum The Fall and Rise of Vinny Peculiar, de 2006).[38][39] Em 2007, eles lançaram o documentário Inside the Smiths.
Rourke e Joyce também tiveram seus próprios projetos separadamente. Joyce gravou com o Suede (1990); excursionou e gravou com os Buzzcocks (1990-1991); excursionou com Julian Cope e com John Lydon e o Public Image Ltd (1992); gravou com P.P. Arnold (1995); excursionou e gravou com Pete Wylie (1996-1998); excursionou com Vinny Peculiar e Paul Arthurs (2007); e excursionou com Autokat (2008-2009).[40] Joyce também apresentou o programa de rádio Alternative Therapy, na Revolution 96.2 FM de Manchester, até a estação mudar seu formato em 2008, revivendo-o posteriormente no Manchester Radio Online e Tin Can Media.[41][42][43] Ele agora apresenta o programa The Coalition Chart Show no East Village Radio, o qual é transmitido de Nova Iorque,[44] além de trabalhar como DJ em clubes.
Rourke compôs a música para três b-sides de Morrissey lançados entre 1989 e 1990 ("Yes, I Am Blind", "Girl Least Likely To" e "Get Off the Stage"). Ele tocou e gravou com o The Pretenders (no álbum Last of the Independents, de 1994); Badly Drawn Boy (com quem ele tocou por dois anos); Proud Mary (no álbum Love and Light, de 2004); e Ian Brown (no álbum The World Is Yours, de 2007). Em 2007, ele formou um grupo chamado Freebass com os colegas baixistas Peter Hook (do New Order e do Joy Division) e Mani (do The Stone Roses e do Primal Scream). Ele continuou ativo no grupo até 2010 e participou de seu único álbum, It's A Beautiful Life, em 2010.
Rourke também foi co-fundador da série de concertos Manchester v Cancer, posteriormente conhecido apenas como Versus Cancer, para arrecadar dinheiro para a pesquisa do câncer. Os concertos foram realizados em janeiro de 2006, março de 2007, fevereiro de 2008 e dezembro de 2009. Desde então, ele tem se concentrado em sua carreira no rádio, apresentando um programa nas noites de sábado na XFM Manchester. Mais recentemente, ele passou a trabalhar regularmente na East Village Radio, onde tem Mike Joyce como colega.[45] Ele passou a viver no Brooklyn, em Nova Iorque, a partir de 2009,[46] onde logo após criou a Jetlag junto de Olé Koretsky.[47] A dupla discotecou em locais ao redor da cidade e uma seleção de seus remixes pode ser ouvida no SoundCloud.[48] Em abril de 2014, a vocalista do Cranberries, Dolores O'Riordan, juntou-se ao grupo, que trocou seu nome para D.A.R.K.[49] No entanto, após a morte de O'Riordan, em 15 de janeiro de 2018, nenhum anúncio foi feito a respeito do futuro da banda.
Controvérsias
Disputa de royalties
Morrissey e Marr receberam cada um 40% dos royalties de gravação e performance dos Smiths, permitindo 10% cada para Joyce e Rourke. Como o advogado de Joyce argumentaria mais tarde no tribunal, o baixista e o baterista foram tratados como "meros músicos de estúdio, tão substituíveis como as peças de um cortador de grama".[50] Em março de 1989, Joyce e Rourke iniciaram os procedimentos legais contra seus antigos companheiros de banda, alegando que eles eram parceiros iguais no Smiths e cada um com direito a uma participação de 25% dos lucros em todas as atividades exceto composição e publicação.[51] Rourke, que na época estava endividado, aceitou quase imediatamente um acordo pela soma de 83 mil libras e 10% dos royalties, renunciando a todas as outras reivindicações.[52][53][54]
Joyce continuou com a ação, a qual chegou à Alta Corte de Justiça em dezembro de 1996. Marr e Morrissey haviam aceitado no ano anterior que Joyce e Rourke foram sócios.[55] "A única questão discordante era se o Sr. Joyce era um sócio igualitário, com direito a um quarto dos lucros decorrentes das atividades (exceto composição e publicação) dos Smiths.[53] O advogado de Joyce, Nigel Davis, afirmou que "até a separação da banda em 1987, seu cliente não sabia que estava recebendo apenas 10% dos lucros".[56] Davis continuou: o Sr. Joyce nunca concordou com 10%, ele nunca supôs que estivesse recendo 10%. Pelo contrário, ele pensava que estava recebendo 25%".[55]
Morrissey e Marr - que foram representados separadamente no processo[53] - insistiram que a divisão dos royalties havia sido explicada para Rourke e Joyce, mesmo que eles já não soubessem precisar quando. O advogado de Marr, Robert Englehart, explicou: "Cerca de 13 anos depois, é extremamente difícil identificar o momento em que a divisão de lucros 40:40:10:10 surgiu... Mas Marr e Morrissey sempre agiram baseados em que eles estariam recebendo 40% cada dos lucros líquidos dos ganhos do Smiths".[57]
Após uma audiência de sete dias, o juiz Weeks decidiu a favor de Joyce e ordenou que ele fosse indenizado em mais de 1 milhão de libras de royalties em atraso e recebendo, a partir de agora, 25% dos ganhos.
Depois deste caso do tribunal, Morrissey afirmou:
Perguntado algum tempo antes do julgamento se ele pensava que Rourke e Joyce haviam mudado, Morrissey respondeu: "Eles tiveram sorte. Com outro vocalista eles nunca teriam ido muito além do shopping center de Salford".[59] O advogado de Morrissey, Ian Mill, admitiu que a atitude de seu cliente "deixou transparecer um grau de arrogância".[60] Morrissey recorreu da sentença, enquanto Marr a acatou. O recurso foi analisado pelo tribunal em novembro de 1998 e julgado improcedente.[53] Motivado pelo sucesso de Joyce nos tribunais, Rourke buscou conselho legal para rever suas próprias opções,[61] mas nenhuma outra ação parece ter sido tomada desde então. Rourke declarou falência em 1999.[62]
Em novembro de 2005, em uma entrevista na estação de rádio BBC 6 Music, Mike Joyce alegou estar tendo problemas financeiros, o que o havia levado a vender gravações raras da banda no eBay.[63] A título de ilustração, foi executado alguns minutos de uma faixa instrumental inacabada conhecida como "Click Track" (ou "Cowbell Track").[64][65] Três dias depois, Morrissey respondeu com uma declaração revelando que Joyce havia recebido de Marr e dele próprio, o valor de 215 mil libras cada em 1997, além do pagamento final de Marr no valor de 260 mil libras em 2001. Morrissey não havia conseguido fazer o pagamento final porque, segundo o próprio, ele se encontrava fora do país em 2001 e não recebeu a papelada. Joyce obteve um novo julgamento de Morrissey, revisou sua reivindicação pendente para 668 mil libras e assegurou ordens de apreensão de boa parte dos ganhos do cantor. Essa foi uma fonte de grande inconveniência e ressentimento para Morrissey, que estimou que o impasse com Joyce havia lhe custado ao menos 1,5 milhão de libras esterlinas entre pagamento de royalties atrasados e despesas legais até 2005.[66]
Reunião
Tanto Johnny Marr quanto Morrissey têm repetido inúmeras vezes que não voltariam a reunir a banda. Em 2006, Morrissey declarou que "preferiria comer meus próprios testículos do que se reunir aos Smiths, e isso significa muito pra um vegetariano."[67] Quando perguntado o motivo em uma outra entrevista no mesmo ano, Morrissey respondeu: "Eu sinto que trabalhei muito duro desde o fim do The Smiths e os outros não, então por que eu devo lhes dar a atenção que eles não conquistaram? Nós não somos amigos, não nos vemos mais. Por que diabos nós estaríamos em um palco juntos?".[68] Em uma entrevista à BBC Radio 2, em fevereiro de 2009, ele afirmou: "As pessoas sempre me perguntam sobre reuniões e eu não posso imaginar por que... o passado parece ser um lugar distante, e eu estou satisfeito com isso".[69]
Em novembro de 2004, a VH1 exibiu uma tentativa de reunir a banda no programa Bands Reunited, quando o apresentador Aamer Haleem tentou convencer, sem sucesso, Morrissey antes de um show no Apollo Theater.[70] Em março de 2006, Morrissey revelou que havia sido oferecido US$ 5 milhões para o The Smiths se reunir para uma apresentação no Coachella Valley Music and Arts Festival, que ele recusou, dizendo: "Não, porque o dinheiro não conta nesta questão". Ele explicou ainda: "Foi uma jornada fantástica. E então terminou. Eu não sinto que deveria ter acabado. Eu queria continuar. [Marr] queria terminar. E foi isso".[71]
Em agosto de 2007, foi amplamente divulgada a informação de que Morrissey havia recusado uma oferta de £ 40 milhões de um "consórcio de promotores de eventos" para se reunir com Marr para uma turnê mundial de 50 apresentações dos Smiths, entre 2008 e 2009. A NME citou Morrissey como a fonte dessa informação,[72] enquanto a Rolling Stone citou seu assessor de imprensa.[73] A oferta também foi reportada no true-to-you.net, um fã site não-oficial tacitamente apoiado por Morrissey.[74] Posteriormente, essa história foi dada como um "trote", apesar de não se saber ao certo quem o criou.[75]
Em uma entrevista de outubro de 2007 pela BBC Radio 5 Live, Johnny Marr sugeriu uma possível reunião no futuro, dizendo que "coisas estranhas têm acontecido, você sabe, quem sabe?" Marr passou a dizer que "Talvez com o tempo de 10 ou 15 anos, quando todos nós precisarmos por qualquer motivo, mas agora Morrissey está fazendo o seu trabalho e eu estou fazendo o meu, então essa é a resposta realmente ".[76] Esta declaração sugeriu uma mudança de mentalidade, dado que Marr já havia declarado anteriormente que a reunião da banda seria uma má ideia.
Em outubro e dezembro de 2008, o The Sun informou que os Smiths seria reformar a desempenhar no Festival Coachella em 2009. No entanto, Johnny Marr declarou mais tarde através da sua gerência que os boatos eram "lixo".
Uma compilação dos Smiths chamado The Sound of The Smiths foi lançada em 10 de novembro de 2008. Johnny Marr supervisionou a remasterização de todas as faixas e Morrissey chamado o registro. O álbum está disponível tanto como um disco ou na versão de dois discos.
Em fevereiro de 2009, na sequência de outras sugestões de uma reunião iminente, Morrissey, mais uma vez negou os boatos.
Em 2019, um fã postou no Twitter que precisava que os ex-membros confirmassem uma possível reunião da banda para que pudesse pegar um empréstimo e vender seus bens para ir a todos os shows. A este pedido, Marr respondeu: "Com Nigel Farage na guitarra". Numa clara ironia ao apoio de Morrissey ao partido de extrema-direita e pró-Brexit que é liderado por Farage.[77]
Estilo musical
Ao longo da existência do grupo, Morrissey e Johnny Marr ditaram a direção musical dos Smiths. Marr disse que em 1990, "[I] Foi uma coisa de 50/50 entre Morrissey e eu. Estávamos completamente em sintonia sobre o caminho que devemos seguir para cada registro". A música da banda propositadamente rejeitou sintetizadores e a dance music.[78]
Johnny Marr foi influenciado por The Velvet Underground, Keith Richards de The Rolling Stones.[79] Marc Bolan de T. Rex[80] James Williamson de The Stooges, Richard Lloyd de Television, John McGeoch de Siouxsie and the Banshees.[81] Marr, muitas vezes sintonizava a sua guitarra até uma etapa cheia de F # para acomodar alcance vocal de Morrissey, e também utilizou afinações abertas e influências jangle pop dos The Byrds. O guitarrista dedicou seu foco para a produção de música do grupo. Citando o produtor Phil Spector como uma influência, Marr disse: "Eu gosto da ideia de discos, mesmo aqueles com bastante espaço, "sinfônico", que som. "Eu gosto da ideia de que todos os músicos se fundam em uma atmosfera".[82]
Musicalmente, o papel de Morrissey na banda foi a de criar melodias vocais e letras. Composições de Morrissey seria influenciadas pela sensibilidade de bandas pós-punk, e cantoras como Dusty Springfield, Sandie Shaw, Marianne Faithfull e Timi Yuro. As letras de Morrissey, enquanto aparentemente deprimentes, eram muitas vezes cheias de humor mordaz. John Peel observou que The Smiths foram uma das poucas bandas capazes de fazê-lo rir em voz alta. Influenciado pelo seu interesse de infância no realismo da classe trabalhadora social nas novelas de televisão, Morrissey escreveu sobre pessoas comuns e suas experiências com a rejeição amorosa, desespero e morte. Enquanto sombrio... canções como "Still Ill" selaram o seu papel como porta-voz da juventude descontente.[83]
Imagens
O grupo tinha um estilo visual diferenciado em seus álbuns e singles, caracterizados com imagens colorizadas de estrelas de cinema e astros pop, geralmente em dois tons, projetados por Morrissey e pelo coordenador de arte da gravadora Rough Trade, Jo Slee. As capas raramente têm qualquer outro texto além do nome da banda, e o grupo não aparecia na capa externa dos seus lançamentos, a não ser em fotos internas, como na famosa foto em frente ao Salford Lads Club que ilustra o encarte do disco "The Queen Is Dead". Morrissey só apareceu em uma capa alternativa para o single "What difference does it make?", imitando a pose do astro original, o ator Terence Stamp, que inicialmente se opôs ao uso de sua imagem, mas depois voltou atrás. As "estrelas das capas" foram escolhidas por interesses pessoais de Morrissey em estrelas de cinema obscuras ou cult, como Alain Delon, Jean Marais, o protegido de Andy Warhol, Joe Dallesandro, James Dean, e pessoas ligadas a cultura britânica dos anos 50/60 (Viv Nicholson, Pat Phoenix, Yootha Joyce, Shelagh Delaney) ou ainda imagens de modelos desconhecidas tomadas de filmes antigos ou velhas revistas.
Os Smiths, sempre vestidos em roupas comuns - jeans e camisetas simples - refletiram o "back to basics", estilo de guitarra, baixo e bateria na música. Isto contrastava com a imagem de alta-costura exóticas cultivadas por grupos pop como New Romantic, Spandau Ballet e Duran Duran em destaque em revistas como The Face e iD. Em 1986, quando The Smiths se apresentava no programa de música britânica The Old Grey Whistle Test, Morrissey usava um aparelho auditivo falso para confortar um fã com deficiência auditiva, que tinha vergonha de usar um, e também frequentemente usava óculos de aro grosso, fornecido pelo Serviço Nacional de Saúde. No palco,a presença de Morrissey com danças desajeitadas e flores no palco chamavam a atenção, e encorajava jovens "tímidos e desajeitados" a dançar mesmo não sabendo dançar. Isso transformou Morrissey num objeto de culto e seus shows precisavam de cada vez mais seguranças, devido ao número de pessoas que invadiam o palco para tocar no ídolo.
Legado
Os Smiths influenciaram uma série de bandas de rock alternativo na carreira.[84] Mesmo já em 1985, a "banda gerou uma onda de bandas imitador, incluindo James, que abriu para o grupo em sua turnê de primavera de 1985". The Cranberries combinado "o barulho melódico de pós-Smiths guitar pop-indie com as texturas alegres, transe induzido sonora de dream pop fim dos anos 80, a criação de seu som com "triplamente, guitarras e repique de reposição, certas melodias." Além disso, a banda utilizada como produtor Stephen Street, que era conhecido para "maximizar o mau humor dos Smiths". The Cranberries fundia este som com letras que ecoavam o apaixonado, o estilo literário de Morrissey. "livresco A cantora Smiths, ferozmente letras inteligentes também forneceu um modelo para o silêncio, a banda alfabetizados escocês. Belle & Sebastian "brincar Marr com a guitarra" era um bloco enorme edifício de lendas mais o Manchester que se seguiram The Smiths - The Stone Roses ", o guitarrista John Squire declarou que Marr foi uma grande influência. O guitarrista do Oasis, Noel Gallagher chamou The Smiths de uma influência, especialmente Marr. Gallagher afirmou que "quando a separação Jam, The Smiths começou, e eu fui totalmente para eles."
Em 2014 e 2015, foram anunciados como candidatos a serem introduzidos no Rock and Roll Hall of Fame.[85][86]
Integrantes
Formação principal (1982–1987)
- Morrissey – vocais, letras
- Johnny Marr – guitarras, teclados, baixo
- Andy Rourke – baixo
- Mike Joyce – bateria
Outros membros
- Dale Hibbert – baixo (1982)
- Craig Gannon – guitarra base (1986)
Discografia
Álbuns de estúdio
- The Smiths (1984)
- Meat Is Murder (1985)
- The Queen Is Dead (1986)
- Strangeways, Here We Come (1987)
Ao vivo
Coletâneas
- Hatful of Hollow (1984)
- The World Won't Listen (1987)
- Louder Than Bombs (1987)
- Best...I (1992)
- ...Best II (1992)
- Singles (1995)
- The Very Best of The Smiths (2001)
- The Sound of The Smiths (2008)
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