O grupo norte-americano Ecstatic Vision, formado por Doug Sabolik (guitarra, órgão, vocais), Michael Field Connor (baixo), Kevin Nickles (saxofone, flauta, guitarra) e Ricky Kulp (bateria), lançará amanhã, dia 20, seu terceiro álbum, For The Masses. Depois de Sonic Praise ter conquistado a América em 2015, e Raw Rock Fury ter chocado a mesma América com experimentações em 2017, o grupo ano passado mostrou de onde havia tirado suas inspirações, com o ótimo EP de covers Under The Influence.
Neste EP, temos duas homenagens para o Hawkwind, com “Born To Go” e “Master Of The Universe”, o peso do MC5 em “Come Together”, e um tributo ao Zam Rock, através dos grupos Chrissy Zebby Tembo & The Ngozi Family, com a faixa “Troublemaker”, e “The Bad Will Die”, sonzeira do grupo Keith Mlevhu. É exatamente uma continuação dessas influências, porém construídas através de ideias próprias, que temos na audição do ótimo For The Masses.
O som industrial, com barulhos de sirenes, sintetizadores e percussões, toma conta na vinheta de abertura "Sage Wisdom", que nos prepara psicologicamente para as insanidades musicais que virão ao longo de pouco mais de meia hora de música. "Shut Up And Drive" começa com o baixo carregado de distorção puxando o riff junto de efeitos, para explodir na guitarra e bateria, em um ritmo que dá vontade de sair pulando pela casa. A mistura de riffs pesados, efeitos sonoros e os vocais carregados de efeitos lembra de imediato Hawkwind da fase Warrior On The Edge of Time, o que já alavanca muitos pontos para os americanos. O riff fica repetindo-se durante toda a canção (sete minutos e quatorze segundos), enquanto os vocais são alternados com solos de guitarra regados de muito ácido. Lisergia pura!
Mais efeitos de sintetizadores aparecem em "Yuppie Sacrifice", a mais longa do álbum, com quase 9 minutos de duração. É uma doida e embalada faixa, com uma bateria poderosa que comanda o ritmo tribal e a voz de Doug carregada de efeitos. Destaque para o surpreendente solo de saxofone, e a acidez de uma guitarra carregada no wah-wah. "Like a Freak" coloca a casa para baixo. Um riff potente de baixo e guitarra, pancadaria na bateria e um vocal fulminante, numa espécie de punk rock misturado com heavy metal na melhor linha do MC5, que literalmente, deixa o ouvinte enlouquecido.
A faixa-título parece ter brotado de algum álbum esquecido do Gong. Uma maluquice sem tamanho, onde uma bateria dilacerante estraçalha os nossos ouvidos, enquanto vozes, sintetizadores, saxofone à la Coltrane e outros instrumentos de difícil identificação tentam sobreviver a massa sonora que está saindo das caixas de som. Um free jazz rock insanamente sensacional!! A sombria "Magic Touch" nos remete novamente às viagens do Hawkwind. Sintetizadores caprichosamente assustadores, e vocalizações idem, preparam o ambiente para um baixo com distorção ao extremo, e percussões africanas, arrebentarem as caixas de som. De forma inesperada, e oposta ao caos sonoro da percussão e baixo, uma flauta sola ao fundo da parede sonora criada pelo Ecstatic Vision, como uma segunda faixa imersa sob a primeira. Genial! A entrada dos vocais carregados de efeitos apenas servem para apimentar ainda mais a insanidade musical dos americanos, e a faixa encerra-se com um riff sabbhático da guitarra.
For The Masses tem na sua conclusão "Grasping The Void", outra faixa magnífica, onde a mistura dos instrumentos de sopro (flauta e saxofone) e a distorção do baixo e da guitarra, além de uma bateria com um ritmo pulsante, são sensacionais. Vocais carregados de efeitos, hipnotização sonora fácil, enfim, um encerramento que resume toda essa bela obra de 2019.
Não é um disco fácil de se ouvir, e que você irá reproduzir por diversas vezes ao dia, mas com certeza, no momento certo, For the Masses pega de tal jeito que fica impossível não abrir um sorriso com esse retorno ao lisérgico início dos anos 70 sem ter usado qualquer alucinógeno. Grata surpresa!
Track list
1. Sage Wisdom
2. Shut Up And Drive
3. Yuppie Sacrifice
4. Like a Freak
5. For The Masses
6. The Magic Touch
7. Grasping The Void
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