terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
ESQUINA PROGRESSIVA
ESQUINA PROGRESSIVA
Par Lindh Project - Mundus Incompertus (1997)
A segunda faixa do álbum, "The Crimson Shield" traz uma incrível carga emocional principalmente pelos vocais de Magdalena Hagberg que lembram a Annie Haslam do Renaissance, mas não simplesmente por serem femininos, mas pela própria linha da música e a forma que é feito o canto combinado. Possui também um trabalho de clavinete bastante agradável que é acentuado pelo mellotron. Linda música.
A última é a faixa título do disco, um épico de mais de vinte e seis minutos. Uma composição extremamente maravilhosa e que em momento algum faz quem a ouve sentir um sentimento de tédio. Uma combinação incrível da característica de gigantes do progressivo como King Crimson, Emerson Lake & Palmer e Van Der Graaf Generator colocadas com maestria em uma única composição. Começa com uma sonoridade leve através de uma voz feminina agradável, mas não demora muito pra mudar e mostrar várias outras facetas, torna-se agressiva, dinâmica sempre liderada por trabalhos impressionante de órgão e guitarra. A música suaviza novamente lá pela sua metade, mas depois volta com a energia que estava. Um disco simplesmente irretocável e altamente recomendável.
BIOGRAFIA DOS Transatlantic
O Transatlantic é uma banda norte-americana de rock progressivo formada em 1999 pelo vocalista e tecladista Neal Morse do Spock's Beard e o baterista Mike Portnoy ex-baterista e líder da banda Dream Theater. O nome do grupo seria originalmente Second Nature, mas foi mudado após sugestão do artista Pet Nordin. O objetivo era fazer uma banda com os melhores integrantes da cena do rock e metal progressivo. Após 6 anos de inatividade (desde 2003) a banda anunciou seu retorno com um novo álbum previsto para o final de 2009.
História
Morse e Portnoy primeiramente desejavam incluir o guitarrista Jim Matheos (da banda Fates Warning) na formação da banda, mas como sua presença não foi possível, o guitarrista e vocalista Roine Stolt (da banda The Flower Kings) foi convidado. A formação se tornou completa com a adição do baixista e veterano do rock progressivo Pete Trewavas, da banda Marillion.[1]
Seu primeiro álbum SMPT:e (2000) recebeu críticas positivas, apesar de ser considerada por muitos um derivado de estilos progressivos contemporâneos. Uma turnê pelos Estados Unidos levou a um álbum duplo ao vivo, Transatlantic Live in America, e um videoclipe com o mesmo nome. A banda mostrou sua versatilidade neste álbum, apresentando covers de Beatles (Strawberry Fields Forever) e Genesis (um medley do épico Watcher of the Skies e Firth of Fifth.)
Apesar de SMPT:e conter a obra de trinta e um minutos All of the Above, o segundo álbum de estúdio, Bridge Across Forever (2001), mostrou a banda se voltando mais para o lado do rock progressivo. Ele contém somente quatro faixas.
A banda havia terminado após a saída de Morse para lançar uma carreira solo como cantor cristão, o que também incluiu sua saída do Spock's Beard. Um DVD ao vivo da última turnê da banda foi lançado em 2003, apresentando vários épicos do rock progressivo, além de um medley do álbum Abbey Road, dos Beatles. A versão estendida ainda conta com um cover de Shine on You Crazy Diamond, do Pink Floyd. Como bônus para os fãs de metal progressivo, Daniel Gildenlöw, da banda Pain of Salvation, participa do DVD como quinto membro da banda, tocando teclado, guitarra, percussão e vocal.
Em abril de 2009 o serviço de newsletter da banda Dream Theater anunciava o retorno da banda Transatlantic. O site oficial da banda também divulgava seu retorno com o lançamento de um novo álbum chamado The Whirlwind, que foi lançado no final de 2009.
Discografia
Álbuns em estúdio
- SMPT:e (2000)
- Bridge Across Forever (2001)
- The Whirlwind (2009)
- Kaleidoscope (2014)
- The Absolute Universe (2021)
Álbuns ao vivo
- Live in America (2001)
- Live in Europe (2003)
- Whirld Tour 2010: Live in London (2010)
- More Never Is Enough: Live In Manchester & Tilburg 2010 (2011)
Outros álbuns
- Bridge Across Forever Limited Edition (2001)
- The Transatlantic Demos (por Neal Morse) (2003)
- SMPTe - The Roine Stolt Mixes (2003)
Videografia
- Live in America (vídeo, 2001)
- Building The Bridge (vídeo, 2002)
- Live in Europe Limited Edition (2003)
- Live in Europe (2003)
- Building the Bridge and Live in America (DVD, 2006)
- Whirld Tour 2010: Live in London (2010)
- KaLIVEoscope Live on Cologne (2014)
Integrantes
- Neal Morse - vocal, vocal de apoio, sintetizador e guitarra
- Mike Portnoy - bateria, vocal e vocal de apoio
- Roine Stolt - vocal, guitarra e vocal de apoio
- Pete Trewavas - baixo, vocal e vocal de apoio
Convidados
- Daniel Gildenlöw - guitarra, vocal, vocal de apoio, sintetizador e percussão
- Ted Leonard - guitarra, vocal de apoio, sintetizador e percussão (turnê de 2014, devido a problemas de saúde de Daniel Gildenlow)
CRONICA - IRON BUTTERFLY | Ball (1969)
Entusiasmados com o sucesso de In-A-Gadda-Da-Vida , o organista/cantor Doug Ingle, o guitarrista Erik Brann, o baixista Lee Dorman e o baterista Ron Bushy começaram a gravar o terceiro trabalho de Iron em 1969. Butterfly intitulado Ball . Mas o que pode esperar uma banda que já produziu um título como “In-A-Gadda-Da-Vida”, que os fãs de bad acid trip ouvem atordoados e sem se importar com o resto. No entanto, esta bola publicada na Atco terá algum sucesso e se mostrará mais atraente do que o lado A do LP anterior. Nós nos divertimos, mesmo que infelizmente não nos lembremos de muita coisa.
Composta por 9 canções num total de 35 minutos, começa com a gótica e fantasmagórica "In The Time Of Our Lives" onde rapidamente reconhecemos a voz cheia de alma de Doug Ingle e o seu órgão cavernoso mas também a execução assustadora ao estilo ácido rock do jovem Erik Brann na guitarra. Segue-se a enigmática “Soul Experience” para uma partida rumo ao cosmos, onde o tecladista experimenta alguns efeitos eletrónicos e onde o guitarrista tenta explorar as possibilidades da eletroacústica. A balada irreal e desencantada "Lonely Boy" chega onde o cantor tenta mostrar que é crooner. Atmosfera de James Bond em "Real Fright" onde o teclado se volta um pouco para o delírio árabe. De volta ao passeio mas num registo mais feliz com "In the Crowds". Em “It Must Be Love” que abre o lado B, Erik Brann oferece solos fantásticos, muito pesados e gordurosos, onde a morte do lixo aguarda o ouvinte incauto. "Her Favorite Style" nos mergulha em uma atmosfera bucólica e sombria para um final quase religioso e dramático. "Filled With Fear" é angustiante. O vinil termina com o vaporoso, caleidoscópico e melancólico "Belda-Beast" com aromas jazzísticos/pop.
Este LP terá no entanto o mérito de estabilizar um grupo que saiu em digressão para promover Ball com, entre outras coisas, uma visita ao famoso festival de Woodstock. Infelizmente, o grupo ficou preso no aeroporto.
Títulos:
1. In The Time Of Our Lives
2. Soul Experience
3. Lonely Boy
4. Real Fright
5. In The Crowds
6. It Must Be Love
7. Her Favorite Style
8. Filled With Fear
9. Belda-Beast
Músicos:
Doug Ingle: Órgão, Vocal
Erik Brann: Guitarras, Vocais, Backing Vocals
Lee Dorman: Baixo, Backing Vocals
Ron Bushy: Bateria, Percussão
Produtor: Jim Hilton
A música pop perfeita parte 2: The Dream Academy - same (1985).
Produziram 3 álbuns de estúdio, sendo que este foi seu trabalho mais significativo tendo gerado o single de sucesso "Life in a Northern Town", que foi composto em homenagem a ninguém menos que o saudoso Nick Drake.
Atingiu a vigésima posição na parada Billboard 200 (US). Sucesso de crítica - não tanto de público - o álbum merece uma audição cuidadosa, por ter elementos não convencionais na música popular/rock.
Seguem minhas impressões, tanto com relação à letras quanto à sonoridade.
1. "Life in a Northern Town"
Espirituosa, com um chorus poderoso, mas não está explícita a homenagem a Drake.
Se sustenta nos teclados e o cÕro, mas se constrói de a pouco. Nostálgica, com uma melodia que gruda no ouvinte.
2. "The Edge of Forever"
Faz um contraponto entre a idade do menino e do adulto na letra, com um belo solo
de sax. Igualmente nostálgica. A harmonia possui uma levada típica anos 80 - principalmente quanto ao timbre dos
teclados. Podia muito bem estar em qualquer trilha sonora teenage dos anos 80.
3. "(Johnny) New Light"
Fala sobre o progresso. Linha marcante de arranjo vocal. O violão faz um trabalho interessante como se possível
uma antítese sonora das diferenças temporais que tornaram os campos, cidades. Termina num fade interessante entre violão
e teclados.
4. "In Places on the Run"
Belíssimo arranjo! Uma grande balada que conta das possibilidades de um sonho, mas não foi nada. ("Nós corremos
em campos coloridos...lugares em fuga").Ponto alto do disco!
5. "This World"
Uma narrativa para "todos os solitários mal compreendidos, vivendo neste mundo e chegando a lugar algum". Um pop mais convencional, numa linha á la Aztec Camera de Roddy Frame. Três personagens e suas vidas arriscadas e vazias. É sobre os amigos de Nick tornarem-se junkies.
Morrissey fez escola e Clowes foi um bom aluno.
6. "Bound to Be"
Grande intro, porém, uma letra simples falando de como um casal se completa no outro. Excelente trabalho vocal. Arranjo harmônico de arena.
7. "Moving On"
Marcante no álbum,com intro de guitarra precisa, o arranjo explode lindo ao longo da canção permeando a letra
de refrão pegajoso. Terminada a parte vocal, a banda mostra do que é capaz com um elegante instrumental. Me lembrei
de composições da fase final do Style Council. "E o que começou como uma aposta de independência, terminou numa
arma".
8. "The Love Parade"
O carro chefe do disco. Refrão pegajoso e um pop poderoso! Aí se vê a influência do DA em trabalhos posteriores como o do Lake Heartbeat - que não tiveram projeção. Citação à The Mamas and the Papas ao final? Vale o disco.
9. "The Party"
Noto influência dos Bee Gees anos 60. Peter Buck (R.E.M.) toca guitarra junto à Gilmour e o DA cita "Life in a Northern
Town" - primeira faixa.
10. "One Dream"
O disco encerra com esta linda balada.Ao som de trompete e violão - do tipo que Paul Weller faria.
Grande final!
Low - David Bowie (1977)
O melhor álbum de Bowie (o preferido do cantor) na primeira prensagem brasileira de 1977 pela RCA. Coisa linda (NM). Eu tinha me desfeito de minha cópia em cd – erro quase imperdoável – mas agora me redimo ao adquirir o LP. Isto não é bem uma resenha, mas um bate-papo sobre este grande disco. Me lembro de não “sacar” muito este disco quando o escutei pela primeira vez. Não soava pop, não soava rock, não soava a Bowie. Soava a música de elevador, descartável, difícil. Num certo sentido é isso mesmo, pois gerou um único single. Com o tempo e minha mudança de gosto musical (passei a curtir Kraftwerk, bandas instrumentais [ou quase] do selo 4AD, trilhas) este álbum passa a fazer sentido para os meus ouvidos agora mais ecléticos.
Confesso que o que ajudou a forjar minha simpatia por “Low” foi a íntima relação entre o som e a cortina de ferro que durou até a queda do muro de Berlim em 89. O álbum teve dois locais de concepção: O Château d'Hérouville na França e o Hansa Studios em Berlim - a cidade que dividiu o mundo em dois durante quase 3 décadas (Bowie passou a morar no bairro de Kreuzberg em companhia de Iggy Pop para desintoxicar-se). Tenho uma queda pelo Leste Europeu socialista, escuro, frio, enigmático, sei lá... Uma sensação parecida eu tive quando escutei a discografia do Ultravox - que também me remeteu à mesma concepção. Totalitarismo.
Sem ser fã de Bowie, me identifico com este disco por justamente sair de seu estilo. O disco parece uma bagunça sonora, mas consegue uma identidade pela participação de Brian Eno – que também teve papel fundamental na mudança sonora do U2 -e a ousadia forçada numa fase do cantor mergulhado no vício e buscando se apartar da realidade ocidental. No lado um destaco “Always crashing in the same car” e “A new career in a new town”. O lado dois...bem....é uma coisa. Eu diria que fica entre os 5 lados fundamentais da segunda metade da década, musicalmente em importância. É um marco na música pop, pois quebrou com tudo o que se esperava do Camaleão até aquele ponto de sua carreira. Sua sonoridade abriu as portas para o Techno-pop, o gótico - influenciando bandas como o Joy Division (cujo primeiro nome Warsaw foi retirado da faixa “Warsawa”) e todo o pós-punk.
A capa – sempre um must em se tratando de Bowie, remete ao filme de 1976 “O homem que caiu na Terra”, estrelando o próprio – e que vale a pena ser visto!
Nos últimos anos, duas edições reavivaram este disco: As edições “Low Live” com registros ao vivo das canções e “Low sessions” com as sessões de gravação do mesmo. Também foi editado no Brasil o livro homônimo do escritor Hugo Wilcken pela editora Cobogó (o qual pretendo adquirir) que fala tudo o que se precisa saber sobre a feitura do álbum.
Enfim, um disco para escutar num dia nublado, introspectivo. Para sair deste mundo louco. Bowie vive...
A capa – sempre um must em se tratando de Bowie, remete ao filme de 1976 “O homem que caiu na Terra”, estrelando o próprio – e que vale a pena ser visto!
Nos últimos anos, duas edições reavivaram este disco: As edições “Low Live” com registros ao vivo das canções e “Low sessions” com as sessões de gravação do mesmo. Também foi editado no Brasil o livro homônimo do escritor Hugo Wilcken pela editora Cobogó (o qual pretendo adquirir) que fala tudo o que se precisa saber sobre a feitura do álbum.
Enfim, um disco para escutar num dia nublado, introspectivo. Para sair deste mundo louco. Bowie vive...
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