Um álbum pandémico de escapismo dançável, refugiado no disco. Pure Luxury, de NZCA Lines, é uma pérola para ser descoberta nas pistas de dança num futuro próximo.
Os ingleses NZCA Lines são um projeto paralelo de Michael Lovett, guitarrista e teclista dos Metronomy, que tocou também no primeiro álbum de Christine and the Queens. Mais que um projeto a solo, esta banda conta também com a participação de Charlotte Hatherley dos Ash e Sarah Jones dos Hot Chip e New Young Pony Club. Apresentadas assim as referências podemos confiar que a boa onda dançável está garantida.
Ao terceiro disco como NZCA Lines e quatro anos depois do anterior, Lovett apresenta um trabalho polido e político, baseado no mundo real e mascarado de pista de dança. As composições estão perfeitamente balanceadas e o álbum roda como um trabalho uniforme embora se sinta curto na duração, não chegando aos 40 minutos.
“Pure Luxury” soa coeso, que é tanto defeito como ponto alto, já que, se por um lado as canções se confundem umas com as outras, por outro dão um sentido de linha narrativa.
O disco arranca com a faixa título, onde o riff evoca LCD Soundsystem em “Disco Infiltrator“. A parte mais política, ou real, reflete-se nas letras sobre o tempo incerto em que vivemos, uma mudança de paradigma dos discos anteriores, onde a ficção científica sempre tinha sido a inspiração principal. Em “Larsen”, a mais política de todas as canções deste Pure Luxury, encontramos frases como “Fukushima in the water poisoning the food we eat”. Neste que acaba por ser o trabalho mais vulnerável de NZCA Lines podemos argumentar que esta dimensão extra dá uma sensação de atualidade, o que o torna mais emocional e mais identificável.
“Prisoner of Love” e “Take This Apart” deixam escapar o groove disco de Metronomy e a quarta música, com a participação de VIAA acalma-se para se tornar algo mais chill e com uns toques de R&B à la Prince. Já faixas como “Opening Night” vão cair mais para o lado de uns Temper Trap com toques eletro funk inspirados nos anos 80, com baixos aos saltos e uma inexplicável sensação que temos de mexer os ombros.
Será talvez o maior elogio a Pure Luxury. Um disco que é impossível ouvir de ponta a ponta sem dar ao pé.
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