Paisagens e lugares (ruas, cidades, países) sempre foram inspirações artísticas. Na música não é diferente; muitas bandas famosas mencionam países ou cidades. Em termos de canções, é possível encontrar absolutamente de tudo um pouco – faixas inspiradas por situações ocorridas em um determinado lugar, lembranças, histórias fictícias, causos de turnês, canções de protesto, tributos, etc. Para essa seleção, o critério foi escolher faixas que mencionam apenas o nome do lugar no título, sem outros termos. O ouvinte é convidado a lembrar de outras faixas (há muitas) com esse tema na seção de comentários.
Crosby, Stills, Nash & Young – “Carry On” – Ohio [1970]
Essa icônica faixa saiu apenas em compacto, no lado B da maravilhosa faixa de abertura do álbum Déjà-Vu, “Carry On”. Contém um claro protesto cantado a 4 vozes e afinação grave das guitarras, retratando os 4 mortos em um protesto pelo fim da guerra do Vietnã ocorrido em Ohio/EUA. Outra coincidência é que o incidente ocorreu no dia 04 de maio de 1970. Era um período bastante turbulento nos EUA e várias reações violentas aconteciam de ambos lados. A composição de Neil Young captou bastante da emoção do momento – em cerca de 3 semanas a música e a letra estavam prontas e em poucos takes sua poderosa versão final foi produzida. Posteriormente, a faixa foi relançada em compacto, sendo dessa vez o lado A. Reações controversas aconteceram por conta do explícito teor político; enquanto parte do público usou a canção como bandeira e bradava com elas nos shows, algumas rádios baniram a faixa de suas programações. Dave Crosby, anos depois, afirmou se ressentir por ter capitalizado em cima da morte de estudantes inocentes.
Led Zeppelin – “Kashmir” – Kashemira [1975]
Uma das faixas mais ousadas do Led Zeppelin e de todo o rock da década de 70, sem exageros, presente em Physical Graffitti. “Kashmir” contém um clima inigualável, sendo a orquestração perfeita de uma trilha sonora imaginária para as remotas paisagens da Kashemira, uma região nas fronteiras da Índia, Paquistão e China. Todos os 4 zeppelins estão impecáveis na faixa – John Paul Jones é o maestro, John Bonham é a estaca precisa que fundamenta esse edifício musical, Robert Plant adorna a música com uma linha vocal surpreendente e Jimmy Page é a liga metálica que envolve todos esses elementos. Quem nunca se imaginou passeando pela Kashemira ao ouvi-la, que questione o poder dessa música.
Bob Dylan – “Mozambique” – Moçambique [1976]
Uma bela e despretensiosa música do repertório de Bob Dylan. Faixa do essencial Desire, de 1976, tem vocais divididos com a maravilhosa vocalista Emmylou Harris e um esperto violino tocado por Scarlet Rivera. Seu andamento mediano, a letra que trata de um leve romance no país africano, e os arranjos caprichosos tornam a faixa extremamente agradável até para aqueles que tem certa resistência a Bob Dylan. É engraçado imaginar que Dylan tente cruzar algo do folk/country norte-americano com o cenário de um país africano. A tentativa de fazer algo mais swingado dentro desse estilo fica até interessante, mas dá a impressão de que a menção a Moçambique foi feita mais como cenário da imaginação do compositor.
Van Halen – “Panama” – Panamá [1984]
A potente faixa que se tornou clássica no repertório do Van Halen, não faz exata menção ao país caribenho, mas sim a um carro de corrida chamado Panama Express. Dave Lee Roth se sentiu motivado a escrever sobre isso porque uma jornalista o criticou por escrever apenas sobre mulheres, farras e carros velozes. Contudo, Roth percebeu que nunca tinha escrito sobre carros velozes até então! Enfim, o Van Halen naquela época era pura diversão e muita distorção. Em termos musicais, temos em “Panama” tudo que o Van Halen faz de melhor – riffs marcantes, cozinha peso pesado, vocais sacanas e refrões pegajosos. A faixa faz parte de um dos principais da discografia do Van Halen – 1984.
The Cult – “New York City” – Nova Iorque [1989]
O The Cult estava na crista da onda na ocasião, mantendo acessa a chama de um hard rock direto e sem frescuras naquele fim de anos 80. A faixa está no lado B do álbum Sonic Temple, um de seus principais trabalhos. A letra retrata o cotidiano frenético da grande metrópole americana e o bizarro maquinário de trabalho e sucesso da cidade; na letra também há menção ao assassinato de Jonh Lennon, ocorrido 9 anos antes na cidade. Musicalmente, todo esse caos é trazido pela urgência dos riffs e da levada de bateria, além dos vocais esganiçantes de Ian Astbury.
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