sábado, 11 de março de 2023

Disco Imortal: Faith No More – Album of the Year (1997)

 Álbum imortal: Faith No More – Álbum do Ano (1997)

Slash Records/Reprise Records, 1997

Foi o 'quase' adeus ao Faith No More, o último disco dos anos noventa e onde iam passar muito tempo sem editar nada. Para nossa sorte, seus fãs, a banda voltou em 2015 com "Sol Invictus", descartando a ideia de um cessar-fogo definitivo do rock, mas um fogo que foi guardado por muito tempo, já que muitos de nós pensávamos que o FNM havia feito seu grande final de registro com esta placa.

Foi um álbum de canções mais simples, não tão contundentes, mas o que sempre marca a veia FNM é a variedade musical e estilística, aqui houve uma certa elegância nas composições, mas sem deixar de lado o fator experimental e a agressividade animal do quinteto desta vez com Jon Hudson fazendo sua estreia na guitarra, que ocuparia o lugar deixado por Dean Menta (que estava apenas na turnê do superlativo antecessor 'King for a Day... Fool for a Lifetime') até hoje.

A entrada com 'Collision' é certa. Hudson entrou totalmente na composição e esta é a primeira música de sua colheita no álbum, forte e direta. A sua marca pesou no álbum, que foi gravado no home studio do baixista Billy Gould e onde temos várias peças que já são clássicos do FNM: 'Last Cup of Sorrow' mantém aquela decadência cinematográfica, sob alguns riffs devastadores e a voz de Patton sob distorção, uma das faixas mais brilhantes do álbum, sem dúvida.

O álbum soube encontrar o seu contraste, por um lado tínhamos aquela loucura insana de 'Got That Feeling' ou 'Mouth to Mouth', que nos lembravam os sítios do Sr. Bunglescos, mas por outro tínhamos a beleza do bom uso de eletrônicos e atmosferas em 'StripSearch', um som que a banda não tem explorado muito, surpreendente, volátil, enorme.

Se falamos de cinema, há “Caminhos da Glória” com uma densidade abismal que recria aquele grande filme de Stanley Kubrick do final dos anos 50, falando sobre o que realmente é bravura e covardia na guerra e tudo o que isso implica; 'Helpless' é outra preciosidade que se move furtivamente e com sons enormes em crescendos e que encontra Patton, Bordin e Gould num nível subtil e sublime de composição.

A impecável 'Pristina' foi escolhida para o encerramento, ecoando a turbulência na Iugoslávia como pano de fundo para a história de uma dolorosa separação de amantes durante a guerra. 'Home Sick Home' tem um groove impressionante, e novamente essa coisa meio Spaghetti Western e muito cinéfila se insinua no som da banda, tudo encorajado, sem dúvida, por um especialista na área como Patton.

Impossível também não citar talvez o 'hit' mais reconhecido como 'Ashes to Ashes', uma música enorme, uma das primeiras compostas pela banda, que mandou a música para Patton que estava na Itália naqueles anos e que era o ídolo do microfone conseguiu encaixar de forma simples e perfeita e em pouquíssimo tempo. Outro clássico instantâneo.

Um álbum que nos deu tempo suficiente para provar o que era para ser o fim da banda como a conhecemos, e claro, com o tempo tornou-se mais um álbum que soa cada vez mais clássico e imortal.

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