quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Resenha: "Onze" de Lazuli, a maestria neo-prog francesa está de volta. (2023)


É bom conhecer bandas novas, essa resenha é do ponto de vista de quem nunca ouviu falar dessa banda, que raramente ouve música em francês. Lazuli é um grupo que começou em 1998. O nome ONZE refere-se ao fato de que esta é sua décima primeira edição. Um de seus integrantes, após sofrer um acidente que o deixou incapaz de tocar violão, inventou um instrumento, o Leode, sendo ele, Claude Leonetti, seu criador, o único que conseguiu tocá-lo.

Silloner des océans de viniles (5:03): a banda inicia seu disco em ¾ de um ritmo e som de rock suave e hipnótico, acordes um tanto tristes mas divertidos em uma longa mas interessante escala decadente no final, um loop de 4 acordes e final.


Sad Carnival (5:03): canção de um menino que passou vergonha em sua escola, o uso do tremolo fazendo parte da melodia medrosa, final inesperado, (alto uso de Groove progressivo).


Qui d'autre que l'autre (4:35): nota de pedal abre espaço para algumas guitarras que se aproximam como fumaça flutuante, abre um ritmo muito do blues, um groove crescente, bem ritmado. Há uma força quase sexual que espera e reaparece. 

Egoïne (5:22): O som tem um sentido de protesto e início de uma viagem, só que a letra é sobre um carvalho que foi perturbado por palavras e piadas como uma serra. Um refrão e a guitarra fazem uma melodia a world music na banda.

La lagune grise (5:21): Uma onda de música em tons leves, quase como um triste hino de viajantes do mar. A letra é linda, descrevendo 2 almas vagando e dançando ao lado de seus corpos. Grandes instrumentistas, ritmos dinâmicos dentro do que acontece.

Parlons du temps (5:04) uma música estimulante, nota pedal e muitas impressões nessa rede de acordes pendentes. O piano apóia o convite para falar de coisas importantes, como o clima, nossas ações passadas, nossas esperanças de viver em um mundo muito diferente de como era antes por não ouvir e parar no tempo.

Le Pleureur sous la pluie (5:04): letra muito poética e sensível, a música me faz imaginar uma criança, que já chorou na chuva sem ninguém perceber, a música entra baixinho, mas presença, eu sinto que é um jeito de acompanhar um caminhante que se entretém com o sentimento de solidão. 

Les mots désuets (3:08): um violão e a voz bastam para mostrar que o cavalheirismo é antiquado, obsoleto e que ninguém presta atenção nas palavras de outrora.

La bétallère (4:06): desta vez o grupo pisa com uma canção de protesto pelos animais que vivem e morrem nas piores condições possíveis, a música é pesada, mas com um toque bem típico da banda, com som de orquestra simulada , o trítono sugere a perversão dos açougueiros. 

Mille rêves hors de leur cage paroles (6:20): o som traz uma leveza agradável, volta um pouco ao som comum da banda, sempre mostrando aquelas passagens de esperança musical, um final mais ativo com solos de bateria. 

Le grand vide (5:11): a existência é uma dualidade de sensações, ser e não ser ao mesmo tempo, tão cheia de estímulos, mas também carente deles. Esta é uma música onde o piano é o instrumento principal, numa valsa que simula as batidas do ar e da incerteza. 

Este é um disco bastante estimulante na sua composição, os arranjos são muito leves e atraentes, acompanham e por vezes conduzem a emoção que circula em cada canção. As emoções musicais são muito variadas, não é nada chato. Como um falante de espanhol ouvindo um rock neo progressivo em francês é muito interessante, ainda mais lendo suas letras e comparando com a língua espanhola, o francês tem uma métrica diferente quando se trata de rimas. O termo world music lhes cai muito bem, projetam uma trajetória de 11 álbuns (10 estudos e 1 unplugged) onde converge toda a sua experiência. Um trabalho impecável e muito emotivo, nada a invejar aos grupos que se podem comparar no seu som, é normal querer dizer "parecem este ou aquele grupo" mas se for atento aos detalhes, os músicos sabem como para dar um toque único que cria um som de grupo,

 

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