Ano: 2023
Selo: Temporary Residence
Gênero: Pós-Rock, Instrumental
Para quem gosta de: Mogwai e MONO
Ouça: Ten Billion People e It's Never Going To Stop
Não se deixe enganar pelo título adotado pela banda: End (2023, Temporary Residence) está longe de ser o último trabalho de estúdio do Explosions In The Sky. Mais recente disco de inéditas do quarteto formado por Chris Hrasky, Michael James, Munaf Rayani e Mark Smith, o registro de sete faixas diz a que veio logo na introdutória Ten Billion People. Pouco mais de seis minutos em que o grupo texano não economiza nos detalhes. São incontáveis camadas de guitarras, texturas ocasionais e batidas que parecem seguir uma estrutura marcada, mas que aos poucos transportam o ouvinte para um universo de novas possibilidades.
Mesmo longe de parecer uma novidade para quem há tempos acompanha o trabalho da banda, vem desse senso de imprevisibilidade e esforço continuo do grupo em romper com qualquer traço de conforto a real beleza do repertório de End. Segunda canção do disco, Moving On funciona como uma boa representação desse resultado. Embora curta quando próxima de outras composições reveladas pelo quarteto ao longo do material, chama a atenção do ouvinte a riqueza de detalhes e diferentes mudanças de percurso nos pouco mais de quatro minutos da canção. É como uma interpretação talvez simplificada daquilo que o Explosions In The Sky havia testado no início dos anos 2000, quando apresentou algumas de suas principais criações.
Claro que esse maior dinamismo em nada interfere na produção de composições marcadas pelo forte aspecto contemplativo. É o caso de Loved Ones. Concebida em meio a delicadas camadas de guitarras e ruídos ocasionais, a faixa avança em uma medida própria de tempo, como um aceno para o repertório entregue em The Earth Is Not a Cold Dead Place (2003). E a comparação não vem por acaso, afinal, foi justamente nesse trabalho que a banda deu início à parceria com o produtor John Congleton, que volta agora a colaborar no primeiro álbum de estúdio do quarteto texano desde o bom The Wilderness (2016).
Esse mesmo direcionamento contido volta a se repetir com a chegada de Peace Or Quiet. Talvez livre do mesmo refinamento explícito no restante da obra, a faixa de seis minutos segue em um ritmo lento, mas não menos cativante, ambientando o ouvinte. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais interessante com a composição seguinte, All Mountains. Contida em uma audição inicial, a música aos poucos ganha forma e cresce, valorizando cada mínima inserção dos instrumentos. Pouco menos de oito minutos em o quarteto faz o que sabe de melhor dentro de estúdio: jogar com a interpretação do ouvinte.
Passado esse momento de maior agitação criativa, The Fight traz de volta o mesmo recolhimento explícito em outras composições ao longo da obra, porém, utiliza disso como um preparativo para o que se projeta de forma ainda mais turbulenta minutos à frente. São as mesmas texturas e bases de guitarras aplicadas em músicas como Loved Ones, porém, partindo de uma abordagem essencialmente grandiosa. Mais de seis minutos em que o quarteto vai de um canto a outro de forma sempre imprevisível, como uma soma de tudo aquilo que integrantes da banda têm incorporado em estúdio desde a já citada canção de abertura.
Escolhida como música de encerramento, It’s Never Going To Stop preserva na mesma medida em que perverte uma série de elementos incorporados pelo Explosions In The Sky ao longo do trabalho. Com os pianos em primeiro plano, as guitarras surgem agora como um elemento complementar, estrutura que ainda se engrandece pelo uso de pequenas experimentações com a música eletrônica. É como um espaço aberto à experimentação em que o quarteto preserva a própria identidade e ainda aponta a direção para o futuro, prova de que o “fim” explícito no título da obra é apenas o princípio de uma nova fase do grupo.
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