A fórmula do ritmo kraut com a humanidade funk está mais afinada que nunca, neste terceiro disco dos suíços Klaus Johann Grobe

Nestas lides musicais desde 2012, os Klaus Johann Grobe são dois suíços que se apaixonaram pelo kraut e pelo funk e que apostam no cruzamento impossível entre estes dois mundos. Entraram no radar Altamont ao segundo disco, de 2016, e dão-nos agora o terceiro capítulo desta aventura sonora.

Tendo andado em digressão um pouco por todo o mundo (fazendo muitas primeiras partes dos Unknown Mortal Orchestra ou dos Temples, por exemplo), os rapazes parecem ter afinado ainda mais o lado dançante e rítmico da sua música. No passado, o seu kraut muito próprio nunca andava muito longe do formato canção, e assim continua. A diferença é que agora os tempos médios com toques de funk e jazz surgem acompanhados por ritmos mais rápidos, buscando paisagens que também possam funcionar numa noite de dança (por exemplo, em “Der Koenig” ou “Von Gertern”, o que quer que estas palavras signifiquem). Também em “Out of reach” encontramos ecos dos !!!, cortesia de um baixo incontrolável, viciante e descaradíssimo, enquanto noutros momentos nos lembramos vagamente dos momentos mais swingantes dos Metronomy.

No entanto, as raízes da exploração inicial não desapareceram, e estão em apontamentos como “Sintemal 1” ou “Sintemal 2”, a lembrar algumas coisas dos primeiros discos dos Kraftwerk. Já em “Du + Ich” ou no single de avanço “Discogedanken”, o protagonismo do baixo é repartido com os sintetizadores vintage a que os Klaus Johann Grobe nos habituaram, e que estão de facto no ADN da banda desde sempre.

A fama das actuações deste suíços ao vivo já correu muitos quilómetros, mas ainda não tivemos a fortuna de os ver por cá (e o facto de cantarem exclusivamente em alemão dá-lhes um charme irresistível mas poderá fechar algumas portas). Pela escuta de Du Bist So Symmetrisch, seria um espectáculo a prometer muito ritmo, muito funk e muitas belas viagens de exploração espacial. Esperamos que esta lacuna seja preenchida em breve.

Até lá, ficamos com mais esta deliciosa fatia de bateria, baixo, voz e sintetizadores, um som retro-futurista cada vez menos maquinal e mais humano.