segunda-feira, 23 de setembro de 2024

CRONICA - EUMIR DEODATO | Prelude (1973)

Uma das figuras essenciais do jazz latino brasileiro. Nascido em junho de 1941 no Rio de Janeiro, Eumir Deodato começou a tocar acordeão aos 12 anos e dois anos depois ao piano. Depois de tocar em vários grupos, experimentou com sucesso os arranjos no início dos anos 1960, oferecendo seus serviços a Marcos Valle e Wilson Simonal no início de suas carreiras. Em 1964 formou o combo Os Catedráticos que lançou 3 LPs de bossa nova. Ao mesmo tempo iniciou carreira solo no mesmo registro. Em 1967, a pedido do violonista Luiz Bonfá, mudou-se para Nova York para escrever arranjos para seus discos. Ao longo do caminho, Eumir Deodato se consolidou como arranjador e produtor do selo CTI especializado em jazz. Isto permitiu-lhe colaborar com artistas como Frank Sinatra, Astrud Gilberto, Aretha Franklin, Wes Montgomery, Paul Desmond, Roberta Flack… Entretanto tornou-se fã do piano eléctrico Fender Rhodes.

Em setembro de 1972 gravou um álbum para o CTI, impresso em janeiro, que seguiu sob o nome de Prelude . Oportunidade de internacionalizar sua música, ele é apoiado por uma infinidade de músicos: o baterista Billy Cobham, o guitarrista John Tropea, o percussionista Airto Moreira, o conga Ray Barretto, os baixistas/contrabaixistas Ron Carter e Stanley Clarke…

O apelo deste disco é atualizar certos temas clássicos como “Prelude To The Aftermoon” de Claude Debussy (“Prelude to the Afternoon of a Faun”) que começa com uma flauta sonhadora, um contrabaixo pensativo e um piano melodioso para rapidamente transformar-se em jazz funky cheio de tropicalismo e terminar como começou. O mesmo vale para “Baubles, Bangles, & Beads” do musical Kismet de Charles Lederer e Luther Davis para uma peça de exotismo despreocupado.

Mas a versão mais espetacular e ousada é “Também Sprach Zarathustra (2001)”, de Richard Strauss (“Assim Falou Zaratustra”), popularizada pelo longa-metragem de 2001, Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick. Aqui Eumir Deodato nos dá uma versão jazz funk com groove poderoso para uma odisseia cósmica da bossa nova. 9 minutos de groove intenso onde o Fender Rhodes nos intoxica. Os bombardeios de metais retomam a melodia grandiosa e pomposa, bem reconhecível num estilo soul. Mas é John Tropea quem se destaca com ritmos sincopados e luminosos solos latinos.

Outra atração, “13 de Setembro” composta com Billy Cobham para um jazz funk tropical urbano que cheira a noites quentes entre o Harlem e as favelas do Rio. Aqui, novamente, John Tropea faz um excelente trabalho perseguindo Jimi Hendrix.

De resto deparamo-nos com o desencantado e nostálgico “Spirit of Summer” com orquestrações majestosas e também com “Carly & Carole” em homenagem a Carly Simons e Carole King para um samba frívolo.

O sucesso estará lá. Um dos maiores sucessos do CTI, Prelude vendeu rapidamente mais de um milhão de cópias. Mais tarde, com o surgimento do hip hop, certas sequências seriam amostradas mais especificamente de bateria. Para Eumir Deodato é o reconhecimento internacional que lhe permitirá ser produtor de Kool & The Gang.

Bom para pistas de dança, "Also Sprach Zarathustra (2001)" tornou-se um sucesso, ficando em segundo lugar na Billboard Hot 100 em março de 1973. Um ano depois recebeu um Grammy na categoria "Melhor Performance Instrumental Pop".

Além disso, Prelude terá impacto na trajetória do jazz fusion. Enquanto se buscava musicalmente, Herbie Hancock foi convidado pelo compositor brasileiro para ouvir uma demo de Prélude . Para o tecladista afro-americano este é o caminho a seguir.

Títulos:
1. Also Sprach Zarathustra (2001)
2. Spirit Of Summer
3. Carly & Carole
4. Baubles, Bangles And Beads
5. Prelude To Afternoon Of A Faun
6. September 13

Músicos:
Eumir Deodato: Piano, Piano Elétrico
Ron Carter: Contrabaixo, Baixo
Stanley Clarke: Baixo
Billy Cobham: Bateria
John Tropea, Jay Berliner: Guitarra
Airto Moreira: Percussão
Ray Barretto: Congas
John Frosk, Marky Markowitz, Joe Shepley, Marvin Stamm : Trompete
Wayne Andre, Paul Faulise, George Strakey, Bill Watrous: Trombone
Jim Buffington, Peter Gordon: Trompa
Hubert Laws, Phil Bodner, George Marge, Romeo Penque: Flauta
Harvey Shapiro, Seymore Barab, Charles McKracken: Violoncelo
Max Ellen, Paul Gershman, Emanuel Green, Harry Lookofsky, David Nadien, Gene Orloff, Eliot Rosoff, Emanuel Vardi, Al Brown: Violino

Produção: Creed Taylor



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