São canções com cobertura de açúcar, mas um interior agridoce. As Hinds estão mais crescidas mas o disco ainda não é um total amadurecimento, mantendo a confusão dos primeiros anos da idade adulta, a irreverência, os picos de energia e os baixos de cansaço expressos em cada palavra.

Formada em 2011, a banda espanhola chega agora com o segundo trabalho de estúdio. Um disco que mantém a frescura e boa disposição do primeiro trabalho, Leave Me Alone, mas onde as letras são mais profundas e as canções deixam de ser apenas sobre felicidade para assumirem uma faceta mais combativa.

“The Club”, logo a abrir, tem a guitarra ligeira, o ritmo a cheirar a protetor solar e a por do sol no carro mas palavras mais obscuras. As Hinds cantam sobre amor mas sobre o desconforto, a confusão e todos os sentimentos estranhos que o amor (ou o que vem antes do amor) traz.

“Linda” expressa este sentimento, sendo uma faixa mais calma, a transbordar de antecipação (como cantam no refrão “The detonation of the satisfaction / when you ring my bell / and I wanna be / Ready for your smell”, variando para “hell”, porque, de facto, pode dar para os dois lados – e não também sobre essa incerteza que as Hinds cantam?).

São canções com cobertura de açúcar, mas um interior agridoce. As Hinds estão mais crescidas mas o disco ainda não é um total amadurecimento, mantendo a confusão dos primeiros anos da idade adulta, a irreverência, os picos de energia e os baixos de cansaço expressos em cada palavra.

Em “Finally Floating” temos Ana e Carlotta a cantar ao desafio, numa toada desconexa, quase desafinada, e tornada ainda mais confusa pelo agudo da guitarra. Semelhante, a fechar, “Ma Nuit”, com um ligeiro dedilhar de guitarra (que podia ser espanhola mas fica a meio caminho) e uma voz ao longe, abafada, como se as Hinds tivessem ficado cansadas da euforia e desafio de todas as faixas anteriores – de tal forma que alteram o espanhol com o inglês, numa nova amálgama confusa.

O que de negativo se pode apontar a este disco é que as canções não variam muito. Soam a Hinds, é certo, mas não variando nenhuma delas fica verdadeiramente na memória. A banda tenta experimentar duetos, sobreposições e instrumentos fortes mas falta coerência e uma produção mais cuidada para que a ideia efetivamente resulte.