Indie pop colorido e brincalhão. Sabe a calipo de morango numa noite de Verão.

Os Superorganism são uma banda mas mais parecem uma pousada da juventude: oito miúdos de várias nacionalidades que vivem todos ao molho num apartamento em Londres. Deste ambiente de promiscuidade, nasceu um bonito disco de indie pop, mas agora ninguém sabe quem é o pai. A mãe, a japonesa Orono Nogushi, não se parece ralar: passa a vida a cantar pela casa com a sua voz blasé de adolescente entediada. Tem dezassete anos, cerca de um metro e meio e usa toda a discografia dos Pavement para chegar às prateleiras mais altas. As melodias são frescas como limonadas e caóticas como o Beck de Odelay. É tudo ao molho e fé em Deus: batidas de hip-hop, guitarras shoegaze, samples de vídeo-jogos, tomates cherry.

Mas o grande feito estético deste disco está no seu poder de transformar notas musicais numa explosão de cores. Contam-se pelos dedos os que na história da pop conseguiram dominar esta técnica de salto sensorial: os Beach Boys em Good Vibrations, os MGMT em Oracular Spectacular, poucos mais. Os Superorganism não só repetem a magia como a adaptam à geração Z (aqueles que aprenderam a dizer “instagram” antes de “pai” e “mãe”).

Há muito tempo que não ouvíamos um disco tão divertido, tão despretensioso, tão contemporâneo.

Tão bom. Música rebentando na retina, outra vez.