Ao quinto disco, e primeiro homónimo, os X-Wife montam uma festa dos diabos, num trabalho com produção e malhas irrepreensíveis. Que venha o Verão, que a banda sonora já chegou.

Depois de um interregno pouco habitual na sua carreira, os X-Wife regressam finalmente com um novo disco, desta feita homónimo, ao quinto capítulo da sua discografia.

As coordenadas que fizeram deles uma das mais coerentes e interessantes propostas musicais portuguesas estão aqui todas. A impecável fusão entre rock e electrónica, o permanente jogo da guitarra e dos teclados, o ritmo como caminho para a salvação.

Em X-Wife, o que recebemos são dez temas coesos, dando sentido ao sentido que faz, em 2018, ainda se lançarem álbuns, e não apenas umas investidas digitais aqui e ali. De igual forma, o nível é consistentemente elevado entre as músicas, como uma festa que não morre.

Pegando nesta deixa, festa é um mote apropriado para este trabalho. Positivo, bem-disposto, ritmado, acelerado, gingão, soalheiro. Ouçam-se malhas infalíveis como “Boom Shaka Boom”, a bem-humorada “Coconuts” (cantada em espanhol!) ou a já conhecida “Movin’ Up” (que, com a sua guitarra a la Clash, foi tema do videojogo Fifa) . Há também espaço para um ou outro tema mais exploratório como “Sweet Paranoia”, que pega na matriz clássica dos LCD Soundsystem.

No geral, X-Wife é um disco muito coeso e notoriamente bem trabalhado, desde as camadas de electrónica aos coros certeiros, numa produção absolutamente impecável.

O que se ganha em coerência, naturalmente, perde-se um pouco em diversidade, é certo. E, aqui e ali, no meio de tanto sol, sentimos saudades de algum negrume nocturno que também cimentou o som e a personalidade dos X-Wife. Mas, caramba, perante tanto ritmo e tanta boa onda, temos mesmo de procurar alguma coisa para nos queixarmos?