Odeon Hotel é a nossa Lisboa atravessando a rua, indo do que foi para o que será. Velha e nova. Antiga e aberta. Triste e solar.
Qual é o segredo da arte dos Dead Combo? Simples: confundirem-se, numa feliz mania das grandezas, com a sua própria cidade. A fórmula é infalível. Como poderia Odeon Hotel não ser belo, mestiço e cosmopolita se ele é a própria Lisboa vendo-se ao espelho? Ora vejamos.
Reflectida no Tejo, Lisboa envaidece-se com o fado que traz no peito. E logo os dedos de Tó Trips escorrem destino e saudade.
Lisboa sorri ao ver numa poça de água o seu bonito cabelo crioulo encrespado. E logo Alexandre Frazão desenha ritmos africanos com o lápis preciso das suas baquetas.
Na selfie do seu smartphone, Lisboa gaba-se dos seus turísticos olhos cor-de-mar. E logo o jazz aproveita para beijar na boca o surf-spaghetti-rock.
Odeon é a nossa Lisboa atravessando a rua, indo do que foi para o que será.
Velha e nova. Antiga e aberta. Triste e solar.
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