Ao terceiro álbum (segundo como Preoccupations, depois da propalada mudança de nome de Viet Cong, em 2016) a banda canadiana baixa as linhas e permite-nos entrar mais facilmente na sua sonoridade.
Para alguém cujo som já foi descrito como “pós-punk labiríntico”, há que admitir que New Material é mais acessível do que os anteriores Preoccupations (2016) e Viet Cong (2015). O lado melódico é mais melódico (passe o pleonasmo), a voz não fica tão à parte dos restantes elementos, as primeiras audições são mais fáceis. Mas continuam a ser uma banda fora do seu tempo, incomum, excitante. Tal como uns Joy Division os foram na sua altura.
Ouça-se “Disarray” para perceber que colocar o rótulo acima não é tão estapafúrdio como à primeira vista pode parecer. São descendentes puros da banda de Ian Curtis, também criando universos densos dentro de cada música, de entrar e nos perdermos por ali. Falta o lado mais pessoal, onde Curtis recorria mais às emoções, Flegel (vocalista e mentor da banda) opta por dilacerar temas mais mundanos – apenas numa música, “Manipulation”, aparecem laivos de experiências pessoais, relacionamentos. Que correram mal, como poderiam facilmente depreender.
O que não é tão fácil perceber, é por que raio não estão no alinhamento de nenhum festival nacional para 2018. É mais um daqueles casos, onde incluo os Protomartyr, os Ought, Jonathan Wilson, Nap Eyes, que não se percebe porque não há nenhuma mente iluminada que os vá buscar e mostrar ao público nacional.
Ainda há bandas que fazem do pós-punk o seu modo de vida. Resta-nos agradecer aos Preoccupations a preocupação com o nosso bem-estar.
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