Para uma banda, sobreviver à morte de um vocalista é quase impossível, mais a mais se o cantor for uma figura icónica, como era o caso de Scott Weiland. Sobreviver à morte de dois vocalistas, é coisa para lá de rara – é caso de persistência, resistência, gosto pela música. Os Stone Temple Pilots foram buscar Chester Bennington, que viria a falecer no ano passado, já depois de sair da banda. Em 2018, o grupo regressa, com nova voz – mas no registo de sempre.
Por partes: “Stone Temple Pilots” não é um disco inventivo, parece até algo deslocado no tempo, não necessariamente datado mas indubitavelmente voltado quase exclusivamente para espíritos saudosistas do rock norte-americano dos anos 1990. A boa nova é que, no meio do conforto e da previsibilidade há aqui excelentes canções, energia, uma banda em boa forma.
“Middle of Nowhere”, logo no arranque, parece ser um retrato do que o corpo sonoro dos STP – o guitarrista Dean DeLeo, o baterista Eric Kretz e o baixista Robert DeLeo, – terá sentido por várias vezes. Mas Jeff Gutt, recrutado a um daqueles concursos de talentos televisivos dos quais pouco esperamos, parece trazer segurança a canções que seguem a linha de sempre dos norte-americanos: rock intempestivo (é escutar as cinco primeiras faixas, disparos de metralhadora sem pausas para respirar), aqui e ali intercalado com faixas mais pausadas e centradas na guitarra acústica (ótimas “Thought She’d be Mine” e “The Art of Letting Go”).
Às vezes mais vale uma boa descarga de honestidade que muita pompa e circunstância envoltas em redundância. “Stone Temple Pilots” é um bom disco. Toca a passar a ferro as camisas de flanela.
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