Os Breeders regressam com um disco sólido e no qual a sua voz é encontrada sem qualquer dificuldade, embora faltem malhas que prometam ficar na história do indie-rock.
Um disco dos Breeders já é um acontecimento por si, porque a produção editada tem sido esparsa para os anos que a banda já leva de existência. Mas este, All Nerve, é ainda mais preenchido com significado. É o primeiro álbum em dez anos (e o quinto da sua história); marca a reunião do histórico line-up de Last Splash, de 1993; e é o primeiro capítulo gravado de Kim Deal depois de ter saído, agora acredita-se que tenha sido de vez, da sua “outra banda”, os incontornáveis Pixies, que aparecem com energia renovada.
Kim partiu necessariamente para este disco como para uma prova de vida. Sem margem para dúvidas, este é o seu caminho na música, agora.
Na verdade, os Breeders rapidamente afirmam o seu som de sempre. Mais, em relação aos que os Pixies fizeram nos últimos dois discos – em que parecem demasiado empenhados em “soar a Pixies”, os Breeders vestem a sua pele com uma naturalidade refrescante. O baixo forte e pulsante, a bateria nervosa e criativa, a guitarra cortante e o tom inconfundível de Kim Deal, diletante, real e fresco, como sempre.
All Nerve é, assim, um disco que não fica abaixo de muitos dos restantes álbuns da banda, exceptuando o monumento indie-pop-rock que foi o já mencionado Last Splash. Despachando a questão do som da banda, facilmente conquistado, sobra o resto: e o material? E aqui as coisas não são tão simples.
São 11 canções, comprimidas nuns económicos 33 minutos. E se o disco possui uma coerência assinalável, a verdade é que faltam aqui um ou dois hinos maiores que a vida, que elevariam All Nerve para um patamar superior.
Depois de um arranque enérgico com “Nervous Mary” e “Wait in the car”, as coisas acalmam e ficam até mais negras, como por exemplo em “Walking with a killer” e “Dawn: Making an effort”. Nada de errado com isso, mas acabam por faltar ideias inspiradas, refrões (aaaaaaa….olá, Frank Black) contagiantes, algo que faça destes temas verdadeiros clássicos.
Ainda assim, um bom e sólido disco de rock alternativo, marcando o regresso de uma banda que soa confiante e segura de quem é e de qual é o seu legado e o seu caminho.
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