quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Review: Vuur - In This Moment We Are Free: Cities (2017)

 



O Vuur marca o retorno de Anneke van Giersbergen ao metal. Não que ela tenha se afastado do gênero, vide os discos que gravou ao lado de Devin Townsend, porém a banda é a primeira a contar com a liderança de Anneke a explorar o peso desde que ela deixou o The Gathering.

Mais de dez anos depois, a cantora está ao lado de um grupo formado totalmente por músicos holandeses, sendo eles Jord Otto (guitarra), Ferry Duijsens (guitarra), Johan van Stratrum (baixo) e Ed Warby (bateria). Além desses nomes, Anneke contou com a parceria de Mark Holcomb (guitarrista do Peryphery), Esa Holopainen (guitarrista do Amorphis) e Daniel Cardoso (multi-instrumentista, integrante do Anathema) na composição das músicas. Fechando, a produção deste primeiro disco foi assinada por Joost van den Broek, que também participou do processo de composição.

In This Moment We Are Free - Cities é o disco de estreia do Vuur e será lançado mundialmente no próximo dia 20 de outubro. O álbum sairá no Brasil pela Hellion Records algumas semanas mais tarde. Trata-se de um trabalho meio conceitual, com onze músicas que falam sobre liberdade e sua relação com diferentes cidades ao redor do planeta. As letras relatam as experiências e sensações de Anneke ao passar por estas metrópoles, incluindo o Rio de Janeiro em “Freedom - Rio”.

Musicalmente, o que temos é um metal com uma sutil pegada progressiva e abordagem bastante contemporânea. Os vocais de Anneke são o destaque óbvio, como não poderia deixar de ser. Apenas para comparação, há uma certa similaridade com o que Tarja Turunen vem fazendo em seus discos mais recentes, porém com bem menos vozes operísticas. O peso é constante e traz consigo um excepcional trabalho de guitarras, outro ponto que salta aos ouvidos durante a audição do álbum.

Alguns reviews gringos apontaram o fato de que o tracklist é bastante homogêneo e apresenta poucas variações. Isso realmente acontece, mas não chega a ser um problema, pelo menos no meu modo de vista. Gostei bastante do trabalho de composição, há uma proliferação de canções com andamento moderado e sempre calçadas em bons riffs, o que me agradou. Além disso, o Vuur ainda trilha caminhos mais calmos e contemplativos, e o principal exemplo dessa faceta é “Freedom - Rio”, uma linda canção que é um dos melhores momentos de In This Moment We Are Free. Na mesma linha, “Valley of the Diamonds - Mexico City” e “Reunite! - Paris” também diminuem o ritmo e andam por caminhos mais suaves.

Talvez o ponto que tenha levado alguns escribas norte-americanos e europeus a considerarem o disco apenas mediano seja justamente o vocal de Anneke. Ainda que isso possa parecer estranho, o fato é que a holandesa, reconhecidamente uma das mais belas vozes femininas do metal, não apresenta muitas variações não só no modo de cantar mas também nas próprias linhas vocais que cria ao longo do disco. Enquanto o instrumental vem com ideias diferentes a cada canção, Anneke parece repetir as mesmas soluções em diversos momentos do disco, e isso incomoda um pouco.

Entretanto, In This Moment We Are Free - Cities é uma boa estreia e mostra uma banda com enorme potencial para gravar discos ainda mais fortes no futuro. Este primeiro álbum vale a audição, e os próximos certamente valerão ainda mais.







Review: A Olívia - Jardineiros de Concreto (2017)

 



A Olívia é uma banda formada em São Paulo em 2013 e que conta com Luis Vidal (vocal e guitarra), Mateus Albino (guitarra), João Carvalho (baixo) e Murilo Fedele (bateria). A proposta do quarteto é tocar rock, ideia que o primeiro disco, Jardineiros de Concreto, entrega com sucesso.

São onze faixas que apresentam um trabalho de composição bem resolvido, resultando em canções sem excessos e momentos desnecessários. O grupo coloca influências brasileiras em sua sonoridade, mas sem cair na armadilha de batucadas e instrumentações exóticas. “Arruda" é um bom exemplo disso, onde a banda explora a riqueza musical do nosso país, mas sem exagerar na dose.

De modo geral, dá pra classificar o som d’A Olívia como indie rock, porém a banda não traz o ar pedante da maioria dos nomes do estilo. Os caras não querem revolucionar nada, apenas almejam fazer um som. E esse ar despretensioso acaba sendo um dos maiores acertos em Jardineiros de Concreto.

Entre as faixas, destaque para “Arruda”, “Carne Crua”, “Festa de Merda”, “Briga de Bar” e "Bartolomeu", todas com letras que exploram situações do cotidiano e mostram uma banda com grande potencial e os dois pés fincados no chão.

Boa estreia, vale a audição!






Review: Heavenless - Who Can’t Be Named (2017)

 



Formado em 2015 em Mossoró, no Rio Grande do Norte, o Heavenless está lançando o seu primeiro disco, Who Can’t Be Named. E, sinceramente, se você gosta de metal deveria olhar com atenção para o trio formado por Kalyl Lamarck (vocal e baixo), Vinícius Martins (guitarra) e Vicente Andrade (bateria).

A praia da banda é o thrash metal, agressivo, rápido e cheio de variações. Com influências que vão de nomes clássicos como Exodus e Destruction e passam por ícones conterrâneos como o Sepultura, o Heavenless mostra em seu primeiro disco um trabalho digno de nota.

Who Can’t Be Named traz nove músicas, todas bastante diretas e extremamente agressivas - a exceção é “The Reclaim”, que inicia com um andamento mais calmo e meio doom para a partir de sua metade cair na pancadaria habitual. 

Baseando a sua música nos bons riffs construídos por Vinícius e na criatividade percussiva de Vicente (perceba a inserção das viradas de bateria na linha do que Iggor Cavalera fez no clássico Roots, por exemplo), o Heavenless consegue mostrar uma personalidade própria, ainda que em evidente construção. O vocal de Kalyl soa sempre caótico e amedrontador, característica muito bem-vinda em uma banda com a proposta musical do trio. Percebe-se uma certa influência do black metal norueguês em algumas passagens de guitarras, o que dá um toque ainda mais macabro à música do Heavenless.

Distante dos principais centros consumidores de heavy metal do Brasil, o Heavenless mostra um trabalho sólido e muito competente, com força para evoluir muito e que, mesmo assim, já deixa clara a capacidade criativa do trio potiguar.

Se você é fã de thrash metal e quer conhecer uma boa banda nacional do estilo, vai curtir pra caramba o trabalho do Heavenless.




Beggars Opera - Pathfinder

 



Este é um dos dois melhores álbuns que o Beggasr Opera fez. Às vezes me lembra Deep Purple e outras vezes Caravan ou Camel. A faixa de abertura, "Hobo", é mais um número de rock comercial, depois um ótimo cover de "Macarthur Park", onde a versão do Beggar's Opera brilha e parece ser o principal destaque do tecladista Alan Park, a faixa-título é um grande destaque e "From Shark To Haggis", onde a primeira parte tem uma sensação sinistra, mas monótona, e a segunda parte consiste mais em uma série de danças de rock. A única parte decepcionante do álbum é seu clímax: a última faixa começa bem, mas descamba para uma execução furiosa e sem objetivo.

Ouvi isso rapidamente e não resistiu ao teste do tempo.

Pathfinder me parece uma produção muito sugestiva e uma obra injustamente desvalorizada, então, para lhe fazer justiça, vou resgatá-la do esquecimento e dar-lhe o valor que ela merece, porque me parece uma obra digna de ser considerada dentro de tudo o que se geria naquela época; Nos remotos anos 70 muitas bandas começaram a se consolidar e mergulhar nas ondas progressivas, Beggars Opera começou sua jornada por essas planícies com ACT ONE um álbum poderoso que adaptava peças clássicas a pastiches de prog rock conseguindo que toda aquela essência explodisse de uma forma fabulosa, era interessante e emocionante ouvir esse álbum. Algum tempo depois, com um terceiro lançamento (Pathfinder), a banda optou por uma postura mais "pesada" dentro do que queria mostrar, essa pretensão progressiva não era mais perceptível mas o som se mantinha em forma e isso lhe dava um toque ainda mais especial, era um álbum mais simples mas efetivo e cada música dentro do que dava conseguia conectar bem com o ouvinte e isso vale a pena valorizar e reconhecer. A Beggars Opera sempre soube estar no mesmo nível.

O LP teve a graça de se desdobrar e virar um mega pôster

Minhas impressões com o Pathfinder sempre foram de vê-lo como bom, o álbum nunca me passou uma sensação ruim ou pareceu algo chato, mesmo tendo perdido um pouco daqueles ares pomposos - isso já era perceptível desde o começo do segundo álbum - ainda mantinha a centelha de magia, por isso sempre considerei esse álbum mais CULT que o Act One, na verdade esse é o verdadeiro álbum CULT da banda porque o Act One supera tudo e se projeta como uma VERDADEIRA OBRA-PRIMA. Voltando ao álbum, posso dizer que o considero muito correto, digerível, envolvente, encantador e que não decai nem perde a graça, as composições estão em um nível médio e conseguem ter um bom ritmo, músicas como From Shark to Haggis ou The Witch são obras brilhantes da época e peças incríveis de prog rock. A execução vocal está como sempre no topo, nem muito forçada, nem muito extravagante, embora haja coros e elementos que fazem de tudo um espetáculo a ser considerado, músicas como Madame Doubtfire são experiências deliciosas cheias de toda aquela onda borbulhante da Beggars Opera com coros, risos e progressões de poder, tudo uma loucura que chega a 1000. A base instrumental aqui permanece impecável, o som é refinado, poderoso e carrega bem, talvez no nível de estruturas e composições eles sejam um pouco fracos, mas podem ser bem manuseados a ponto de o ritmo recompensá-lo bastante, cada músico sabe como carregar bem o swing, e como sempre aqui os teclados são peças-chave e o melhor suporte, pois não decaem, os outros instrumentos se encaixam bem e conseguem criar peças muito dinâmicas e esse é o valor agregado. Um álbum muito poderoso e encorpado, um pouco distante da pompa progressiva, mas 100% eficaz.

Há aqueles que descrevem este álbum como um absurdo, outros o consideram o melhor álbum da banda, e outros simplesmente o apreciam em um nível padrão. De minha parte, considero este álbum como uma nova entrada em um campo de evolução onde pouco se perde, mas muito se ganha . Estou entre aqueles que consideram o trabalho um trabalho padrão com potencial porque é o que é, um ÁLBUM CULT de ponta a ponta.

Mini fatos:
*Este é o último álbum do Beggar's Opera a apresentar Martin Griffiths (vocalista) e Raymond Wilson (baterista), pois Martin Griffiths (depois que o álbum foi lançado) teve uma hérnia em um show enquanto eles tocavam Poet and Peasant, e decidiu deixar o grupo. E Raymond Wilson também saiu mais tarde.
 
*No álbum, eles fizeram um cover de uma música escrita por Jimmy Webb, mas tocada por Richard Harris, MacCarthur Park, e é a faixa mais longa do álbum, a música dura oito minutos e vinte segundos.
 
*Beggar's Opera para este álbum teve um som mais forte, adaptando-se a uma ligeira mudança para Hard rock com mais elementos de música progressiva. Foi gravado em 1970 com músicas calmas e de estilo clássico como MacCArthur Park. Músicas de hard rock como From shark to haggis, Madame Doubtfire e The Witch, e mudanças constantes na tonalidade, ritmo e atmosfera musical como Stretcher, Hobo e Pathfinder.


01. Hobo
02. MacArthur Park
03. The Witch
04. Pathfinder
05. From Shark to Haggis
06. Stretcher
07. Madame Doubtfire      






Socrates - Phos

 




Se você se considera um "conhecedor de heavy prog dos anos 70", pare de elogiar bandas superestimadas e cansativas como Uriah Heep ou Atomic Rooster e grave uma cópia desta obra-prima!... Uma verdadeira obra-prima do rock clássico!!!!...

Se eu tivesse que escolher um disco para representar a cena de rock grega dos anos 70, esse disco seria "Phos"... Isso é o que eu chamo de "art rock"...

Hoje abordamos um álbum CULT que tem um peso histórico na Grécia, já que o "trinômio do poder" formado por Antonis Tourkogiorgis, John Spathas e George Tradalidi se une ao mítico Vangelis para dar vida a uma criatura chamada Phos (terceiro álbum de "Socrates Drank the Conium", também conhecido naquela época como Sócrates), o que é uma produção muito marcante. Vangelis participou aqui como um apoio importante dentro das estruturas do álbum. Ele se torna produtor, percussionista, tecladista e compositor da música "Every Dream Comes To An End", portanto a presença do músico consegue produzir um plus interessante dentro da performance do álbum. O Sócrates já vinha fazendo seus "truques" desde os tempos do "germe psicodélico" então a banda tinha um conceito muito amplo dentro das posturas ácidas, das abordagens lançadas em direção ao Rock/Blues e também transitava por muitos terrenos, mas com o Phos a nova proposta consegue ser uma aproximação a um tipo de rock progressivo muito efetivo ainda que às vezes um tanto simplista, porém as contribuições de Vangelis e a efetividade da banda conseguem fazer uma boa alquimia e nela se pode apreciar uma aura muito positiva. O álbum faz muito bem o seu trabalho, e te envolve com o que oferece e de certa forma se torna uma boa experiência. Talvez ele erre em algumas coisas e não se projete de forma mais radical ou pesada, mas sua performance tem algo de mágico.

Na minha opinião, é um álbum delicado que traz sonoridades muito próximas do folk, da música eletrônica antiga e da música sinfônica, por isso o ecletismo é absoluto e o álbum se torna uma obra de caráter camaleônico que de certa forma é eficaz com sua proposta. Sem ir muito longe e sem ser uma obra-prima, ela alcança um bom status, por isso quem escuta Phos poderá ter uma boa viagem, já que ela não fica lenta, nem piegas ou cafona. É uma obra de boa qualidade que captura paisagens sonoras e melancolia. Os arranjos estão à altura e a performance instrumental é perfeita. Vangelis se projeta muito bem com o que toca, cada instrumento vibra com ele e de alguma forma consegue dar personalidade ao álbum. Sem dúvidas, este é um daqueles álbuns "estranhos e obscuros" que merecem ser ouvidos com a devida atenção de vez em quando. Não é uma obra para todos, mas aqueles que conseguirem chegar perto de Phos terão algo para lembrar em suas mãos. Até mais.

Minidados:
*Socrates, assim como Aphrodite's Child, gravou para Vertigo e Polygram, e foi provavelmente lá que a banda entrou em contato com Vangelis. Mais tarde, devido ao destino, ambos se tornariam parte de Phos.

*Naqueles anos (75/76) o estúdio de gravação de Vangelis ainda estava sendo construído, então o músico reservou um tempo no Orange Studios, o estúdio era pequeno, mas tinha uma localização central. Foi lá que ele conheceu Keith Spencer-Allen, um engenheiro de som no Orange Studios que mais tarde se tornaria seu assistente no Nemo Studios (centro de gravação de Vangelis). Vangelis não só produziu este álbum no Orange Studios, mas também um álbum com a cantora grega Mariangela intitulado simplesmente Mariangela.

*Embora o álbum tenha sido gravado em 1975, o LP foi lançado pela primeira vez em 1976 na Grécia e nos EUA. A capa dos EUA tinha uma capa amarela com uma imagem da cabeça de uma estátua, enquanto a grega tinha uma capa diferente e simples, era uma colagem de fotos dos três membros da banda. Nenhum single foi lançado. O primeiro CD foi lançado na Grécia em 1993 pela Vertigo e mais tarde relançado na Coreia do Sul pela Si-Wan Records. Ambos têm a capa de colagem. Em 1998, a Vertigo relançou uma edição remasterizada do álbum, apresentando a arte da capa da estátua. Um single do álbum aparentemente também foi lançado na Grécia.


01. Starvation
02. Queen of the universe
03. Every dream comes to an end
04. The bride
05. Killer
06. A day in heaven
07. Time of pain
08. Mountains





Pappo's Blues - Triangulo



O quinto álbum de blues de Pappo, "Triángulo", é uma coleção de hard rock dark e baseada em blues, incluindo seis faixas, ou cinco, se considerarmos ambas as partes do pretensiosamente intitulado "Hubo distancias en un curioso baile matinal" como uma única música (o que realmente é, é claro). As capas frontal e traseira do álbum (incluindo um texto pseudofilosófico e hermético sobre triângulos) dão ao disco uma aura enigmática, que é confirmada com a estrutura impenetrável, tipo jam band, da maioria das músicas, e coroada por "El buzo", um instrumental acústico com vocalizações fantasmagóricas e tintura barroca. "Triángulo" provavelmente não é o melhor álbum de Pappo, mas definitivamente é um dos fascículos mais intrigantes de sua carreira singular, configurando um cenário quase astral ao longo de seus 34 minutos, noturnos, previamente visitados.

A própria demonstração de Pappoland. Inacessível para o usuário de blues, isso é magia negra Pappo!!!

No final de 1974, Pappo's Blues entrou em estúdio para gravar uma aventura de ritmo acelerado chamada "Triángulo" . Este quinto álbum da banda abraça uma postura um tanto experimental, na qual você pode apreciar os traços de seus trabalhos anteriores, MAS agora seu Hard Blues apresenta uma leve atmosfera progressiva manchada com psicodelia. Essa nova postura da banda me parece apropriada para a época; era natural buscar aquelas pegadas vanguardistas e experimentais/improvisadas. No Triangulo você pode apreciar 3 pontos importantes: 1) mudanças de ritmos , 2) engenhocas psicodélicas e 3) improvisação ácida . Com esses 3 pontos o álbum ressoa bastante e adquire uma nova dimensão, diferentemente de seus trabalhos anteriores Triangulo soa mais aventureiro e sua evolução e maturidade são perceptíveis, aqui se aprecia um conceito mais puxado para o som PESADO e embora eu possa estar errado, sinto que este trabalho está à frente de seu tempo (Pappo sempre esteve à frente de seu tempo) portanto adquire um valor agregado que o catapulta para se tornar uma obra CULT.

Triangulo foi um álbum que chegou até mim em um estágio bastante "frutífero" em minhas incursões musicais, talvez   por isso a magia que encontrei aqui tenha sido produto de um prelúdio chamado "PAPPO'S BLUES: 71-75" e é por isso que me apaixonei por essa performance poderosa e ácida, é um álbum mais pesado e menos inclinado ao lado do Blues; Aqui, abrem-se caminhos pelas veias da psicodelia pesada e surgem alguns lampejos que cheiram a futuro. Como eu disse, a performance deles é mais focada em uma postura mais psicodélica, embora ecos do blues estejam presentes e de certa forma dão bastante substância ao álbum. A obra em si é muito emocionante e repleta de toda a lisergia da época. Este álbum é, sem dúvida, uma odisseia e um rico beta para mergulhar nos fundamentos dos ecos do futuro. Minhas impressões são boas, é uma boa experiência, e a sessão não quebra muito, talvez o final do álbum seja um pouco pesado, sua linha psicodélica e sua proposta insurgente saturam, mas no resto é suportável, músicas como Malas Compañías ou Mírese Adentro são grandes clássicos que fazem da viagem uma experiência bastante agradável e prazerosa, sem dúvida o melhor do álbum para mim. Um álbum altamente recomendado, pois apresenta boas mudanças de ritmo, guitarras afiadas e uma ótima performance instrumental. Até mais.  

Minidados:
*Para Triangulo, Daniel Eduardo "Fanta" Beaudoux estaria no baixo e Eduardo Garbagnati no bumbo duplo.

*Após terminar as gravações, Pappo viajou de volta para a Inglaterra, onde ficou por dois anos. Em Londres, ele trabalhou como lavador de vidros e descobriu um porão que servia como espaço de ensaio. Embora não tivesse dinheiro para alugá-lo, ele ficou depois de concordar com o proprietário em manter o local. Lá ele testemunhou a formação do Motörhead.

01.Malas compañías
02.Nervioso visitante
03.Mírese adentro
04.Hubo distancias en un curioso baile matinal (Parte I)
05.Hubo distancias en un curioso baile matinal (Parte II
06.Buzo







NEW TROLLS - Atomic Sistem

 



Álbum bastante bom do RPI, apresentando a complexidade esperada do gênero, tendências clássicas e sentimento romântico. Compará-lo com os trabalhos anteriores também melhora as coisas - Vittorio De Scalzi sempre me pareceu o membro mais fraco da dupla criativa dos Novos Trolls, e eu não esperava gostar tanto deste. No entanto, isso ainda é claramente de segunda categoria. E terminar com a língua inglesa "Butterfly" não ajuda. As letras em italiano são igualmente idiotas?


Não há melhor maneira de entrar completamente em "ISTO" do que com uma obra italiana, e o fato é que sua "ARTE" tem bastante charme, mesmo suas pequenas obras são grandes experiências sonoras que deixam a gente em êxtase com tanta parafernália orquestral e sentimentalismo, NT Atomic Sistem é um exemplo claro do acima, pois apresenta uma performance INCRÍVEL, a banda consegue capturar aqui uma opulência bárbara: "Elegância envolta em uma partitura sonora que nos seduz em torrentes".

Uma música de altura, sofisticação e delicadeza é o que pude sentir neste álbum, seu conceito tem uma forma definida e aqui o "título" de SYMPHONIC ROCK está bem definido, portanto sinto que esta peça carrega muito dessa vaidade, os italianos souberam transitar muito bem por aqueles rios progressivos esvoaçantes e isso, meus amigos, pode ser sentido muito bem, embora eu deva confessar que não é uma obra tipicamente italiana, sua execução bebe muito da influência britânica (Yes, King Crimson, Jethro Tull), e esse detalhe para o meu gosto consegue tirar um pouco do peso do álbum, mas CUIDADO isso não significa que a percepção da obra mude porque no final sua natureza permanece intacta, a única coisa que varia aqui é que o "sabor" às vezes se dilui dentro da execução removendo aquele traço de identidade nacional, álbuns como Alpha Taurus ou o homônimo Banco Del Mutuo Soccorso são claramente obras MAIS PURAS nessas questões de execução, mas bem, minhas opiniões que não devem importar muito quando se trata de experimente esta JOIA.

Voltando ao assunto em questão, devo dizer que ouvir esse álbum novamente foi uma experiência muito agradável. Não tenho lembranças muito vivas dele, mas agora que retornei ao antigo equipamento e sentei para ouvi-lo com todo o tempo do mundo, parece-me um álbum muito bem "construído", cheio de mudanças de andamento, arranjos agudos, passagens orquestrais, sintetizadores, grandiloquência e explosões efusivas dessa vaidade progressiva. Como já mencionei, ele tem uma performance incrível e aqui o “título” de ROCK SINFÔNICO fica bem definido. Foi certamente uma jornada muito agradável, embora às vezes um pouco agitada. Devo admitir que houve algumas músicas que foram difíceis para mim (especialmente a faixa Butterfly ), mas no final das contas é um álbum que cumpre seu objetivo. Com isso quero dizer que é fácil de ouvir, não sobrecarrega e consegue ser "divertido". E embora muitos considerem esta obra superestimada, para mim ela é merecida, de PESO, talvez não tão completa ou tão conhecida como Ys, Io Sono Nato Libero e/ou Per Un Amico. De minha parte, não o vejo como superestimado, mas sim exagerado ou sobrecarregado com parafernália progressiva, o que não é ruim, mas às vezes tanta "brincadeira" fica pesada, e o produto parece muito "artificial". Na minha opinião, menos desperdício progressivo teria sido mais adequado. Mas repito: "foi uma experiência muito agradável".

NT Atomic System é um álbum bastante tradicional dentro das linhas progressivas, e um trabalho ambicioso sob qualquer ponto de vista, talvez seja menos reconhecido que o lendário Concerto Grosso Per I ou o “Heavy” UT, MAS no final das contas é outra dessas joias progressivas que sobreviveram ao tempo e se tornaram CULT e é por isso que eu queria reivindicá-lo, pois merecia um lugar especial neste blog. E agora posso finalmente dizer: MISSÃO CUMPRIDA, CAMARADA. Até mais.

Minidados:
*No final de 1972, após a saída da UT, os New Trolls se separaram, o motivo sendo "o próximo passo da banda". Vittorio De Scalzi queria ir para o progressivo italiano tradicional, enquanto Nico de Palo queria que a banda se tornasse mais pesada e assumisse uma postura mais Hard Rock. Esse choque de visões resultou na separação dos New Trolls. De um lado estava o NT Atomic System, a banda de Vittorio de Scalzi que foi para o progressivo clássico, e do outro estava o Ibis, a banda de Nico de Palo, que se inclinava para um som mais pesado.

*O álbum nasceu em uma época de mudanças, após a chegada de um novo projeto no qual o eco do The New Trolls ainda podia ser sentido, este trabalho nasceu sob a sombra do que era THE MYTHICAL BAND, Vittorio De Scalzi nunca teve a intenção de chamar a banda de NT Atomic System, sempre considerou um erro chamá-la assim, mas devido a questões de gravadora e direitos autorais, foi lançado com esse nome, algo semelhante aconteceu com o primeiro lançamento do Ibis, que saiu com o nome dos 4 membros e como cover uma grande incógnita, em 1974 o Ibis assumiu o nome, e em 1975 o New Trolls surgiu novamente, a banda seria composta por: Vittorio de SCALZI (guitarra, vocal), Nico di PALO (guitarra, vocal), Ricky BELLONI (guitarra, vocal), Frank LAUGELLI (baixo) e Gianni BELLENO (bateria, vocal).

*O New Troll foi escolhido como banda de abertura dos Rolling Stones nas datas da turnê deles na Itália. Pouco depois, eles lançariam seu single de estreia, "Sensazioni" (1967).


01. La Nuova Predica Di Padre O'Brien
02. Ho Visto Poi
03. Tornare A Credere
04. Ibernazione
05. Quando L'Erba Vestiva La Terra
06. Butterfly






The Flock - Dinosaur Swamps

 



Talvez ainda melhor do que sua estreia, este apresenta um som do tipo semi-fusão com violino elétrico e alguns instrumentos de sopro, além de incorporar leves influências de soul também.

A Columbia Records incluiu a faixa Big Bird em um de seus discos de amostra; jogada inteligente, ainda me interessa até hoje e adoro a arte da capa

 Um álbum muito bom e uma banda muito boa, daqui veio o brilhante violinista Jerry Goodman para tocar com John McLaughlin e sua Mahavishnu Orchestra. De Goodman, recomendo o álbum que ele gravou com Jan Hammer (outro ex-Mahavishnu) intitulado "Like Children" de 1974.
Saudações Baldo!
Sérgio

Bom Sergio, Like Children é um trabalho péssimo, como recomendação procure por "Seventh Day of Creation", do Hammer, que diz no envelope: "Este álbum não tem guitarras elétricas", um pequeno chute para McLaughlin. This Dinosaur é um ótimo álbum. Comprei a capa quando tinha 10 anos em uma feira de usados ​​no final dos anos 70. Obviamente foi por causa da capa. Ouvi-a vinte mil vezes num velho toca-discos mono. É uma daquelas coisas que tocam profundamente, pelo menos é a lembrança que tenho dela quando criança. Eu o perdi quando me mudei há mil anos. Ouvirei com ouvidos adultos e deixarei um comentário atualizado. Vamos ver o que acontece com a peneira do tempo...

Um álbum muito peculiar e fascinante que tem tantos detratores quanto apoiadores. Os críticos descrevem este álbum como um trabalho irregular, que perde muito do foco do primeiro álbum e que de certa forma não convence muito devido ao caráter experimental de sua performance, enquanto os defensores descrevem este trabalho como maduro, complexo e o ponto alto do desenvolvimento da banda, levando Dinosaur Swamps à estratosfera, pois o consideram uma interessante manifestação do ecletismo progressivo devido à sua mistura de estilos divergentes e sua postura experimental. De minha parte, estou com os apoiadores porque vejo esse trabalho como uma reinvenção da banda para alcançar um novo conceito e uma proposta fresca dentro de tudo o que se manifestava naquela época . Talvez um pouco da performance original tenha se perdido e aqueles sons antigos e poderosos tenham se diluído, mas o álbum ganhou muito em termos de estrutura. Portanto, é uma obra a ser considerada se você quiser mergulhar nessas águas turbulentas, mas CUIDADO: o álbum pode surpreender, pois também pode lhe dar uma impressão mais simples do que você esperaria encontrar, isso vai depender do seu gosto e inclinação para o ecletismo.

Dinosaur Swamps foi uma odisseia para mim. Desde o começo, a atmosfera te envolve e te imerge em uma boa vibe, a performance consegue estar em um bom nível e a execução instrumental é excelente, especialmente com o violino de Jerry Goodman e os metais avassaladores, que dão um toque mais elegante e poderoso ao som do The Flock. Para esta ocasião a banda se projeta em um tom mais camaleônico e mais próximo do terreno do rock progressivo eclético, embora eu deva dizer que é um álbum estranho, pois sendo este de cunho eclético e progressivo, em sua performance não demonstra muito dessa postura, por minha parte pude apreciar neste álbum algo mais atrelado ao "Crossover Prog" mas bem isso já é meu estilo, voltando às impressões do caso, devo dizer que uma das coisas que mais me chamou a atenção neste álbum foi sua marcante combinação de estilos. Aqui encontraremos, por exemplo: Psicodelia, Jazz, Funk, Blues&Rock, Country Rock, Brass Rock e Progressivo. Tudo isso está muito comprometido com uma variedade de fusões que atinge um certo fascínio quando se começa a ouvir com toda a atenção do mundo. A influência progressiva é perceptível, as explosões de tempo e os arranjos um tanto complexos fazem parte daquele momento, portanto como eu disse a banda reinventa seu som, e se afasta de sua postura Jazz Rock/Fusion, é por isso que os mais puristas veem esse trabalho como uma grande decepção porque as fusões, mixagens e experimentações vêm à tona enquanto a postura natural do Jazz Rock se desvia para uma tangente e passa para outro plano. Na minha opinião , um álbum corajoso que nos dá uma nova abordagem, um som mais atraente e uma performance mais original. Com seus prós e contras, o álbum nos deixa satisfeitos. Talvez alguns vejam isso como uma obra CULT, outros talvez como uma obra que trai seus princípios ao pular na onda do momento.  Seja o que for, é um álbum com 8 bolas. Até mais. 

 Curiosidades:
* O violinista Jerry Goodman mais tarde se juntou à Orquestra Mahavishnu.
 
*O álbum foi lançado no México ao mesmo tempo que nos EUA…
 
*A Columbia Records incluiu a música Big Bird como um hit promocional que foi bem recebido, foi uma boa estratégia, já que o single virou um EP que hoje é considerado uma dessas raridades muito procuradas pelos colecionadores.


01. Green Slice
02. Big Bird
03. Hornschmeyer's Island
04. Lighthouse
05. Crabfoot
06. Mermaid
07. Uranian Sircus






Aretha Franklin – I Never Loved A Man The Way I Love You (1967)



“I never loved a man the way I love you” é o primeiro de seus álbuns lançados pelo selo Atlantic, e pode-se dizer que é sua obra suprema. É um conjunto de grandes canções que entraram para a história como verdadeiros clássicos, encabeçadas pela indestrutível “Respect”.

Quando Aretha deixou a Columbia para assinar com a Atlantic, o produtor Jerry Wexler decidiu trazer à tona toda a alma que havia nela. O primeiro single que gravaram para a Atlantic foi “I never loved a man the way I love you” , para o qual tiveram o acompanhamento de The Muscle Shoals, no Alabama, embora a sessão de gravação da música tenha sido adiada. fim em Nova Iorque. Esta música foi endossada por muitos críticos como uma das grandes canções de soul. O single fez sucesso nas rádios, mas mais ainda foi “Respect” — cover de um single que Otis Redding havia gravado em 1965 — com o qual Aretha se consolidou definitivamente. A música foi gravada no Atlantic Studios, em Nova York, em 14 de fevereiro de 1967. A versão original de Redding foi complementada por uma ponte e um solo de saxofone de King Curtis .

Em 10 de março de 1967, o álbum foi lançado, contendo os dois singles anteriores, além de músicas como a versão da canção de Ray Charles “Drown in my own tears” . Mas Aretha também contribuiu para este álbum como compositora, com as músicas “Don't Let Me Lose This Dream”, “Baby, Baby, Baby, Save Me” e “Dr. “Feelgood (O amor é um negócio sério)” .

É produzido por Jerry Wexler , frequentador assíduo de Aretha e responsável por seu som anterior na gravadora Columbia. Não contém nenhuma colaboração vocal, exceto os backing vocals das irmãs Franklin (Carolyn e Erma).





terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Aretha Franklin – The Gospel Soul Of Aretha Franklin (1957)



Aretha Franklin é uma das gigantes da soul music em particular e da música do século XX em geral. Nascido em 25 de março de 1942 em Memphis. Ela ganhou 19 prêmios Grammy, incluindo o “Legend Award” em 1991. Em 1987, ela foi a primeira mulher a ser introduzida no Hall da Fama do Rock and Roll , e em 2005 a revista Rolling Stone a classificou em 9º lugar entre os “100 Maiores Artistas de Todos os Tempos”. “Tempo” melhores artistas de todos os tempos” ; sendo a primeira mulher da lista.
O estado de Michigan (EUA) declarou sua voz um “tesouro natural” e ela foi a primeira mulher negra a aparecer na capa da revista Time.

Suas raízes no evangelho são profundas. Com suas irmãs Carolyn e Erma, ela cantou na igreja de seu pai, o reverendo C.L. Franklin, em Detroit. De fato, sua primeira gravação (que apresentamos aqui) foi feita aos 14 anos de idade. Em 1960, ela viajou para Nova York para fazer aulas de técnica vocal e dança. Durante esse tempo, ele começou a gravar demos para enviar às gravadoras.

Este álbum foi gravado originalmente em 1956 e lançado um ano depois. Apresenta belas canções do gênero cantadas (acompanhando-se ao piano) pela criança prodígio que mais tarde se tornaria uma das melhores cantoras de todos os tempos.

Lista de faixas:

01. There Is A Fountain Filled With Blood
02. Precious Lord (Part 1)
03. Precious Lord (Part 2)
04. You Grow Closer
05. Never Grow Old
06. The Day Is Past And Gone
07. He Will Wash You
08. White As Snow
09. While The Blood Runs Warm
10. Yield Not To Temptation



Aretha Franklin – The Great American Songbook (2011)



Aretha Franklin é – nem preciso dizer – uma das gigantes da soul music e compartilhamos alguns de seus trabalhos  . Mas ele também se aventurou em outros gêneros ao longo de sua carreira. Com este álbum, no qual ela aborda clássicos da música americana, Aretha demonstra mais uma vez por que ela é uma das maiores cantoras de todos os tempos. De padrões de jazz a clássicos do bebop e gospel, sua voz nos transporta a um nível de simples prazer. Não só pelas melodias, mas pela forma como elas são transformadas pela voz de Aretha . Estão presentes Billy Strayhorn, Cole Porter, Irving Berlin, os irmãos Gershwin, Oscar Hammerstein, Johnny Mercer, Jerome Kern e Hank Williams . Mas acima de tudo, está Aretha Franklin , mais uma vez…




Arcade Fire – Funeral (2004)



“Arcade Fire” é uma banda canadense composta pelo cantor, guitarrista, baixista e pianista Win Butler, um americano do Texas, sua esposa, a multi-instrumentista e cantora Régine Chassagne (bateria, xilofone, piano, sintetizadores) o guitarrista Richard Parry, o baixista Tim Kingsbury e o multi-instrumentista Will Butler, irmão de Win. Eles são acompanhados por outros músicos especializados em instrumentos de corda.
O grupo, influenciado por David Bowie, Talking Heads, Roxy Music e Flaming Lips, foi formado em Montreal em 2003, depois que Régine e Win se conheceram um ano antes em uma exposição de arte, quando Régine era estudante na Universidade Concordia.

Eles assinaram com a gravadora Merge Records e gravaram um EP autoproduzido e autointitulado, “Arcade Fire” (2003), que reuniu suas propostas experimentais de indie rock.

Em setembro do ano seguinte lançariam seu primeiro LP, “Funeral” (2004), álbum apresentado com o single “Neighborhood #1 (Tunnels)” que se tornou uma das revelações do ano.

“Funeral” é considerado por David Bowie, uma das principais referências sonoras do álbum, o melhor álbum de 2004. Pode não ser. Talvez sim. O certo é que este é um primeiro álbum fenomenal, altamente recomendado, envolto em tons frios e invernais, com grande riqueza instrumental e notável intensidade emocional na exposição de relações interpessoais e reflexões sobre a vida e a morte.

“Neighborhood#1 (Tunnels)” se desenrola com um conceito artístico, um tom épico e afetado com boas imagens e ímpeto sensorial, uma história de amor entre dois vizinhos que se comunicam através de um túnel para consumar seu relacionamento.
Apresenta uma alta densidade de texturas com um piano proeminente e um ritmo moderno em crescendo em seu andamento, com o uso de sintetizadores etéreos e cantos quase operísticos.

“Neighborhood (Laika)” foca em problemas familiares, apresentando um irmão mais velho muito problemático. Uma mistura energética de acordeão que lembra atmosferas francesas, acordes de guitarra e cordas cortantes, a peça, muito parecida com Talking Heads, é liderada por uma percussão tribal predominante. Os vocais são executados nos versos com harmonias estridentes.

“An Anne Without Light” parece usar a metáfora da escuridão e das sombras para abordar a cegueira de um pai que prefere não descobrir sobre o relacionamento emocional de sua filha. É um mid-tempo lindo, com uma atmosfera bem conseguida, com guitarras e vozes calmas e uma parte final de maior intensidade rock.
Apoio harmônico de Régine para um Butler semelhante a David Byrne, cantando partes dos versos interpretadas em francês.

Em “Neighborhood (Power Out)” há um contraste com o tema e a música. A letra parece reclamar de insensibilidade, frieza e conforto urbano, enquanto o ritmo instrumental é tudo menos frio.
O ritmo é muito energético, lembrando o New Order, e uma parede sonora construída com guitarras agitadas, uma bateria suave e um xilofone proeminente e cativante.

“Neighborhood (7 Kettles)” é uma gradação desiludida sobre o tempo e a escassa invariabilidade da vida. É uma balada melódica, uma canção folclórica orquestral com percussão estrondosa, que pode lembrar “Hunky Dory” de Bowie ou as peças acústicas do “Álbum Branco” dos Beatles.
Tem até um ar oriental com uma iteração sonora quase mantra.

“Crown of Love” é uma canção sobre um pedido de amor diante da indiferença e da falta de especificidade em seu objetivo sentimental. Esta é outra balada com arranjos de cordas, mais melodramática, que tanto parece uma valsa quanto lembra uma balada do final dos anos 50.
A canção culmina, numa mudança abrupta e surpreendente de registo, com uma coda animada que poderia ser assinada por O próprio ABBA.

“Wake up”, uma música de andamento médio com um riff de hard rock, acompanhamento orquestral e coros épicos, parece focar na perda da inocência infantil e na acomodação vital com um destino inevitável: a morte. Também muito ao estilo David Bowie.

Em “Haiti”, a voz principal é de Régine de Chassagne. É um corte com ares quentes do Caribe, até mesmo folk-pop à la Simon & Garfunkel, com um aspecto autobiográfico sobre a estadia da família do cantor no Haiti.

“Rebellion (Lies)” acelera o ritmo com uma magnífica e penetrante peça de art-rock centrada no sono (morte?) como uma fuga. O baixo forte marca o ritmo antes da entrada de um piano insistente e da voz de Butler com um progresso rítmico fenomenal, muito propício para dançar, com guitarras, pianos, bateria, sintetizadores e legados de Bowie, T. Rex ou Roxy Music.

O álbum fecha com “In the backseat”, canção cantada novamente por Régine (com estilo e voz muito próximos de Bjork) exibindo uma metáfora sobre o abandono de responsabilidades e riscos (morte de novo?) e permanência em segundo plano com viagens pacificamente no banco de trás de um carro enquanto outro dirige.
Uma balada vaporosa e sutil, com um tom melancólico, com um lindo violino de Sarah Newfield e a inclusão ocasional de algumas guitarras apaixonadas. Um tema que se torna mais pronunciado em todos os seus aspectos à medida que os segundos passam até atingir um clímax intenso.
Uma grande estreia.

***

Lista de faixas:

01. Neighborhood #1 (Tunnels)
02. Neighborhood #2 (Laïka)
03. Une Année Sans Lumiere
04. Neighborhood #3 (Power Out)
05. Neighborhood #4 (7 Kettles)
06. Crown Of Love
07. Wake Up
08. Haiti
09. Rebellion (Lies)
10. In The Back Seat




Antony And The Johnsons – Singles-B side and Duets (2008)




Um álbum que você não pode perder!

Não sei se você conhece Antony & The Johnsons. Fiz essa coletânea porque admiro muito essa cantora. Descobri isso há cerca de um ano e meio e fiquei fascinado. De 2000 até hoje, Antony gravou apenas dois álbuns e alguns singles. O primeiro álbum, “Antony & The Johnsons”, é praticamente perfeito, mas sua obra-prima absoluta é “I Am a Bird Now”, que para mim é o álbum mais lindo que ouvi nos últimos 10 anos. No começo eu não prestava muita atenção na música deles... digamos que eu gostava, mas ainda não tinha entendido o significado profundo de suas atmosferas mágicas. Esta coletânea contém quase todos os seus dois primeiros álbuns, além de alguns singles e duetos com Bjork, Marc Almond e Lou Reed, resultando em um projeto muito peculiar com Hercules & Love Affair, no qual ela até se aventura em peças de dança. Como faixa bônus, incluí (esperando não parecer presunçoso) um remix que fiz ano passado.
Espero que gostem.

(Texto em italiano nos “Comentários”)

Antony and the Johnsons é um grupo musical de Nova York liderado pelo cantor e pianista Antony Hegarty, que também é o compositor de todas as suas músicas. Mais do que um grupo no sentido clássico, o The Johnsons pode ser considerado a banda de apoio de Antony, que dá toda a personalidade ao projeto. O grupo era composto por Julia Kent (violoncelo), Todd Cohen (bateria), Jeff Langston (baixo), Joan Wasser (violino, voz e percussão), Maxim Moston (violino) e Rob Moose (guitarra e violino).
A personalidade do grupo está indiscutivelmente ligada à de Antony, cuja voz incomum o liga a artistas como Nina Simone e Aaron Neville, dos Neville Brothers. Sua música, que conta com acompanhamento de piano além da voz, o aproxima de gêneros como o jazz e o soul mais intimista. Suas letras também se caracterizam por abordar diversos aspectos da vida transexual, já que Antony se considera como tal. Algumas de suas músicas com esse tema são My Lady Story ou For Today I'm a Boy, nas quais um menino sonha em crescer e se tornar uma mulher.
O primeiro trabalho da banda, que leva o mesmo nome, foi lançado em 1998, depois que David Tibet, membro do Current 93, ouviu a demo e decidiu contratá-los para sua gravadora Durtro. Em 2001, eles gravaram um EP intitulado I Fell in Love with a Dead Boy, que chegou aos ouvidos de Lou Reed, que imediatamente recrutou Antony para colaborar em seu álbum de 2003, The Raven. O próximo EP do grupo, intitulado The Lake, seria seu primeiro lançamento pelo selo Secretly Canadian, e nele Reed mais uma vez colaborou com Antony em uma das músicas.
Seu segundo álbum, lançado em 2005 e intitulado I Am a Bird Now, se tornou um grande sucesso de crítica e abriu as portas para um público maior, alcançando a quinta posição nas paradas do Reino Unido. O álbum, além de uma nova colaboração com Lou Reed, também conta com a colaboração de colegas de mesma geração, como Rufus Wainwright e Devendra Banhart, e de seu ídolo adolescente Boy George, com quem ela faz um dueto na música You Are My Sister. Por este álbum, eles foram premiados com o Mercury Music Prize naquele mesmo ano, criando uma polêmica quando os Kaiser Chiefs, seus rivais pelo prêmio, declararam que Antony não deveria ser considerado um artista britânico, já que ele passou a maior parte de sua vida nos Estados Unidos. . . Além deste prêmio, ele também foi indicado ao prêmio de Melhor Cantor Masculino no Brit Awards e seu álbum apareceu em todas as listas de melhores álbuns de revistas de música, incluindo a publicação britânica Mojo, que o escolheu como álbum do ano.
Suas canções lhe renderam a admiração de muitas pessoas famosas, incluindo, além dos inúmeros artistas com quem colaborou, Dennis Hopper, Kate Bush e Laurie Anderson, que disse dele que todas as emoções do planeta estão em sua voz incrível.

***

Lista de faixas:

1. Hope there’s someone (single 2005)
2. My lady story (2005)
3. Men is the baby (2005)
4. Cripple And The Starfish (single 2000)
5. You are my Sister (with Boy George) (single 2005)
6. Bird Guhl (2005)
7. Deeper than love (2000)
8 I Fell in Love With a Dead Boy (single 2001)
9. Twilight (2000)
10. Fistfull of love (with Lou Reed) (2004)
11. The Lake (first version 2002)(ep Live at St Olaves Church London)
12. Rapture (2000)
13. The Dule of Desire (with Bjork) (2007)
14. Time Will (Hercules & Love Affair) (2008)
15. The ballad of the sad young men (with Marc Almond)(2007)
16. I wanna Know (with Lou Reed) (2003)
17. Atrocities (2000)
18. The Horror has Gone (b side The lake) 2004





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