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O segundo trabalho de originais de Julien Baker é um disco melancólico onde cada tema é uma luta.
Há uma melancolia e um sofrimento latente em cada palavra cantada por Julien Baker. Aos 22 anos, a cantautora norte-americana lança o seu segundo trabalho de originais, Turn Out the Lights, onde a cada tema luta com os seus fantasmas, inseguranças e ansiedades, o auto-conhecimento, a fé (ou a falta dela), a rejeição e a depressão.
Julien Baker dá-nos um disco difícil de digerir, intenso, em alguns momentos desconfortável e tão honesto que seria insuportável não fosse a excelente capacidade vocal de Baker, de um tom angelical e harmonioso que equilibra a tristeza das 11 faixas que rodam ao longo de 45 minutos.
“Over”, a abrir, tem apenas um minuto e meia e mostra logo o que podemos esperar. O piano é pesado, a fazer lembrar um filme antigo, e os violinos são de uma tristeza quase dramática que se vai tornando mais leve e ligeiramente esperançosa, numa passagem direta para “Appointments”, uma das canções incontornáveis deste álbum. Sempre segura na voz, quebrada mas estável, com os mesmos demónios repetidos ao longo do disco e as mesmas inseguranças
A partir daqui, é uma viagem melancólica entre a voz talentosa em “Turn Out The Lights” e “Shadowboxing”, alguma jovialidade em “Televangelist” e “Happy to Be Here”, onde os crescendos trazem um apontamento de positivismo ao estilo dramático de Baker. Em “Even” a guitarra acústica não precisa de mais acompanhamento além do discreto violino que entra apenas a meio. E, a fechar, “Claws in Your Back” liberta Baker da tensão estrangulada das músicas anteriores, como se antecipasse já o que podemos esperar no próximo álbum.
Baker disse publicamente que tentou conscientemente não escrever um disco demasiado triste, incluindo uma nota de esperança nas suas canções. E é verdade que se sente essa tentativa de trazer luz para um disco tão denso e pesado mas é impossível não sentir melancolia ao ouvir cada uma destas faixas.
Turn Out the Lights merece ser ouvido com atenção, escutando as letras e cada requebro de voz de Julien Baker, cada pedacinho de vidro a estilhaçar-se nas teclas do piano, passando a tristeza e o desconforto para descobrir a enorme fragilidade que Baker nos oferece neste trabalho.
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